Capítulo 6

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- Deborah, acorda! - Ouço Rebecca me chamar, e só então percebo que novamente relembrei do acidente. Inconscientemente começo a chorar e ela me abraça.

- Foi... horrível. - No instante em que eu iria explicar a Becca o que havia sonhado, minha avó entra desesperada no quarto.

- Deborah, querida você está bem?

- Estou, foi apenas um susto. Fiz tanto barulho assim?

- O suficiente para eu ouvir. - Meu avô aparece. - O que é isso agora menina, vai surtar ás três da madrugada?

- Quieto Júlio, não vê que a menina não esta bem? - Minha avó me defende, e solto um breve sorriso interiormente. - Deborah, me conte como é este pesadelo que tanto a atormenta.

- Não sei se devo. - Abaixo a cabeça. - Só... Vai passar.

- Pelo menos uma vez na vida menina, seja obediente e diga o que tua avó quer saber. - A voz do meu avô parece irada, talvez pela hora ou talvez pela minha avó... Ou porque ele não me suporta mesmo.

Após o comentário no mínimo desnecessário, meu avô recebe um olhar de desaprovação de minha avó e se retira do quarto.
- Vovó, me desculpe. - Abaixo a cabeça segurando tuas mãos.

- Desculpo sim. Mas só se você me contar o que acontece neste pesadelo.

- Vai ser melhor para você amiga, assim poderemos ajuda-la. - Becca diz em apoio.

- Há um curto período de tempo, estava em Londres e havia acabado de sair da aula, fui até o laboratório de informática do colégio atrás do Vitor.

- Quem é Vitor? - Minha avó me pergunta.

- Um amigo no qual... Bom, éramos como irmãos. - Senti meu coração se apertar, engoli em seco e continuei. - Vitor estava responsável por verificar todos os computadores, como iria demorar resolvi esperar por ele para voltarmos juntos. Assim que saímos, começamos o percurso conversando e, não sei se estavamos muito distraídos pois, quando fomos atravessar a avenida, um carro prata apareceu em alta velocidade.

Começo a chorar ao me lembrar. Esta cena até hoje, me tira a paz e deixa-me com um sentimento angústiante de culpa.

- O carro veio em minha direção, e o Vitor... Impediu o meu atropelamento, ele me empurrou e o carro o atropelou. Foram horas difíceis, indo para o hospital ele me disse que já havia dito que daria sua vida por mim se preciso fosse. E realmente cumpriu. Poucos minutos após a chegada no hospital, permaneci ao seu lado segurando tua mao, quando ele abriu os olhos, sorriu e apertando minha mão, faleceu ali em meio a doentes e indigentes.

Minha avó, assim como Rebecca não sabiam o que dizer. Tentaram me consolar dizendo que ele estaria em um lugar melhor, mas a dor da perda e culpa ainda recente, me ensurdeceu e cegou-me. Não permiti que continuassem.

- Por favor, preciso dormir. - Disse.

- Tudo bem estou indo. Durmam bem queridas. E Rebecca, não a acorde amanhã, deixe-a dormir o quanto for preciso.

- Tudo bem senhora.

****

Luany pode sentir a dor que sua neta sentira naquele momento, e com os olhos marejados, retira-se do quarto se surpreendendo ao ver Júlio ouvindo a conversa as escondidas.

- Vamos para a cama. - Disse ao marido visivelmente em choque após ouvir tudo o que acabara de ouvir.

- An? Certo, vamos.

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