- Tudo bem, pode olhar agora. – ele murmurou e não precisei estar o vendo para saber que estava sorrindo. Suas mãos se afastaram dos meus olhos, e pude observar um local claro ao mesmo tempo que o cheiro das flores entravam em minhas narinas. Dei um passo à frente, certa de que tudo aquilo era apenas minha imaginação tola.
Eu estava diante de um imenso jardim coberto, flores de vários tipos estavam postas em locais estratégicos, a fragrância de cada uma se misturava se misturando formavam uma outra melhor ainda.
Olhei para trás, sem conseguir conter o sorriso.
- Como... Como sabia? – gaguejei ainda não conseguindo conter o sorriso idiotamente tolo. Ele deu de ombros.
- Você me disse que gostava de flores – murmurou ele.
- Isso foi há 1 mês – eu o lembrei, confusa – Eu nem lembrava de ter lhe dito isso...
Ele deu de ombros novamente e admirou novamente as flores que envolviam totalmente a Sala Precisa. Eu o observei por alguns minutos e meu sorriso pareceu se alargar ainda mais.
Meses haviam se passado, parecíamos mais unidos e por onde andávamos, sempre estávamos na companhia um do outro o que atiçava mais ainda a curiosidade de todas as pessoas de Hogwarts. Não tinham realmente certeza do que eu e Scorp tínhamos pois, ao mesmo tempo em que éramos unidos, também parecíamos distantes. Ele e o mistério que o envolvia, por vezes o fazia parecer afastado. Mas sabia que éramos amigos, sabia que poderia confiar nele. Confiar naquele garoto que eu só conhecia há 2 meses, coisas que não poderia confiar a minha família.
- Hey... – chamei sua atenção e seus olhos cor de gelo se voltaram para mim trazendo junto novamente o choque elétrico que há tempos não sentia. Ele, naquele momento, me encarava verdadeiramente, de forma profunda que durantes aqueles meses tentava evitar, eu via sua relutância em tentar não me encarar daquela forma e talvez, naquele momento, eu soube o do por quê. Aquele choque elétrico que perpassara meu corpo fora algo estranho e delicioso ao mesmo tempo, mas com certeza, me deixara confusa. O que estava havendo afinal de contas? – Por que fez isso? Quer dizer... – apontei para o imenso jardim a nossa frente – Não sou sua amiga há muito tempo... Aliás, esse seria o perfeito presente pra uma namorada.
Ele riu, colocando as mãos no bolso das vestes.
- Primeiro, Lily Luna – debochou ele – Eu não tenho uma namorada e sim uma amiga, a única, por sinal. E eu a trouxe aqui por que percebi que não parece bem. Algo que eu lhe fiz?
Neguei com a cabeça.
- Sobre um assunto esquecido – ri sem humor me afastando observando as begônias amarelas, as favoritas de vovó Molly.
- E o que seria? – perguntou ele indo para o lado oposto, para perto das orquídeas brancas.
- Vingança... – sussurrei, quase um silvo inaudível mas tive certeza de que ele ouvira, pois levantara o rosto e voltara a me fitar, causando outro choque elétrico estranho.
- Rose – ele murmurou e eu assenti, sem encará-lo – Quer mesmo isso, Lily Luna? Apesar de tudo, Rose é da sua família, sua prima...
- Você fala como se eu fosse jogar uma Maldição da Morte nela – eu o cortei me virando – Eu quero isso, entende? Ela merece...
- Não quero que se arrependa depois do que fez – ele se aproximou de mim – Essa vingança poderá gerar conseqüências graves no futuro...
- Ninguém saberá... – insisti, com uma pontada de súplica como se aquela vingança dependesse da minha vida.
- Não estou falando disso... – suspirou ele e logo sacudiu a cabeça – E... Você quer isso mesmo?
Parei por um minuto, repassando em minha mente todos os motivos que realmente fariam valer a pena aquela pequena vingança. Eu não guardava mágoas, mas Rose realmente merecia. Muitos diriam que não era culpa dela, que ela simplesmente gostava de todos os holofotes sobre si, mas eu não estava me vingando por causa daquilo, era pelas vezes que me impedira de falar com o meu próprio irmão por simplesmente repudiar a casa em que eu estava, por muitas vezes tentar tirar de mim a única coisa que me restara, a amizade de Scorp. Naqueles meses ela parecia querer colocá-lo contra mim. Ela merecia...
- Sim – levantei os olhos aos seus e abri um sorriso um tanto perverso ignorando o choque elétrico que passara pelo meu corpo, sendo retribuída por um igualmente perverso. Aquele momento se assemelhava ao dia em que eu aceitara a proposta da vingança.
***
- Qual é o pior medo da sua prima? – ele me perguntara de repente. Levantei os olhos do livro que lia e olhei para a janela ao lado da janela, pensativa.
Qual era o pior medo de Rose Weasley? Talvez fosse o medo de perder de mim alguma vez na vida, em alguma coisa. Mas aquilo seria fútil demais.
Se bem que vindo de Rose Weasley não me surpreenderia. Talvez o medo dela fosse ser reprovada em algum exame, contudo, acho que também não era aquilo.
- Aranhas! – exclamei de imediato, logo que o pensamento surgira em minha mente. Vários sibilos soaram na biblioteca, inclusive o de Madame Pince.
Rose tinha medo de aranhas, igualmente a tio Rony. Era algo tolo temer aquilo, para uma pessoa como ela, mas era a verdade. Rose tinha trauma de aranhas, desde pequena.
Scorpius olhou para o seu livro, mas sabia que ele realmente não o lia. Seus olhos pareciam distantes e pensativos.
- O que está pensando? – perguntei, hesitante em saber a resposta.
Ele levantou o rosto, estampado pelo sorriso perverso novamente. Ele, naquele momento, assemelhava-se a um verdadeiro Slytherin.
- Está disposta a aceitar qualquer tipo de vingança? – perguntou ele, de repente voltando seus olhos aos meus. Expressavam algo, que de alguma forma eu temia.
- Eu...- gaguejei – Eu aceito...
Mordi o lábio inferior.
- O que está pensando Scorpius Malfoy? – indaguei.
Ele não respondeu, apenas fechou o livro e se levantou rumando para fora da biblioteca. Encarei a cadeira a minha frente, que há poucos segundos ele estava.
O mistério que envolvia Scorpius Malfoy, por vezes, para mim era algo assustador.
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Better Than Me
FanfictionRose Weasley sempre fora, indiscutivelmente melhor do que eu. A indefesa, tola e fraca Lílian Luna Potter nunca fora boa o bastante para vencê-la em algo. Mas Scorpius Malfoy mudou tudo aquilo, de uma estranha forma. E ele se tornara a única coisa q...