Capítulo 8 - Provocações

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Vingança...

Vingança. Essa era a palavra que mais vinha em minha mente com o passar dos dias.

Rose finalmente saíra da Ala Hospitalar depois de grandes danos psicológicos que sofreu com seu fatídico encontro com uma aranha gigante na floresta proibida, onde estranhamente aparecera, sem se lembrar o porquê.

A verdade era que Scorpius havia apagado sua memória e implantado outras, como o fato de seguir uma estranha luz que a levava até o centro da floresta, onde uma voz doce a dizia que ela poderia ter tudo que quisesse, inclusive Scorpius Malfoy. Obviamente ela não poderia contar essa parte para todos, de modo que apenas disse que não se lembrava de muita coisa sem ser a luz e as aranhas e claro, o chamado de Scorpius, que andava pelos jardins quando ouvira os agonizantes gritos de minha querida prima.

Inacreditavelmente, todos pareciam suficientemente crédulos nessa história, inclusive a própria Rose, que fazia questão de lançar olhares admirados para meu amigo e fazer inúteis tentativas de seduzi-lo. Ela era patética!

Como já era de se imaginar, depois de uma semana em repouso, a pobre Rose finalmente recebera alta, mas estava tão psicologicamente abalada, que todos sempre a cercavam, procurando fazer tudo o que a garota pedisse.

Ela parecia mais insuportável a cada dia e fazia questão de soltar comentários irônicos sobre como Scorpius a salvara sempre que passava por mim. Em alguns momentos eu chegava a pensar que ele fizera isso de propósito, o que eu não duvidava nada.

– Então quando eu achava que tudo já estava perdido, quando eu nem tinha mais forças para implorar por minha vida, ele chegou. Com a varinha em punhos rapidamente repeliu a aranha e, me tomando nos braços, me levou para Ala Hospitalar – ela contava propositalmente alto para algumas terceiranistas lufanas, que soltavam gritinhos histéricos, enquanto olhava debochadamente para mim, como um desafio.

Bufei irritada, tentando me concentrar no maldito dever de Astronomia e ignorar minha adorável prima.

– E agora, vocês estão juntos? – uma das garotas perguntou, os olhos brilhando.

– Ah – ela parecia teatralmente desconcertada – Não gostamos de comentar sobre nós dois, entendem? Ele é muito tímido...

Bufei novamente, dessa vez mais alto. Vingança... Como parecia adorável agora.

– Algum problema, Lilian? – ela perguntou inocentemente enquanto eu sentia meu rosto pegar fogo de raiva.

– Não, obrigada pela preocupação – comentei ironicamente e ela sorriu debochada, voltando a falar com as três lufanas sobre o quando Scorpius era perfeito.

– Oh, vocês precisam ver o que ele me deu ontem – ela murmurou – Eu prometi que não contaria para ninguém, mas vocês vão manter segredo, não é?

As garotas assentiram maravilhadas e logo elas entraram no castelo, conversando entre risinhos.

– Algum problema, Lilian Luna? – o murmúrio gélido me tirou de meus pensamentos, me saudando com um sorriso irônico.

Revirei os olhos, irritada. Desde o que acontecera em frente ao Salão Comunal Grifinório, Scorpius voltara a falar comigo, porém estava mais distante e misterioso do que nunca.

– Você fez isso propositalmente, não? – perguntei irritada, esquecendo completamente o dever em minhas mãos.

– O que a faz pensar assim, Lily Luna? – ele rebateu com seu sorriso gélido, enquanto se sentava a minha frente.

-*-

Eu caminhava apressada até o Salão Principal, havia perdido a hora e faltava poucos minutos para o começo das aulas.

– Eu não quero que você fale com ela, você está me entendendo? – eu parei assim que escutei a voz enjoada de Rose e me escondi atrás de uma estatua, enquanto ela aparecia com Albus, ele olhava para o chão, envergonhado – Você ouviu, Albus? Não quero saber se ela é sua irmã, se quiser continuar a andar comigo, você não pode se misturar com essa garota.

Senti o sangue vir todo para o meu rosto enquanto meus punhos se serravam.

– Ah, Sev! – Rose mudou o tom de voz, parecendo triste – Você sabe o porquê disso, ela me odeia! Tem inveja de mim por eu ser melhor que ela. Você não entende o quanto ela é má? É uma Sonserina, você sabe que ela é capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer, não sabe? – ele agora a olhava assustado – Eu tenho medo, medo por você Sev. Ela poderia querer te usar para me atingir, ela sabe o quanto você é importante para mim – ela sorriu doce, enquanto seus olhos brilhavam em lágrimas contidas.

– Me desculpe Rose – meu irmão murmurou, muito arrependido – Eu nunca pensei que ela poderia fazer isso...

– Tudo bem, ela é sua irmã, entendo que não quer ver sua verdadeira personalidade – ela disse compreensiva – Eu também cresci com ela, não sabe o quanto doí ver o que ela se tornou.

Eles continuaram conversando, porém suas vozes foram se perdendo a medida que se afastavam.

Sai de detrás da estatua, só agora notando que havia alguém atrás de mim. Scorpius me olhava gelidamente, os olhos metálicos me avaliavam enquanto em seus lábios estavam um sorriso irônico.

Revirei os olhos e seu sorriso se alargou mais ainda.

– Está bem, eu aceito, satisfeito? – eu murmurei, recomeçando a andar.

– Você não tem ideia – ele respondeu, se colocando ao meu lado.

"Nada melhor do que descobrir um inimigo, preparar a vingança e depois dormir tranquilo".

– Joseph Stalin

-*-

– Como você conseguiu? – eu perguntei assustada, assim que Scorpius me contou como seria essa vingança.

– Tenho meus meios – ele murmurou misteriosamente e eu revirei os olhos, irritada – Ora, Lily Luna, qual seria a graça se eu lhe contasse tudo?

Eu bufei, juntando meus livros e deixando a mesa.

– Quando vai ser? – eu perguntei, tentando parecer tão gélida quanto ele.

– Amanhã – ele respondeu, rindo da minha tentativa falha.

Eu suspirei, parando assim que saímos da biblioteca.

– Isso é mesmo necessário? – perguntei incerta.

Seus olhos me fitavam frios e sua expressão era impassível.

– Sim – ele murmurou, se virando e apressando os passos.

– Eu só estou com medo, Scorpius! - eu voltei a acompanha-lo – Ela é minha prima, apesar de tudo...

Ele se virou para mim, sua expressão ainda imutável e se aproximou alguns passos, me forçando a me escorar na parede.

– Eu preciso lembra-la de tudo o que você já sofreu por ela? – ele perguntou, parecia irritado – Você quer se lembrar, Lilian Luna?

– Não! – eu exclamei e ele se aproximou ainda mais, prendendo meus braços na parede – Eu... me desculpe.

Abaixei a cabeça, intimidada.

– Olhe para mim – ele ordenou e eu estupidamente obedeci, me perdendo nos gélidos olhos metálicos dele – Vingança...

Eu suspirei, concordando. Não conseguia encontrar minha voz devido a sua intimidante proximidade.

– Amanhã – ele falou como uma promessa, e se afastou, sumindo no corredor sem ao menos olhar para trás.

Demônios... Não parecia um termo tão estranho naquele momento.

Better Than MeOnde histórias criam vida. Descubra agora