Capítulo 10

224 29 43
                                    

            Conforme os dias passavam, Frank sentia na pele a falta de Way preenchendo todo o espaço de sua mente. Não era exatamente falta do homem em sua forma física – talvez fosse egoísta e orgulhoso demais para considerar essa possibilidade – mas sim como fazia suas células vociferarem em todos os idiomas, era falta da vida em seu significado mais pleno, fervilhando em seu âmago. Mas longe de Gerard, a sensação se esvaía com a mesma velocidade em que lhe acometia e para o vazio que voltava a se apossar de cada parte de si, o rapaz dedicava a mesma estratégia: ocupar-se com suas tragédias pessoais, se imaginando em uma realidade alternativa onde tudo era exatamente como antes. Sequer desejava mudar algo, só queria voltar no tempo, ainda que isso significasse continuar a ser traído.

Julgava patológico como podia se divertir com suas próprias dores, ferindo a si mesmo de uma forma inumana. E, ainda assim, tinha certeza de que preferia viver em seu próprio mundo ilusório a encarar a ausência quase fantasmagórica de Andy.

"Enquanto descia as escadas, degrau por degrau, adiando o momento em que se revelaria, podia ouvir com mais clareza os sons abafados que ecoavam pelo subsolo do campus. As vozes afetadas causavam tremores em Iero, porque, por mais que negasse mentalmente para si mesmo, no fundo, sabia muito bem de quem era uma delas. Conhecia de cor e salteado seus gemidos e o motivo para cada um deles saírem de seus lábios.

As linhas de seu rosto contorceram-se em dor por um momento, levou a mão direita vacilante aos olhos. Desejava se esconder, fugir para qualquer lugar que fosse; até mesmo o inferno soava melhor do que duas vozes ressoando em conjunto pelo ambiente. Não; era pior. Gostaria de virar-se e ir embora, fingir que de nada sabia, porque a partir do momento em que os flagrasse, tudo acabaria.

Nada o afetava mais, suas extremidades formigavam, o estômago ameaçava dispensar todo o álcool que havia ingerido. Estava mesmo disposto a ser enganado? O poder que Biersack tinha sobre si fazia seus neurônios fervilharem, sentia-se completamente atordoado. Seus joelhos vacilaram.

Rob havia ido chamar os outros e em um segundo estariam ali.

Não havia escapatória."

- N-não... não, n-ão, não. – Balbuciava mexendo-se agitadamente na cama, contorcendo-se entre os lençóis com uma expressão aflita e desesperada em seus traços faciais.

Sentiu mãos suaves lhe acariciarem o rosto, tranquilizando-o instantaneamente. Então logo acordou, os olhos se abriram lacrimejantes, arregalando-se em um primeiro momento até as pupilas se focarem em Veridiana. Um súbito alívio perpassou por todo o corpo e então soltou um longo suspiro, ajeitando-se na cama de modo em que as costas ficassem apoiadas na cabeceira.

- Pesadelo de novo? – Indagou a voz feminina em tom suave. Iero somente meneou a cabeça desviando o olhar de Diana. Saber o quão fraco havia se tornado, o fazia querer morrer, principalmente quando em frente à sua melhor amiga.

Deveria protegê-la, não ser um fardo.

- Às vezes acho que nunca vai ter fim. – Sorriu amargurado ainda sem encará-la.

- Frank, deveria se lembrar de quem é. – Aconselhou com um pequeno sorriso se formando no canto da boca como se estivesse prestes a fazer uma piada, esta que, o rapaz não percebeu. Antes que o outro dissesse algo, Diana apressou-se em continuar. – Não que eu me orgulhe disto ou ache bonito, mas... Você é o cara mais temido de todos os tempos.

Desta vez, Iero soltou um riso divertido enquanto passava os dedos pelos cabelos. A amiga tinha o dom de desanuviar a atmosfera pesada ao redor do rapaz, isso o fazia se sentir em dívida.

In The Dark || FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora