Entrei na sala de aula sem olhar pra ninguém. Aquela altura meus olhos já estavam vermelho, e não queria que ninguém notasse que eu estava chorando.
- Você pode enganar a qualquer um, mas a mim você não engana. — Rafa falou assim que sentei — O que aconteceu ? — perguntou me olhando com um olhar de mãe cuidadosa e eu olhei pra ela.
Ela realmente me conhecia. Era nesses momentos que eu agradecia por ter ela ao meu lado. Uma pessoa que me entende, que não é só para momentos bons, mas que também compartilho meus péssimos momentos com ela.
Mesmo sentada, tentei abraça-la e as lágrimas rolaram com facilidade. Não me emportava se alguém estivesse olhando. Não tinha professor na sala. Tudo que eu queria era que alguém me dissesse que tudo vai ficar bem. Que os dias piores sempre passam para que os melhores possam chegar.
- Vai ficar tudo bem. — ela falou, acariciando meus cabelos.
- Eu te amo tanto Rafa. — minha voz saiu meia abafada, mesmo assim ela me escutou e deu um beijo no topo da minha cabeça.
As vezes, só as vezes, eu gostaria de ser menos incenssível, ser mas fria, não chorar por tudo e nem se sentir culpada por qualquer coisa.
Me sentia tão culpada por não ter conseguido gostar de Rian como ele gosta de mim. Ele saiu da casa dos pais dele, pra vim pra um colégio interno, só por causa de mim.
Eu não suporto a idéia de me sentir sufocada. Se não existe confiança em uma relação, então não existe amor. Impedir uma pessoa de falar com outra só por causa de ciúmes, isso é doença. Depois essa pessoa vai querer interferir até nos seus pensamentos.
Posso até está errada, mas eu não quis pagar pra ver.
Talvez não era pra ter sido...
Então levantei a cabeça, enxuguei as lágrimas com as mãos e respirei fundo.
Vou me dar um tempo... Achar em mim, o amor que procuro nos outros.
***Mas tarde depois das aulas, depois de ter tomado um banho, sentei na cama e contei tudo pra Rafa.
- Você ainda sonha com príncipes encantados ? — perguntou, percebi o tom de ironia em suas palavras.
- Claro que não. — respondi aquela pergunta sem noção.
- A única coisa que eu posso te dizer, é que não existe e nunca vai existir homem perfeito. Sempre vai ter um ciumento possessívo, um mentiroso, um galinha. Aliás, ninguém é perfeito, a gente caga. Acho isso meio desnecéssario — ela falou e eu ri do seu comentário — Você só quer alguém que apesar dos defeitos dele, você o ame, que não consiga se ver sem ele. E quando essa pessoa aparecer, os defeitos dela será mero detalhe comparado ao amor que você sentirá. — concluiu.
Eu vi verdades em suas palavras.
- É... Talvez você esteja certa. — concordei.
- Enquanto você estava fora, combinei com os meninos de fazer o trabalho no quarto deles hoje. — ela falou, mudando de assunto.
- Que horas ?
- Daqui a cinco minutos.
- Caraca Rafa, e por que não me avisou antes ? — falei pulando da cama indo me ajeitar.
Pentear meu cabelo — que estava parecendo uma juba —, passar um brilho labial e colocar um pouquinho de pó no rosto para desfaçar a cara de doente.
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Meu amor Vagabundo
RomanceAlice Collin uma adolescente de 17 anos de idade que não gostava de se envolver com perigo ou pessoas perigosas. Acreditava ter encontra o amor da sua vida, seu primo Rian. Mas foi no colégio interno que alguém despertou seus profundos sentimentos...