Capítulo 11

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Tita

— Bom dia, Lúcia.— Entrei na cozinha usando uma das camisas do Jamie e amando ainda sentir seu cheiro. O aroma da comida fez minha barriga roncar. Parecia que tinha um buraco enorme de tanta fome. Jamie estava pronto para o trabalho e belíssimo tomando seu café enquanto lia alguma coisa no tablete. — Bom dia, maridão. Olha como ele está lindo. — Jamie me olhou carrancudo.
— Bom dia, Tita. Quer comer alguma coisa? — Lúcia foi logo levantando da mesa e tentando me servir.
— Pode deixar Lúcia, eu mesmo me arrumo aqui. Estou com muita fome. — Peguei pão, queijo, presunto, bolo e café com leite. Tanta comida gostosa, meu pai. — Lúcia, você tinha que ter ido a festa ontem. Puta gente chata. E o Jamie ainda me deixou sozinha por um tempão. Foi horrível. — Enfiei metade do bolo na boca. Sou uma esfomeada.
— Porque fez uma coisa dessas com a Tita? Coitadinha. É horrível ficar em uma festa sem conhecer ninguém. — Jamie largou o tablete e me encarou. Ele não gostava de brincadeiras.
— Ela não ficou sozinha por muito tempo. Tinha uma taça de champanhe em uma mão e um filho da puta na outra.
— Só estávamos conversando. — Levantei e sentei em seu colo. Jamie ficou surpreso mas não me afastou. — Você é muito ciumento. — Fiquei de costas pra ele e trouxe meu prato. A mão dele agarrou minha coxa com força e rebolei até sentir seu pau duro. — Sabia desse ciúmes todo do seu filho, Lúcia? — Ela sorriu.
— Não pensei que fosse tão passional. — respondeu sem graça. — Soube da briga e achei muito rude. Deveria ter ficado com sua mulher em primeiro lugar.
— Pare de ficar do lado da Tita. — Jamie tentou parecer desgostoso mas dava pra ver que não estava chateado.
— Sinto muito querido, mas Lúcia gosta mais de mim. — Ela levantou sorrindo e antes de sair disse:
— É verdade. Gosto mais da Tita.
— Você não tem jeito mesmo, não é. — Levantou me tirando do seu colo. — Vou trabalhar e volto a noite. Comporte-se!
— Não vá trabalhar. Fique hoje comigo. Está chovendo e com esse friozinho gostoso vamos ficar no quarto, debaixo das cobertas, fazendo um sexo bem safado.
— Não posso. — Passou por mim e foi embora. Uma coisa que já percebi nessa semana de casada é que o Jamie não gosta de muito papo. Ele não conversa sobre quase nada e mal responde quando pergunto. Uma vez o Felipe me falou que o Jamie é muito recluso. Não tem amigos ou família, além da Lúcia, é claro. Talvez interaja apenas com as pessoas do trabalho. Engraçado porque na hora do sexo, ele fala tanta baixaria, meu pai. Toquei meus lábios e pensei em seu beijo. É tão dominador que me suga todas as forças. De repente sentir a necessidade de sentir seu beijo, sua força, seu corpo... só um pouco mais. Corri até a porta principal e o carro estava chegando no portão. Chovia muito é quase escorreguei quando atravessei o jardim.
— Jamie... Jamie... — Gritei desesperada. A chuva já tinha me deixado ensopada. O carro parou e abrir a porta do passageiro.
— O que está fazendo? Porra! Vai ficar doente, caralho. — Agarrou meu braço e me puxou para o carro. — O que estava pensando?
— Quero meu beijo de bom dia. — Jamie piscou como se lutasse para manter a pose de homem mal e sem coração. Encostei minha boca na dele e suguei o lábio inferior. Apertou minha cintura com suas mãos grandes e pesadas. Sou tão pequena perto dele e amo isso. Agarrou o cabelo da minha nuca e puxou, mantendo minha cabeça presa. Jamie gosta do controle e nesse momento tentava me controlar e manter o próprio.
— Entre na casa.— Falou com a voz rouca de desejo. Soltou meu cabelo e abriu a porta do carro. Sorri pra ele e sai. Voltei para casa e subi as escadas correndo. Estava molhando todo o chão mas que se foda, depois limpo. Tirei a roupa encharcada e peguei uma toalha para secar o cabelo. Uma semana casada com o Jamie e parece que temos uma vida juntos. Ele é muito fechado mas ao mesmo tempo é muito carinhoso...
— Você é uma puta safada. — Levei um susto quando o vi parado perto da porta. Estava sem o paletó e a gravata. A camisa com alguns botões grosseiramente apertos. Fiquei parada, completamente nua e fascinada com sua beleza e força. — Deita na cama com esse rabo pra cima. Agora! — Olhei para a mão e vi o cinto enrolado em seu punho. Os dedos apertaram o couro e as veias saltaram pelo braço. Eu não tive medo. Não sei porque mas apenas fiz o que mandou sem pensar no aconteceria depois. Sentia como se precisasse do Jamie de uma forma tão crua e ruim... Nunca me senti assim com o Daniel. O sexo nunca foi tão violento. É como se o Jamie fosse descobrindo todas as minhas camadas. Com ele não preciso fingir ou esconder quem eu sou. Com o Jamie posso ser tudo ou nada, boa e malvada, posso ser a sua puta na cama e a esposa. Olhei de novo para o cinto e sorrir. Quero que saiba que tava tudo bem pra mim. Deitei sobre a cama quieta, esperando ansiosa por qualquer coisa que fosse fazer. Estava disposta a permitir tudo. O cinto tocou minha bunda levemente. Era quase como um afago. Minha boceta estava molhada e quente. Queria empinar a bunda e implorar por qualquer atenção. Jamie agarrou minhas coxas e me fez ficar de