Ouvir aquela voz confessando ter atropelado Victor, foi demais pra mim.
O fato de Roberta ser irmã do meu melhor amigo não me chocou tanto quanto saber que ela havia feito para se vingar de Amanda. E principalmente por mim.
Talvez eu a tivesse julgado mal interiormente. Há anos atrás, sabia que ele tinha família em Londres, mas ela nunca apareceu. Eu a amaldiçoava por isso, e no final de tudo ela estava ali.
- Levem-na. - Foi o que o juiz disse fazendo com que eu despertasse de um transe que nem eu mesma havia notado estar. - A declaração desta mulher será invalida ao processo.
Outros depoimentos foram dados, mas de nada serviram, pois o juiz se virou a Roberta e fez-lhe a seguinte pergunta:
- Você como mãe deste garoto, o que pensa em fazer?
- Não penso em cria-lo. Não tenho a mini condição para isso.
- Mas o pai é de boa família. Pode gerar o sustento da criança tranquilamente.
Meu coração se aperta. Sem pensar no que estão fazendo me levanto e começo a chorar. As lagrimas não cessam em momento algum.
- Senhor me perdoe por interrompe-lo assim. Sei o quão complicada é sua profissão, sei disso pois meu avô também é juiz. Mas tenho apenas um apelo a fazer. - Limpo as lagrimas com o peito da mão. - Se conceder a guarda legal à mãe biológica do Alex... Por favor, eu lhe imploro que não me impeça de vê-lo. Seria demais pra mim.
- Deborah. - Alexander me segura após ver meu estado.
- Eu o amo mais do que tudo. Amo tanto quando este bebê que está em meu ventre. - Olho para Alexander que empalidece. Levo a mão até a barriga e a caricio.
Roberta diz ao juiz que não pretende ficar com a grada do menino "Michael".
- A guarda será dada ao pai biológico. - Ele diz pausadamente. - Senhorita D'Lauren, me diga uma coisa. Ao que me parece, você e Alexander são irmãos por parte de pai. O que dirá a criança?
- Eu direi que...
- Ela não mentirá. -Roberta interrompe. - Eles não são irmãos. Amanda é estéril. - Ela pega um documento médico no nome de Amanda. - Há cerca de um ano descobri este documento e quando ameacei contar a Alexander e Rebecca, ela... bom, já sabem.
Olho para Alexander que sorri. Finalmente tudo estaria resolvido. Amanda pagará por tudo que me fez passar. Pelo que fez minha irmã passar. Eu finalmente poderia ficar com Alexander sem me preocupar em ser ou não meu irmão e...
- Sendo assim. - Juiz continua. - Minha última pergunta é: Roberta você tem certeza de que não quer criar o menino. - Ela faz que sim com a cabeça. - Então, dou a Deborah o direito a guarda e registro legal da criança. Passando ele assim se chamar Alex Stanford Coast. Caso encerrado.
A partir dai, o tribunal virou lugar de festa. Eu festejava, pulava, abraçava meus avós e além de tudo, o que me deixou mais feliz foi ouvir tal palavra:
- Mamãe.
- Oi meu amor. -Meu coração derreteu. - Acabou filho, você não vai mais precisar ficar longe de mim. Nunca mais. - Beijo o topo de sua cabeça e sorrio.
Olho para os lados, vejo Alex conversando com Júlio e Verne. Do outro, Roberta possuia um semblante triste, mas com um leve ar de alívio. Me aproximo dela.
- Vai ser difícil não vê-lo crescer. - Ela suspira. - Independente de qualquer coisa, Michael não pode saber que eu sou a mãe dele.
- Tem certeza. - Ela afirma com um mover de cabeça, que foi tão sutil e quase impercetível.
- Mamãe. - Alex me olha. - Boita.
Roberta sorri e passa a mão nos cabelos dele.
- Vai com a tia amor. - Alex me olha desconfiado. Eu apenas sorrio. - Pode ir amor, mamãe vai continuar aqui. Ele vai para o colo de Roberta que o aperta, faz cócegas, beija. E o pequeno, só faz sorrir.
- Você não precisa se afastar. Quero que Alex a conheça. Quero que continue presente na vida dele. - Ela para de beija-lo e me olha desconfiada. - Eu tenho certeza que será bom para ele.
Alexander se aproxima e pergunta o que tanto conversavamos.
- Estava dizendo a Roberta, que quero que ela permaneça próxima ao bebê.
- E ela? - Olhamos juntos para Roberta que faz que sim com a cabeça.
- Papai? - Alex olha para o pai que esta em um terno, com o cabelo tão bem arrumado que parece ser outro.
- Oi garoto. - Alexander o beija. Passa as mãos no cabelo bagunçando-os. Alex sorri e bagunça o seu também. - Igual o papai.
- Igal. - O pequeno se enrola e sorri. - Paque. Mamãe.
- Desde quando ele fala tanto?
- Desde que o ensinei. - Sorrio para Alexander.
- A titia vai com você, e mamãr vai atrás com o papai, ta bom amor? - Manhoso, faz biquinho de choro. - Pode ir amor, mamãe ja vai.
Roberta o leva e então, pude conversar tranquila com Alexander. Saímos do tribunal e fomos para uma sala que eu desconhecia. Até ver o nome "Julio D'Lauren" na placa acima da mesa.
- E agora? - Ele quebra o silêncio. - Como ficamos?
- Como quer que fiquemos? - Pergunto.
- Juntos. Deborah nós nos amamos, temos um filho lindo juntos e agora... - Ele olha para a barriga.
- Agora, uma linda filha. - Ele sorri e me abraça. Olha em meus olhos e se aproxima, para próximo a minha boca como quem pedisse permissão. Sua respiração era quente e acelerada. Tão necessitada de nós dois, quanto a minha.
- Me... me beija Alexander. - Suspiro e ele sorri. Toma-me em um beijo doce e apaixonado. O beijo que eu precisava há tempos.
- Eu te amo. - Ele me diz.
- Eu também te amo. - Respondo e sorrio.
- EU TE AMO! ! - Ele gritava, me abraçava e me beijava.
Nada podia estragar aquele dia. Nada tiraria a felicidade de mim agora.
Nada. Absolutamente nada.
****
Era o que eu achava. Que nada, absolutamente nada me tiraria a alegria, exceto isso:
- Sua avó possuía um tumor no cérebro, ela tinha consciência de que seria fatal. Ela optou por não operar, pois poderia falecer na mesa.
- Há quanto tempo ela sabia disso?
- Mais ou menos um ano... Sinto muito.
Rebecca esta abraçada com Alexander. Me aproximo de Júlio que me abraça e acaricia meus cabelos.
- E agora? - Pergunto com lagrima nos olhos.
- Ela... Ficaremos bem. - Sorri forçadamente. - Ela deve estar no céu agora. Fazendo perguntas para o anjos.
Sorrimos. Era essa a lembrança que gostaria de ter da minha avó. Alegre, sorridente e curiosa.
****
O pior momento então chegou. O caixão seria por fim fechado. E ali, daria o ultimo adeus a minha avó.
E foi assim. Com um simples e sincero "Eu Te Amo", me despedi de minha avó.
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Fruto De Uma Paixão [Em Revisão]
Romance[Em Revisão} Após a separação dos seus pais, Deborah é obrigada a passar três longos meses na casa se seus avós em Brighton, onde conhece diversas pessoas, dentre elas, seu verdadeiro amor. Plágio é crime! Todos os direitos reservados.