In The Dark || Frerard

Capítulo 5

Uma corrente elétrica percorreu seu corpo o fazendo acordar sobressaltado. Cobriu o rosto com as mãos, deixando o ar entrar e sair de sua boca entreaberta em ritmo acelerado. Outro pesadelo. Não conseguia imaginar quantas noites mais se seguiriam daquela maneira; uma sensação tão desconcertante de culpa e remorso – o qual por toda sua vida desconheceu a existência – que parecia uma zombaria ter de conviver com ela à flor da pele. Contaminando cada célula sã de seu corpo; o fazendo beirar a loucura.

Não conseguia dormir, nem tinha fome. Não era uma grande novidade, já havia passado as últimas noites em claro em sua cidade, ponderando se deveria mesmo ir embora. A falta de comida sendo suprida por álcool e substâncias ilícitas o suficiente para que cogitasse enfrentar todos os seus piores demônios, dar a cara à tapa. Mas não teve coragem, o gosto amargo de seu orgulho era intragável demais, não pôde encará-los. Não pôde demonstrar fraqueza, ainda que se sentisse definhando a cada nova respiração.

Levantou da cama sentindo o solo frio abaixo de seus pés, caminhou até a janela; estava escuro lá fora, o céu nublado encobrindo as estrelas.

Na noite em que descobriu a traição de Andy, Frank jurou a si próprio que jamais permitiria que outra pessoa o cegasse daquela maneira. Jamais deixaria que os sentimentos lhe comandassem, que ultrapassasse a linha da razão com a emoção. Mas como poderia cumprir essa promessa quando tinha Diana tão próxima a si? Ela era primeiro plano em sua vida, não havia como ser diferente.

No entanto, era tolice compará-la com Biersack. Na realidade, uma heresia.

Aproveitou que estava de pé e decidiu espiar pelo corredor se Wood estava bem. A porta do quarto estava entreaberta e, de fora, podia ver que dormia em sua cama. Ainda que estivesse mais aliviado em vê-la segura e, aparentemente, tendo um sono tranquilo, quis se fazer presente – talvez a única coisa que pudesse, de fato, fazer de agora em diante. Temia pela amiga, pela marca que o episódio podia deixar em sua vida, bem no dia de sua chegada. Exatamente quando imaginou que poderia ter uma vida nova, sem problemas ou mais pesos em sua consciência.

Sem fazer barulho deu alguns passos para dentro do aposento, sentando-se na beirada da cama. O quarto impecável traçava uma característica importante de sua personalidade, era uma tranquilidade saber que continuava a mesma apesar da mudança física. Havia crescido, virado uma mulher linda e, Iero sabia como o mundo era, não podia correr o risco de deixá-la sozinha de novo. E não o faria, ela gostasse disso ou não.

- Frank? – Balbuciou Diana ainda dormindo.

O rapaz sentiu o coração apertando-se no peito.

- Estou aqui, pode dormir sossegada. – Sussurrou, mesmo sabendo que a amiga não o ouviria.

Não soube dizer por quanto tempo permaneceu ali, velando seu sono, imaginando como haviam sido os anos que passaram longe um do outro. A amiga havia chegado tarde, parecia exausta e usou sua pouca energia para sossegar Frank, explicando o acontecido em poucas palavras. O rapaz quis acreditar que somente algumas horas de sono seriam necessárias para que Diana voltasse a ser quem era, mas a verdade é que estava preocupado. Apavorado com a ideia de a péssima experiência tê-la traumatizado de alguma maneira irreversível, apenas mais um motivo para afundar-se em remorso.

*

O dia passou lento e pesaroso, cada segundo consumia Frank, junto com o silêncio assombroso dentro de sua nova casa. Teve de virar-se na cozinha durante as refeições – nada muito desafiador para quem morou sozinho nos últimos seis meses desde que a avó faleceu, acabando por ficar sem ninguém no mundo. Wood recusou todas as tentativas de Iero em fazê-la comer, tampouco quis conversar, dizendo que precisava de um tempo para si.