Capítulo 23

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Acordo em um hospital. Reconheço pelo ambiente. Mas não me lembro de nada. Como vim parar aqui? Por que estou aqui? Quem sou eu?

- Deborah? Graças a Deus você acordou. - Olho para os lados e vejo que estou sozinha no quarto. Então ela está falando comigo.

- Ãhn.. A-acho que sim. O que ouve?

- Você sofreu um acidente. Teu carro despencou ribanceira abaixo.

- Quem está ai? Digo, lá fora.

- Luany. A nossa avó. - Ela diz sorrindo. Então ela é minha irmã e essa tal Luany é minha avó. - Quer que eu peça para ela entrar?

Faço que sim com a cabeça. Antes de sair ela pergunta se pode avisar à Alexander que estou acordada e confirmo. Apesar de não ter a mínima ideia de quem ele é, algo me faz querer vê-lo.

Logo, uma senhora bonita e já aparentando idade adentra a sala. Ela me olha preocupada, mas contente por me ver acordada.

- Deborah, querida. - Ela se aproxima. - Você está bem?

- Acho que sim. - Ela sorri. - Vovó. Quem é Alexander?

Sua feição demonstra nitidamente a preocupação estampada. Ela olha-me e me rodeia de perguntas como: Meu nome, idade, quem sao meus pais, como fui parar ali, o que sei sobre ela... A única pessoa que me lembrei, foi de ter um filho. Um bebezinho que não estava mais comigo. 

Mesmo com os olhos marejados, pude ver minha avó sair as pressas e retornar em seguida com um médico.

Após uma bateria de exames e milhares de perguntas, ele afirma estar tudo bem.

- Ela está completamente bem. O efeito é normal por ela ter batido a cabeça com força. - Entrega-me uma guia com pedido de ultrassonografia com urgência.

- Doutor, por que terei de fazer este exame?

- Para ver a saúde do seu bebê. Precisamos cuidar para que não haja um parto precoce ou pior, um aborto.

- U-um... filho? - Sinto meu corpo estremecer completamente. Como assim estou grávida? Mal sei quem sou.

- Vovó. - Ela segura minha mão. - Quem é o pai?

- Alexander, filha. O pai do seu bebê, é o seu irmão.

- Meu irmão? Como pude? Como aconteceu? Mais...

- Sim, irmão. Descobrimos a pouco mais de dois meses, mas vocês já namoravam há três meses antes disso.

- Ele é filho da minha mãe?

- Do seu pai.

- Onde ele está? Quero... conhecê-lo novamente.

- Não sei. Sinceramente, seu pai sumiu depois da última discussão com vocês três.

Uma moça, a mesma que estava aqui quando acordei, entrou e disse que Alexander queria me ver. Concordo em vê-lo.

- Filha. Não conte a ele sobre a gravidez. Muito menos sobre a amnésia.

Concordo mesmo sem saber por que. Ele entra e sorri, e lembro-me de vários momentos em que ele sorrio da mesma forma.

Agora sei porque me apaixonei por ele. Ele é lindo, cabelos escuros e olhos a azuis, pele morena do tipo "café com leite". Seu sorriso, é um dos mais lindos que existem.

Uma noite linda se passa pela minha mente. Não sei se é fruto da minha imaginação fértil, ou se realmente aconteceu.

- Oi. - Ele diz. - Você acordou.

- Pois é. - Sorri.

- Por um instante, achei que a perderia. - Ele abaixa a cabeça segurando minha mão. 

- Não. Alex, você não vai se livrar de mim tão cedo.

- Não? Porque?

- Temos um filho pra criar. Lembra?

Ele sorri. No fundo, me derreti toda com aquilo.

- Fico feliz que esteja bem. Mas preciso ir.

- Tudo bem. - Ele vem em direção ao meu rosto para beijar-me ao mesmo tempo que me viro para olha-lo.

Seus lábios selam os meus, um arrepio íntimo e um sentimento de paixão passa por todo meu corpo.

Logo ele se retira totalmente envergonhado. E eu? Da mesma forma. Ele balbucia um tremido e baixo "desculpa" e se retira.

- O que foi que eu fiz? Meu Deus.
- Deborah, você está bem? - A menina morena aparece novamente.

- Não. Eu acho que... - Sinto algo incomodar minha intimidade.

- Ai não Deborah, o que aconteceu aqui? Você está nos dias de período?

- N-não! Chama minha avó. Agora! - Ela me olha. - Vai Rebecca. 

Em meio ao nervosismo, lembrei-me de minha irmã de alguma forma. Mas não lembro-me do que exatamente aconteceu.
Ela corre para fora do quarto e em seguida minha avó entra.

- Deborah, querida o que... - Mostro o lençol ensanguentado e ela se desespera. Abre a porta com força e grita pelo enfermeiro.

Logo estão correndo comigo. A situação era tensa, o desespero tomou conta de mim. Logo não sabia mais o que fazer, estava ficando sonolenta e aos poucos, acabei pegando no sono novamente.

****

Acordo pouco tempo depois, ou pelo parece ser pouco. Luany dorme ao meu lado com um semblante cansado.

Continuo olhando-a e forçando minha mente para me lembrar de algo, mas nada do que eu faça, me ajuda. Tenho a impressão de que algo aconteceu com meu bebê e isso me causa arrepios. Minha confirmação é dada, assim que o doutor "Field" adentra a sala perguntando como estou.

- Melhor, ainda cansada mas...

- A recuperação será complicada. Porém logo você recobrará a memoria e poderá retornar a sua vida como antes. - Sorrio. 

Não contendo minha "mega" curiosidade, pergunto-o sobre o bebê.

- Deborah. Você terá de ser forte. Muito forte. - Isso me causa uma agonia imensa, mas que não faz com que ele pare de dizer o que de fato estava acontecendo. - Você estava gravida de gêmeos. Um deles era um menino, e este... Sinto muito.

- O que? Por que? Eu estava bem. - Me exalto um pouco e isso faz com que Luany desperte. - Os médicos disseram que estava tudo bem.

- Sabíamos de uma criança, não de duas. Uma delas, se enforcou no cordão umbilical durante o acidente. E como não possui consciência para se desenrolar, ficou totalmente sem ar. 

- E o outro bebê? - Foi a vez de Luany perguntar.

- O outro, esta perfeitamente bem. Porem o espeço de desenvolvimento dele é pouco, não podemos retirar uma criança de dentro dela agora, isso afetara o crescimento da pequena menina. 

- Uma menina? - Sorrio. - Alexander amará saber disso. Alex ficará tão feliz com uma irmãzinha. 

Todos me olham e eu sorrio. Peço para ver meu filho e então, lembro-me que ele está em um orfanato. Em seguida, lembro-me de que aguardava um processo pela guarda dele. Naquele momento. Me lembro de tudo.

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