Capítulo 2 - The Right Choice

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Eu caminhava apressada pelos corredores quase desertos de Hogwarts, a maioria dos alunos estava no Salão Principal acabando de almoçar, mas eu, como sempre, estava atrasada pois tinha me enrolado com os livros na aula de Adivinhação. Meus braços estavam abarrotados dos mesmos e eu pouco via por onde andava.
Avistei um vulto vindo correndo em minha direção, e rapidamente saí do caminho para não ser derrubada. Era Hugo, provavelmente ele tinha perdido algum doce ou estava com dor de barriga, sua boca estava suja de chocolate e em sua mão tinha um pacote de feijõezinhos de todos os sabores. Ele passou rapidamente por mim, sem aparentemente me notar, nada anormal.
Continuei por meu caminho distraidamente e não percebi que vinha outra pessoa na direção contrária.
– Hugo, espera! - Rose gritou passando bruscamente por mim, derrubando todos os livros de minha mão.
– Ei! - gritei irritada, mas ela já estava dobrando o corredor, como se não tivesse nem me visto.
Bufei indignada e me abaixei para pegar os malditos livros, xingando mentalmente minha querida prima.
Sem que eu percebesse duas mãos longas e pálidas vieram me ajudar a juntá-los, me entregando assim que nos levantamos. Peguei os livros, irritada e quando me virei para agradecer, o garoto de cabelos platinados já havia virado o corredor.
Custava esperar eu agradecer? Perguntei-me silenciosamente, com raiva.
Voltei a andar em direção as masmorras, furiosa, com o propósito de guardar os livros para, finalmente, poder almoçar. Por que o castelo tinha que ser tão grande? E as masmorras tão longe da torre de Adivinhação? E por que os malditos livros tinham de ser tão pesados?
Finalmente cheguei na passagem secreta que dava para o Salão Comunal da Sonserina.
– Ofidioglossia - murmurei a senha e adentrei o salão.
Estava praticamente deserto, apenas duas pessoas do 3° ano conversavam em um canto, alheios a mim. Fui até o dormitório e deixei os livros que não usaria mais hoje. Saí do quarto e atravessei o Salão Comunal, agora deserto, distraidamente.
Como se fosse ironia do destino, assim que eu passei pela passagem secreta alguém esbarrou em mim, pela segunda vez no dia. Estava preparada para xingar a pessoa quando escutei sua voz.
– Desculpe - Scorpius Malfoy murmurou e todos os xingamentos que estavam na ponta da minha língua desapareceram, se dissipando. Minha mente parecia entorpecida pela sua voz.
– Tudo bem - murmurei atordoada, e ele se virou para a entrada do Salão Comunal - Ei, espera! - falei alto e ele se voltou para mim.
Seus olhos metálicos me fitavam com uma leve curiosidade mas sua expressão era neutra.
– Obrigada - agradeci e ele me olhou sem entender - por antes, com os livros - expliquei.
Ele abriu um pequeno sorriso e assentiu com a cabeça, entrando no Salão Comunal.
Rapidamente cheguei ao Salão Principal, ou foi o que pareceu, pois meus pensamentos estavam naquele estranho e misterioso garoto, Scorpius Malfoy.
Sentei ao lado de AnnaBelle Nott, provavelmente minha única amiga de verdade em Hogwarts.
– Por que demorou tanto? - perguntou AnnaBelle com curiosidade.
Apenas dei de ombros e comecei a me servir. A fome, repentinamente, se fora. Meu estômago estava embrulhado e meus pensamentos sempre, de alguma forma, voavam de encontro aos olhos metálicos. Completamente irracional.
Ela entendeu que eu não estava afim de conversar e voltou sua atenção para o garoto sentado ao seu lado, eu o reconhecia vagamente, seu nome era Patrick Zabine, 6° ano.
AnnaBelle era, na minha opinião, a garota mais bonita da Sonserina. Possuía longos cabelos negros e expressivos olhos verdes, sua pele era branca e quando sorria, lindas covinhas apareciam em suas bochechas. O que eu mais admirava nela era sua capacidade de me compreender tão rapidamente, com apenas um olhar, e ela sabia quando não deveria forçar nada.