joelhos. Continuei com rosto colado na cama. Estava aberta e excitada. Então ele bateu o cinto no meu clítoris. Agarrei o lençol babando com o prazer que cintilou pelo meu corpo. Antes do prazer sumir, foi a vez da dor surgir com o toque pesado do couro em minha bunda. Doeu pra caralho mas eu queria mais. Muito mais. E o Jamie fez. Bateu tantas vezes que perdi a conta. Foi como entrar em um frenesi de dor absoluta. Minha respiração estava ofegante e a mente flutuando sem conseguir focar em um pensamento racional. Ele parou e ouvi o cinto cair no chão e o zíper da calça sendo aberto. Jamie agarrou minha cintura e meteu com tanta força que gritei agoniada. Foi bruto e gostoso. Ele empurrava o pau enorme em minha boceta pequena com vontade e raiva. E eu gritava entregue ao prazer extremo.
— Mais forte... porra! Vai mais forte cacete. — Gritei descontrolada. — Puta merda, vou gozar... Jamie eu vou gozar... — Desabei na cama quase morta. A bunda ardia mais que tudo e minha boceta tava só os farrapos. Jamie foi até o banheiro e voltou com uma pomada. Passou por toda minha bunda e aliviou um pouco.
— Você é uma diaba. — Deitou na cama e me puxou para seus braços.
— Sou um anjo. — Ele sorriu. — Você tem uma mão pesada. — Acariciei o peito duro e musculoso. — Não sabia que gostava de bater assim.
— Qual o seu limite para dor? — A pergunta me pegou de surpresa. — Gosta mais da dor ou da submissão?
— Nenhum dos dois. — Ele agarrou meu cabelo e puxou minha cabeça para trás.
— Não é verdade. Você tem mais prazer na dor ou na submissão? — Perguntou de novo. Mordeu meu pescoço como um vampiro sedento. Sabia que ficaria marcas mas deixei. Eu gostava da sensação dos dentes cortando minha pele e de imaginar nas marcas que ficariam.Talvez esteja ficando maluca, não tem outra explicação — Gosta da dor, não é? Minha pequena safada e masoquista.
— Nada disso. Só gosto do sexo.
— Não mente pra mim. Você olhou para o cinto com desejo e com vontade de ser machucada. Não era isso que planejava fazer com você, até ver a sua necessidade e como desejava aquilo. — Não falei nada. Ele estava certo. Eu quis muito ser machucada. Não senti prazer na dor mas sim, satisfação. Era como se eu merecesse o pior dele. Não fui capaz de conter toda minha confusão e medo e chorei. Jamie me abraçou forte e ficou me segurando por muito tempo. Queria voltar ao normal e agir como uma mulher madura mas não conseguia.
— Porque não posso ser igual a todo mundo? Porque tenho que ser maluca? — Consegui falar entre soluços.
— Não é maluca mas  precisa conhecer seus próprios desejos, entender o que é bom e ruim. — Beijou minha cabeça e abraçou mais forte. — Porque deseja a dor?
— Eu não sei... — Ele me deitou na cama e veio por cima. Não queria olhar pra ele naquele momento. Estava vulnerável demais para qualquer confronto sobre meus sentimentos.
— Olhe pra mim. — Segurou meu rosto e me encarou. — Fale comigo.
— Você não gosta de papo. — Tentei ser engraçada mas ele não sorriu. Continuou esperando uma resposta que nem mesmo eu sei. — Acho que me sinto culpada. Poxa, olha pra mim. Não tenho nada de especial... — Falei qualquer coisa que veio a minha cabeça.
— Culpada de que? — Tentei sair mas ele segurou com mais força. — Culpada de que?
— Não deveria estar aproveitando tudo isso. Gostando de nós. Era pra ser ruim, assim como foi no primeiro dia mas... É bom estar com você e a Lúcia é tão gentil comigo e sempre quer saber como estou me sentindo, se comi ou dormir bem. Estou nessa casa linda e desfrutando de coisas... — Fechei os olhos e tentei organizar meus pensamentos. — Jamie... É estranho ter alguém cuidando das minhas necessidades. Sempre fui a pessoa que fazia isso pelos outros. — Ele alisou meu rosto — Desde à época que meu pai ficou doente que tenho me preocupado com dinheiro. As contas não paravam de chegar e a mamãe não conseguia lidar com todos os problemas. Então tomei a frente de tudo. Passei a trabalhar na empresa durante o dia e fazer o cursinho pré vestibular a noite. Era eu quem pagava as contas, fazia comida, supermercado, limpava a casa e levava meu pai para a quimioterapia.
— Quantos anos tinha?
— Entre dezesseis e dezessete.
— Jovem demais. — Sussurrou.
— O sexo com você é incrível. — Ele sorriu mostrando os malditos caninos. — Nunca transei tanto na minha vida. Juro! Não tenho que me preocupar com dinheiro ou pagar as contas. Você me deu um carro maravilhoso e pagou todas as minhas dívidas. Mamãe está tento o melhor tratamento e no final ainda vou ter mais dinheiro. Nada nunca deu certo pra mim. Sempre que minha vida parecia estar no rumo certo, alguma coisa ruim acontecia. Então porque devo me sentir feliz? Parece errado. Não sei porque mas sinto culpa por tudo estar indo bem, consegue entender? — Jamie não falou nada e me encarou por alguns segundos. Beijou meu queixo e meus lábios.
— Nada de ruim vai acontecer com você.
— Não tem como saber.
— Dou minha palavra que pode ser feliz sem medo. Eu vou fazer você feliz. Prometo! — As palavras e o carinho me deixaram mole. Senti até um calorzinho no peito. E novamente quis chorar mas respirei fundo e segurei.

Louca ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora