Capítulo 3 - I'm Slytherin

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Nota: Scorpius e Lily tem apenas um ano de diferença nessa fic.

Eu e AnnaBelle saímos silenciosamente do Salão Comunal, ela estava perdida em pensamentos e nem parecia notar minha presença, eu não me importava, eram raros os momentos que eu estava querendo conversar, sempre preferi ficar calada, sofrer sozinha... Nunca quis que sentissem pena de mim, odiava quando me viam chorar, eu me sentia fraca, inútil, não era como se chorasse resolvesse alguma coisa.
Eu estava cansada de me martirizar, de me fazer de vítima... Eu era uma Sonserina, e Sonserinos não choram, não demonstram emoções por coisas bobas como, por exemplo, uma Grifinória estúpida. Cansei de me perguntar o porquê de não ser como minha família queria que eu fosse, não deveria me importar tanto com a opinião deles, do que me valia?
Saí de meus devaneios ao perceber que estava sendo observada, me virei procurando quem me olhava tão intensamente e me deparei com um par de profundos e ingênuos olhos verdes, os mesmos de meu pai.
– AnnaBelle, vá indo na frente, quero falar com uma pessoa antes - falei para minha amiga e, sem esperar sua resposta, caminhei em direção ao meu irmão.
Seus olhos me transmitiam todos os seus sentimentos naquela hora. Cansaço, pesar, arrependimento, saudade e... Pena. Esse último era o que me destruía, eu não suportava ver que os outros sentiam pena de mim. Não queria isso, afinal, indiretamente, ele não havia feito nada para eu ser a excluída da família, sempre sendo capacho de Rose.
– Albus? - o chamei, sem deixar trasparecer minha irritação, com minha habitual máscara de frieza.
– É... Oi - murmurou nervoso, desviando o olhar.
– O que faz aqui? - perguntei, com a voz sem nenhuma emoção aparente.
– Eu... - começou, hesitante - Eu queria falar com você.
– Então fala - eu disse friamente.
– Eu queria...
– Albus? O que está fazendo aqui? - uma voz irritante o interrompeu, indignada.
– Rose? - meu irmão perguntou temeroso, se virando para ela, com os olhos arregalados.
– O que você faz aqui? - ela repetiu a pergunta, como se tivesse algum direito sobre Albus - E com ela? - completou, me olhando com desprezo.
Eu não me abalei com seu olhar, já havia me acostumado com ele.
– Eu... - Albus começou, sem saber o que falar.
– Ele estava falando comigo - falei antes que ele pudesse completar a frase - Algum problema?
Ela novamente me olhou, como se eu fosse um simples inseto ou coisa parecida, então puxou Albus pelo braço, saindo rapidamente do meu campo de visão.
Bufei irritada comigo mesmo, por um momento eu achei que meu irmão diria alguma coisa, confrontasse ela, falasse algo em minha defesa... Como eu era tola, Albus era o cachorrinho de Rose, obedecia ela sem contestar o porquê, ou impor sua vontade.
Voltei a andar em direção a sala de Poções, minha próxima aula. Ao chegar na sala, encontrei AnnaBelle sentada junto com Zabini, conversando animadamente com ele. Sentei-me duas mesas atrás, sozinha.
– Bom dia alunos - Prof. Slughorn cumprimentou animadamente, entrando na sala.
– 'Dia - alguns responderam, sem tanta animação.
– Hoje iremos fazer uma poção complicada, que requer muita concentração de todos, portanto, fiquem atentos, não se desconcentrem...
– Com licença, professor - uma voz foi ouvida, vinda da porta, e interrompeu o professor.
– Entre Sr. Malfoy - Slughorn sorriu, permitindo a passagem do garoto - Pode se sentar em algum lugar vago.
Ele passou os olhos por toda a sala, a procura de um lugar vazio e rapidamente, achou um lugar, ao meu lado. Seus olhos se encontraram com os meus fazendo com que uma estranha corrente elétrica passou pelo meu corpo e me fazendo se perder em suas profundas orbes cinzas.
Ele se sentou ao meu lado, ainda sem quebrar nosso contato visual e o professor recomeçou a falar.
– Como eu falava antes, iremos fazer a poção Veritasserum, os ingredientes estão no quadro, no final da aula cada dupla deverá me entregar a poção para eu avaliá-la - eu escutava as palavras do professor ao fundo pois apenas uma pequena parte do meu cérebro as absorvia, a maioria estava mais concentrada no garoto que me encarava com intensidade.
– O que faz aqui? - perguntei assim que ele desviou o olhar para o quadro - Que eu saiba, você é do 6° ano, o mesmo ano que o meu irmão.
Ele voltou o olhar para mim, mas logo se virou novamente para o quadro.
– Repeti de ano - murmurou baixo quando eu já tinha desistido da resposta.
Ele foi pegar as coisas necessárias para a poção e quando voltou, começou a fazê-la, silenciosamente.
– Você é sempre assim? - a pergunta saiu de minha boca antes que eu conseguisse segurá-la.
– Assim como? - se virou para mim, seus olhos possuíam um brilho confuso.
– Quieto... - murmurei baixinho.
Ele abriu um sorriso de lado e assentiu brevemente, se voltando para a poção.
Ele fazia a poção praticamente sozinho e raramente olhava para o quadro. Isso me fazia duvidar que ele tenha repetido de ano, parecia conhecer todos os ingredientes com a palma da mão e saber de cor todas as instruções.
E com isso, minha mente vagava livremente para o encontro com meu irmão mais cedo, eu sentia uma imensa raiva de Rose, precisava saber o que Albus queria falar comigo.
– Se eu fosse você, faria algo com ela... - a voz de Scorpius me tirou de meus pensamentos, ele olhava concentrado para o caldeirão a sua frente, me fazendo duvidar que realmente tinha dito aquelas palavras.
– Como? - perguntei sobressaltada.
– Sua prima, Rose, eu não deixaria por isso mesmo - murmurou sombriamente, ainda sem me olhar.
– O que está querendo insinuar com isso? - indaguei assustada, como ele saberia que eu pensava sobre ela? Ou foi apenas o acaso?
Ele ficou um tempo sem falar, concentrado na poção, mexendo-a suavemente.
Vingança...– falou tão baixo que duvidei que havia realmente dito aquilo, virando o olhar para mim, suas orbes possuíam um brilho escuro, assustador talvez.
Ele levantou, sem me dar chance de responder, entregou a poção para o professor na mesma hora que o sinal tocou e saiu da sala apressado.

–*–

Dias se passaram, e eu não conseguia tirar da cabeça as palavras daquele garoto misterioso... Vingança... Ao mesmo tempo em que me parecia perturbador a ideia, eu a considerava boa, me sentia bem quando pensava em finalmente dar a princesinha o que ela merecia...
Caminhei em direção a biblioteca, algo me dizia que Scorpius estava lá, como no primeiro dia que nos falamos. E eu não havia me enganado, assim que coloquei os pés ali senti alguém me observando, procurei rapidamente e me deparei com seus misteriosos olhos cinzas.
Andei até ele decidida e ele me seguiu com o olhar, sem desviar uma única vez.
– Eu aceito - falei firme, abrindo um sorriso confiante que logo foi retribuído, por um igualmente perverso.

Better Than MeOnde histórias criam vida. Descubra agora