Olhei para a mesa da Grifinória, onde a maioria dos meus primos conversava e ria animadamente. Por um momento minha vontade era de ser da Grifinória, talvez assim meus primos não me tratassem como uma ninguém, e meus pais se orgulhassem de mim. Porém, eu me lembrava das palavras do chapéu seletor, enquanto eu esperava entediada ele anunciar que eu iria para a Grifinória:
"Vejamos, mais uma Potter. Grifinória seria o óbvio, mas concluo eu, é corajosa, leal, qualidades de uma verdadeira Grifinória, contudo, é astuta, ambiciosa, perseverante... Então, não vejo por que não ser SONSERINA."
Ás vezes eu me perguntava se aquele chapéu tinha escolhido certo, ou ele estaria velho o suficiente para errar na escolha. Eu não me achava uma ambiciosa, apenas não queria ser julgada por ser uma Potter, não queria uma fama que não era minha, e sim do meu pai.
Saí de meus devaneios e voltei a olhar a mesa onde meus primos estavam. James estava com os braços em volta de sua namorada, Chloe Finnigan. Eu não gostava nem um pouco dela, era fútil, metida, só estava com James pela fama do nosso pai e eu via que James, mesmo sem querer admitir, era completamente apaixonado por ela. Tirei os olhos do casal e notei Louis, Molly II e Roxanne conversando animadamente, provavelmente falando mal de alguém. Mais ao lado, estava Fred II conversando aos sussurros com Gabe Finnigan, possivelmente estavam arranjando algum jeito de pregar uma peça em alguém. Fred pareceu perceber meu olhar e levantou os olhos, assim que me viu o encarando deu um sorriso sincero e voltou a conversar.
Fred era, pra mim, uma espécie de irmão mais velho, um irmão que James e Albus nunca foram realmente para mim, era ele que ficava comigo quando todos estavam ao lado de Rose, era ele que conversava comigo, que me fazia rir de suas piadas e me ajudava quando minha vontade era de gritar com todos ou chorar por dias.
Tirei os olhos da mesa e me virei para AnnaBelle, tentando não ser tomada por lembranças que insistiam em aparecer quando eu pensava sobre aquilo, porém, ela estava ocupada de mais encarando Gabe, que nem parecia notar sua presença. É, ela era apaixonada por ele desde o primeiro ano.
– AnnaBelle? - chamei, e ela pareceu acordar do transe que se encontrava e voltou o olhar para mim.
– O que foi? - perguntou um pouco confusa.
– Tá sujo aqui - falei apontando para o seu queixo, rindo um pouco.
- De que? - se preocupou esfregando o queixo rapidamente.
– Baba - ela me olhou sem entender - É você estava babando pelo Finnigan - respondi rindo e ela me lançou um olhar fulminante, antes de se voltar para mesa da grifinória.
– Calma, só estava brincando, vou dar uma volta e te encontro na aula de Poções, certo? - me levantei da cadeira e ela assentiu sem prestar atenção, concentrada em Finnigan.
Voltei para o Salão Comunal da Sonserina e me sentei em uma das luxuosas poltronas verde-musgo que tinha por lá. A cena de minha família conversando e se divertindo não saia de minha cabeça, e eu não conseguia conter a pontinha de inveja que tinha deles. Minha família... Suspirei, me lembrando de anos atrás.
"Todos da família Weasley estavam reunidos em volta da mesa magicamente ampliada, os mais velhos conversavam animadamente sobre os tempos que passaram em Hogwarts e alguns dos mais jovens escutavam maravilhados todas as aventuras de seus pais e tios em sua época, e outros, brincavam entre si.
– Papai! Mamãe! Pessoal! - Lily chamou, ansiosa, os pais.
Todos viraram sua atenção para ela.
– Fale Lílian - incentivou Harry sua filha mais nova, em seus 13 anos.
– Eu aprendi a fazer um Patrono! - murmurou animada e todos abriram seus sorrisos para a pequena garota, mas, antes que alguma coisa fosse dita por eles, foi chamada a atenção deles.
– Ei, Pessoal! Olhe, o resultado dos NOM's - Rose falou com duas cartas nas mãos que a coruja da família acabara de trazer - Tome, Albus - entregou para o primo que estava ao seu lado.
– Abra querida - Molly falou, curiosa, para a neta.
Rose abriu a carta e seus olhos brilharam.
– Tudo Ótimo! Eu tirei tudo O! - gritou e seus parentes foram logo parabenizá-la, esquecendo completamente de Lily.
A garota olhava a todos sem reação, e seus olhos estavam cheios de lágrimas, embaçando sua visão. Correu apressadamente para dentro de casa, subiu as escadas, entrou no antigo quarto de sua mãe e finalmente deixou as lágrimas caírem."

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