Capítulo 9

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 "A porta do quarto se abriu de repente e ruidosa fazendo Gerard se sobressaltar. Em cima da cama com um livro entre as mãos, viu Donald postar-se bem à sua frente, altivo, os orbes focados em sua direção. Levantou-se no segundo seguinte, antecipando-se à ordem de seu pai.

- Sei que espera por isso há um bom tempo. – Comentou mantendo uma expressão que exalava seriedade. – Acho que está pronto... A menos que você tenha desistido.

No dia anterior, Way havia feito aniversário. Dezesseis anos. Entretanto, nenhum presente lhe foi dado, sequer havia tocado no assunto. Mas enquanto soprava a vela em cima do bolo, em seu íntimo, fazia um pedido mudo, as íris claras voltadas para Donald, como se lhe contasse mentalmente o que mais queria. E o pai sabia muito bem dos anseios de seu filho, desde o dia em que o havia flagrado vasculhando curioso o cômodo secreto no último andar. Mas era muito cedo, Gerard entendia seus motivos. Havia se comportado, não o pressionava a mostrar mais do que queria, porém deixava evidente, sempre que podia, seu interesse pelas práticas as quais Senhor Way era adepto.

- Estou pronto. – Respondeu com firmeza, lançando um olhar faiscante ao homem que, em um gesto simples, pediu que o seguisse.

A ansiedade lhe atacava a boca do estômago; não sabia o que de fato encontraria, que papel desempenharia – mesmo que, ainda dentro desta questão, soubesse que não havia razão para manter grandes expectativas. Era uma coisa que seu pai sempre lhe dizia: "Precisará observar muito, entender todos conceitos e valores, antes que possa tocar em uma mulher. Responsabilidade é a primeira coisa que deve aprender; é seu dever conhecer seu corpo, seus limites, prezar pela segurança de quem está sob o seu comando."

Subiram dois lances de escada e pararam em frente à porta.

- Sabe que sou cauteloso – Começou o pai seu discurso antes de deixar que os dedos esguios tocassem a maçaneta. Gerard sentia o coração martelar contra o peito, as mãos quentes e úmidas se entrelaçavam com a expectativa crescente; no entanto, seus olhos se concentravam em cada palavra que saía entre os lábios de Donald. Era o aluno dedicado ouvindo as instruções de seu professor. – Mas acho que deve sentir antes de testar qualquer outra coisa.

Way franziu o cenho pouco compreendendo o que lhe era dito.

- Sentir... – Pronunciou-se reticente em tom de indagação, uma tentativa de fazer com que seu pai fosse mais claro.

- Já concluí a sessão com Natasha por hoje. – A boca do filho se entreabriu com o súbito entendimento, mas esperou que o homem lhe confirmasse. – Quero que a ajude a se livrar das cordas; a deixei esperando especialmente para você. Mas... – Seus olhos escureceram – Não confunda as coisas. Ela é minha, não estou compartilhando.

Gerard assentiu simplesmente, lamentando como seu pai o subestimava. Sabia que ambos, Donald e Natasha, tinham um contrato a seguir, cada item presente no papel havia sido meticulosamente discutido por semanas e então finalmente acordados. Sr. Way era conservador, não espantaria em nada seu filho se um dos pontos principais do acordo fosse sobre fidelidade. Ele mantinha os rótulos da relação que levava, se orgulhava por manter-se firme às regras rígidas sem permutar entre uma posição e outra.

O adolescente, por mais que ainda fosse um iniciante às práticas, sabia que nada disso se aplicava a ele. A si, lhe agradava a ideia de liberdade. Acreditava que apegar-se a conceitos engessados restringiam os prazeres que podiam ser obtidos. É evidente que de nenhuma maneira isso significava infringir as regras de segurança, sanidade e consentimento (SSC), mas sim que não se prenderia a títulos. Nesse quesito, esperava poder superar Donald.

In The Dark || FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora