Capítulo 15

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Caminhou apressado segurando a respiração e só quando entrou no banheiro trancando a porta atrás de si, se permitiu o descontrole. As mãos trêmulas foram à cabeça fazendo os dedos esguios se entrelaçarem ao cabelo um pouco maior do que o de costume e as feições fecharam-se em uma expressão dilacerante. Não conseguia fazer a mente parar de trabalhar em seu ritmo frenético deduzindo coisas, as quais sequer poderia cogitar se quisesse manter a sanidade. Mas não conseguia evitar, os pensamentos soavam como vozes macabras lhe dizendo tudo o que mais temia.

Rob não lhe mandaria mensagem sem um bom motivo.

Em um gesto simbólico, as palmas cobriram os ouvidos fortemente. Tinha o maxilar cerrado, pressionando os dentes, impedindo a todo o custo o choro que se formava no fundo da garganta. Não aguentava mais aquilo, não suportava mais aquela dor. Então, como último recurso olhou-se no espelho, os olhos estavam fundos, um pouco inchados ainda da noite passada. Sua própria imagem só lhe estapeava com mais memórias.


"- Por quê você quer tanto? – Sussurrou pela primeira vez mostrando-se afetado com a presença de Iero.

Frank, que sentia as mãos molhadas de suor, riu sem graça.

- Não sei... Eu só quero. – Disse no mesmo tom como se não pudesse ser ouvido por mais ninguém. – Você não quer? – Indagou sem realmente saber se queria a resposta.

Por mais surreal que parecesse ser o sentimento que o outro sentia por si, Biersack via a aflição refletida no brilho das íris coloridas do outro. Não estava mentindo e isso lhe desestabilizava, a intensidade que permutava de Iero para si lhe causava febre.

- Frank... – Foi a única coisa que conseguiu dizer.

- Por que está aqui, Andy?

O rapaz não respondeu nada dando espaço para que o outro se aproximasse. Seus lábios estavam trépidos sentindo o receio emanar do de olhos azuis, mas ao contrário do que imaginou, não houve afastamento. Então o beijo se deu, tímido de início, sendo pouco correspondido pelo outro que parecia estático, preso ao banco do passageiro. Mas Frank logo sentiu algo que jamais havia experienciado.

Amor.

Um sentimento tão arrebatador que achou que o coração explodiria em mil pedaços enquanto martelava descontrolado dentro de si, sentia as veias pulsando ardentes levando desassossego para o seu baixo ventre. Precisava de mais. Alocou uma das mãos à nuca do outro, trazendo-o para si e aprofundando o contato das bocas. Estava arriscando, permitindo-se ao atrevimento de prová-lo mais intensamente."


Por um breve momento sentiu a vida escapar de si, o corpo como uma casca vazia, a dor pungente lhe despedaçando, dissolvendo toda a terra ainda fértil que tentava a todo custo cultivar alguma esperança em seu âmago. De repente, não havia mais nada, não havia razão para estar ali, para seguir em frente. Não haveria fim para o seu sofrimento enquanto estivesse preso em sua própria pele. Junto com a conclusão obscura que lhe tomou, as unhas cravaram-se no pulso oposto, passando a ferir fortemente toda a estensão do antebraço.

Soltou um suspiro com a dor física que lhe distraiu por um momento do caos que lhe tomava. Proporcionava um certo alívio ainda que aquilo parecesse contraditório para si. O celular voltou a tremer em seu bolso, a respiração agitou-se, a vibração do aparelho era contínua. Não era uma mensagem, era uma chamada. Com as unhas ensanguentadas, trêmulo, levou o celular ao ouvido tendo os traços do rosto mais leves por saber de quem se tratava.

In The Dark || FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora