Capítulo 20

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Estava parado em frente a porta de Gerard Way. Um verdadeiro e completo caos de desilusões e amarguras. As pálpebras se fecharam com força enquanto os ombros subiam e desciam junto ao ritmo frenético da respiração que tentava inutilmente comedir – queria se recompor ao menos um pouco. Sentia dores despontando em alguns locais específicos dos braços e pernas, a boca estava seca, as mãos trêmulas e úmidas. Já nos traços faciais uma expressão transtornada terminava de ilustrar o fracasso e derrota que imperava sobre si.

              Não aguentava mais esperar. Fez o som da campainha repercutir pelo ambiente interno da casa. Ouviu alguns passos e, depois de instantes, notou a mudança na luz que incidia sobre o olho mágico; estava sendo observado:

            - Não me mande embora. – Pediu alto o bastante para que fosse ouvido do outro lado da porta de madeira maciça.

            A porta abriu-se com rapidez e o homem, que exprimia certa preocupação, pediu com um gesto simples que o rapaz entrasse. Frank o seguiu em seu trajeto até a cozinha, onde foi lhe servido um copo de água. Nenhuma palavra foi dita até que, sentado junto ao balcão, o rapaz sorvesse a última gota. 

            Gerard esperou calmamente em frente ao outro, o quadril apoiado na pia e os braços cruzados, enquanto o analisava. Tentava prever o que causara aquela reação no menor.  Então, quando sentiu as íris claras lhe fitarem aflitas, resolveu que era hora de pronunciar-se:

            - Por quê está tão nervoso? – Em seu íntimo, temia que o assunto fosse o mesmo de sempre, ainda que soasse extremamente egoísta e repulsivo para si próprio. Não importava qual fosse sua razão para procurá-lo, agora que o tinha tão perto, queria ajudá-lo.

            O menor soltou o ar com pesar, desviando os orbes por um momento. Era perceptível a confusão que tomava seus pensamentos; não sabia quais palavras utilizar, nem sequer o que deveria contar. Gostaria de ter o homem para si sem precisar dar lhe grandes explicações, mas ao mesmo tempo compreendia que lhe devia aquilo.

- Gerard... – O olhar que lançou ao mais velho era diferente. Tinha uma certa profundidade, mas revelava um grau de clareza que fez Way vacilar. Por um momento acreditou que Frank tivesse lhe descoberto.

            - Sim – A afirmação soou duvidosa, a voz fraca quase falhou.

            - O dia da festa em que nos conhecemos e... Diana foi... Enfim. – Suspirou e cortou a sentença pela metade fitando o copo vazio a sua frente.

            Gerard franziu o cenho, estranhando o caminho pelo qual a conversa estava seguindo. Não era sobre si, não podia ser.

            - O que houve, Frank?

            - Aquele... – Os lábios tremulavam, deixou que o ar escapasse em um sopro. – Descobri quem fez aquilo com ela.

            O maior meneou a cabeça em desaprovação ao que havia acabado de escutar. Por quê o rapaz estava insistindo naquela história? Já bastava os problemas que rondavam sua mente, não era são remoer o que já havia se encerrado.

            - Que diferença isso faz? Ele não está morto?

            - Não. – Balbuciou. – Diana mentiu. Ela não queria que eu descobrisse...

            - De certo o conhece muito bem. – A sentença soou como uma repreensão. – Como o encontrou?

            - Acha que fui atrás dele? Eu achava que ele estava morto! – Reforçou, odiava ser criticado. – Ele me encontrou... De alguma forma. – Mais uma vez a confusão tomou o rosto de Way. – Apesar de parecer mais velho, ele está na minha sala e... Me odeia por um motivo que desconheço.

In The Dark || FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora