Capítulo 8

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Fiquei tempos analisando as atitudes de Júlio. O interessante é:

1- Ele está muito amável até comigo. (Parece até ter educação)

2- Constantemente inspira e expira o ar repetindo algo como: Não deve (alguma coisa) com ela.

3- Está mais comunicativo. (Inclusive nos convidou para almoçar fora.)

4- Pediu desculpas a Rebecca pela forma que falou dela. (Muito mais do que justo.)

5- Disse que o computador do meu quarto está liberado e que hoje mesmo inserirá a senha da internet e a de desbloqueio do mesmo. (Oque é muito estranho já que estará desacatando uma das "ordens/proibições" do meu pai.)

O dia esta perfeito demais. O que ele está tramando? Porque está assim? Será bipolaridade?
Droga! Que dúvida.

A tarde, após irmos a um dos restaurantes favoritos da minha avó (este no qual não me lembro o nome), meu avô nos leva ao Sea Life (o aquário mais antigo - e lindo - do mundo), e Becca esta animadíssima.

Apenas entendo o motivo de sua animação ao chegarmos. Esta euforia toda tem nome e sobrenome. Alexander Coast.

- Deborah, este é meu irmão Jake. Ele trabalha aqui nos fins de semana.

- M-muito prazer. - Finalmente digo. Sei que pareceu patético, pois ele abaixa a cabeça e sorri. Sinto minhas bochechas queimarem.

- Prazer Deborah. - Cavalheiro, segura minha mão depositando um leve beijo na mesma.

- Volta pra casa hoje? - Rebecca pergunta ao irmão.

- Talvez sim. Depende muito de como será hoje aqui. - Vendo meus avós, os cumprimentam e os agradecem. - Obrigado por acolherem Rebecca por esta noite. Espero não ser incômodo aos senhores.

- Não há incômodo algum meu jovem. - Júlio o responde.

Após o passeio pelo aquário, resolvo sair para tomar um ar, já que o aquecedor me fez perder o fôlego. Talvez não só ele.

Ouço um choro abafado de criança. Ao ir atrás me surpreendo ao ver um menininho de aproximadamente menos de um aninho deitado em uma caixa de papelão escrita "adote-me" do lado de fora. O que me surpreende é o fato de estar apenas de fralda e um bóre fino.

Sem pensar duas vezes, tiro minha jaqueta o envolvendo na mesmo. O pego no colo e corro para dentro.

- Vovó! Vovó. - Grito procurando-a.

- O que houve querida. - Ao ver o bebê em meus braços, se assunta.

- Vamos para casa. Ele precisa de um banho. Pode adoecer.

- Claro vamos.

A correria começa. Chegamos em casa e fui direto ao quarto de minha avó, onde a banheira esquenta mais rápido. Entro de roupas derramando água para todos os lados. Seguro o bebê em meus braços deixando seu corpo dentro d'água.

Uma lágrimas cai de meus olhos, assim que aquela criança indefesa segura meu dedo. Como alguém tem coragem de abandonar uma criança tão pequena? Céus.

- Querida. Teu avô foi comprar uma roupinha para ele.

- Peça uma manadeira e fralda também vovó. - Ela diz que já pediu e nota que estou chorado.

- O que houve? - Questiona-me.

- Como alguém é capaz de abandona-lo? Não entendo vovó.

Ela emudece. Algo ativou um gatilho de sua memória e a fez chorar.

Fruto De Uma Paixão [Em Revisão] Onde histórias criam vida. Descubra agora