Capítulo 27

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Alice Narrando

   Nunca passou pela minha cabeça que poderia acontecer esse tipo de coisa comigo, ainda mais dentro de um colégio interno, onde esse ato é totalmente proibido.

   Eu lutava para gritar enquanto uma das mãos do imundo que estava me atacando, beijando meu pescoço, estava tampando minha boca.

   Lágrimas de desespero estavam correndo pelo meu rosto, levando junto a minha maquiagem.

   A essa altura só pensava que o pior estava por vim.

   O corredor havia esvaziado, e mesmo que estivesse pessoas por alí, era quase impossível perceber o que estava acontecendo por causa da pouca iluminação no local.

- LARGA ELA! — ouço um grito, me esfoço para olhar para o lado e vejo com o canto do olho lagrimejado, John socando os garotos um por um.

   Num ato de distração do garoto que estava me assediando, eu consigo morder fortemente a mão dele que estava na minha boca, fazendo ele gritar de dor.

   Ele me solta e puxa uma lâmina brilhosa do bolso. John vai para cima dele, deixando os outros garotos no chão.

- Corre Alice. — John grita enquanto segura o punho do garoto desconhecido à cima da cabeça.

- Não vou a lugar nenhum sem você. — digo em prantos, encostada na parede. Olho ao meu lado e vejo uma pedra perto da porta do banheiro.

   Caminho devagar olhando os dois que se enfrentam furiosos.

  Num ato ligeiro o garoto consegue soltar suas mãos das garras de John e em fração de segundos passa a lâmina na coxa dele, o fazendo gritar de dor levando sua mão até o corte que já começou a sangrar. Sem pensar mas em nada eu avanço em cima do menino, acertando em cheio a sua cabeça com a pedra, deixando-o desmaiado no chão.

- Nossa, como você é agressiva. — John tenta fazer graça em meio a sua expressão de dor.

- Você consegue andar? — me aproximo, observando o sangue que já molhou toda a perna do jeans que ele está vestido.

- Não.

   Rasgo o fôrro do meu vestido e enrolo no corte feio em sua coxa.

- E agora?

- Se eu não estivesse com muita dor, diria que acabei de ver uma calcinha de renda muito sexy. — ele fala em um gemido de dor.

- Safado. — dou um tapa em seu ombro e ele se encolhe de dor — Desculpa. Vamos sair daqui.

- Tem uma saída por alí. — ele aponta para o final do corredor escuro e estreitando os olhos consigo enxergar um portão de ferro.

   Ele se apoia em mim de uma forma que só coloque força para se mover na perna boa. Coloco o máximo de força que tenho para mover o ferrolho enferrujado.

- Deixa eu tentar. — dou o lugar para John, que consegue com muito esforço abrir o portão rangento.

   O portão dar para o fundo do ginásio, onde os matos chegam na altura da minha cintura.

- Vou te levar na enfermaria. — falo.

- De jeito algum. — ele recua — Ninguém pode ficar sabendo do que aconteceu hoje. — franzo o cenho.

- Por quê? — pergunto sem entender nada.

- Acredite em mim. É melhor você não ficar sabendo.

   Chegando no seu quarto, ele senta na ponta da cama. Enquando ele vai tentando se desfazer da calça. Eu vou até o banheiro pegando um pouco de água num recipiente e uma toalha limpa de rosto.

   Eu poderia até me distrair um pouco ao vê-lo só de boxer, mas um corte horrível está à amostra em sua coxa.

- Ai Alice. — ele faz uma expressão de dor quando a tolha molhada encosta no machucado.

- Ainda acho melhor você ir na enfermaria. Isso aqui está muito feio. — retruquei, limpando os resquício de sangue na sua pele e ele arquea uma sobrancelha com  cara de "Já disse que não vou".

   Não entendo esse medo que ele tem que alguém fique sabendo desse ocorrido, afinal, a vítima aqui foram eu e ele. Embora não não tenha acontecido nada muito grave comigo, de certa forma aquilo foi uma tortura ter passado por aquilo e se não fosse por ele, eu provavelmente teria sido estuprada.

   Não sei se ele é um ser homano ou se é um anjo, pois ele sabe a hora exata de me salvar.

- Um doce pelo os seus pensamentos. — ele chama a minha atenção e eu sorrio.

   Sei que bem lá no fundo, existe um menino legal nele. Talvez alguma coisa o pertube e não deixe ele ser um bom moço em todas as horas.

- John... — chamo-o ao sentar do lado dele na cama — Quero te agradecer por hoje. — o mesmo que estava fitando o teto, agora me olha com olhos escuros, intenso.

- Faria isso quantas vezes fosse preciso. — ele sussurrou próximo a mim colando nossos lábios instantaneamente.

   Fazia tempo que não havia acontecido mais essa aproximação entre nós dois. E como é uma coisa que eu desejo, apenas retribuia seus movimentos.

- Preciso fazer um curativo no seu corte. — falei ofegante ao interromper o beijo, ele sorriu radiante para mim.

   Dono do sorriso mais lindo que já vi...

- Na segunda gaveta tem uma faixa para curativos. — ele aponta para a gaveta no guarda-roupa.

   Vou até lá me abaixando e procurando a faixa. Econtro logo em cima um albúm de fotos e abro com cautela em uma página qualquer. Nela está uma fotografia de John, um pouco mais novo, sorrindo abraçado com uma garota. Fecho antes que ele perceba e pego o rolinho que já havia localizado.

   Volto para a cama e cubro o corte com a faixa. Assim ninguém saberá que existe um corte horrível por baixo desse pano.

   Olho a hora no relógio e já se passava das 23:00 horas.

- Já vou pro meu quarto. — aviso — Boa noite. — dou as costas a ele mas sou impedida de dar algum passo quando sua mão pega em meu braço.

- Dorme comigo essa noite? — ele me pedi fazendo um biquinho irresistível.

- E se eu le machucar?

- A gente dar um jeito pra que isso não aconteça. — me assegura dando um belo sorriso.



















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♚   Loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual.   ♚

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Meu amor VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora