Capítulo 03

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Capítulo três

— Que dor dos infernos! — minha cabeça parecia pesar uma tonelada e meu corpo estava dolorido como se tivesse levado uma surra. Gemi agoniada com a ressaca desgraçada. — Meu senhor Jesus! O que é isso? — sussurrei em pânico quando algo duro tocou minha bunda. Alguém esfregou aquela tora em minha pele e fechei os olhos novamente com medo de me virar e descobrir o estranho na minha casa. Em minha cama. Deus, nunca mais vou beber assim. Respirei fundo quando os braços do dito cujo enlaçaram minha cintura e a perna pesada foi jogada por cima das minhas. Procurei respirar com calma e continuar fingindo que dormia. Precisava levantar e pegar uma faca na cozinha para expulsar esse estranho. Tentei não mexer muito para não acorda-lo mas quando fiz menção de sair da cama, recebi um beijo na nuca e um outro roçar duro na minha bunda. Por favor, que esse homem seja um cara responsável e tenha usado preservativo.
— Bom dia, pequena provocadora. Como se sente? — ainda estava bêbada ou louca. Estou ouvindo a voz do Jamie bem ao pé do ouvido. Juntei minha pouca coragem e virei para descobrir se precisava ser internada.
— AAHHHHHHHHHHH — gritei pulando da cama. Grande erro! O lençol estava enrolado nas minhas pernas e caí de cara no chão.
— Não tem como ficar pior — murmurei enfiando o rosto em minhas mãos.
— Acredite, pode! — gritei novamente quando ele bateu forte na minha bunda. Nesse momento me dei conta que estava nua. Sem nada para cobrir meu corpo. Com a bunda exposta para o cara que me comeu a noite. Procurei minha dignidade mas a única coisa que encontrei foi uma dor de cabeça horrível. Peguei o lençol e enrolei em meu corpo inteiro, quase como uma burca e fiquei em pé afastada da cama. Queria me sentir protegida. Claro, que era uma ilusão ridícula. Jamie sorriu enquanto espreguiçava-se completamente nu. O pau estava duro e fiquei passada de como era bonito. Pau nenhum é bonito! Mas o dele é perfeito. Sacanagem, não é não?
— Que diabos faz aqui? — levantou com a ereção apontando para o teto. Fiquei petrificada com aquele homem espetacularmente perfeito. Meus olhos arregalaram e quase tive um outro ataque de pânico, imaginando a noite de ontem. Droga! Não me lembro de nada. — Isso não entrou em mim, não é? Não tem como. Meu maior vibrador tem metade desse monstro e mal consigo colocar tudo. — ouvi uma gargalhada e fechei os olhos querendo me chutar por deixar os pensamentos passarem por minha boca sem filtro.
— Sem dramas cadelinha. Apesar de me oferecer um boquete e pedir para fazer sexo com você usando seu vestido de noiva...
— Eu fiz o que? — minha cabeça martelava sem parar. Bum bum bum. — Jamie... não me diga que transamos com meu vestido de noiva. Ele foi caríssimo e estou guardando para quando encontrar um homem que me aguente por mais de um ano.
— Sei respeitar uma mulher. Você não estava conciente. — ele falou com tanta raiva que dava para sentir em cada palavra. Soltei o ar aliviada e sorri pensando que ele devia está frustrado. Jamie voltou a sentar na cama e evitou me olhar. — O que fez não tem desculpas. — rosnou com raiva.
— O que fiz? Ofendi você?
— Se colocou em risco, porra! — rosnou como se tivesse a ponto de explodir.
— Calma. Foi apenas uma bebedeira. Ish! Já fiquei pior que isso várias vezes. — ele levantou e arrancou o lençol de mim. Gritei quando me jogou na cama. Jamie ficou em cima de mim e segurou minhas mãos no alto da cabeça. Me debati com medo querendo sair enquanto seus olhos verdes pareciam mais escuro e violento. Ele não é um homem para brincadeira e tem força para fazer o que desejar comigo.
— Não estou gostando dessa merda. Me largue! — ele apertou mais forte. Usou o quadril para afastar minhas pernas e me deixar exposta.
— Você gosta disso, cadelinha? Gosta que um homem force sobre você? — o pênis dele roçou minha entrada e novamente quis me afastar. — Acha que é prazeroso um homem subjugar, ameaçar e estuprar você? Empurrar um pau sujo dentro da sua bocetinha pequena? — eu já não olhava pra ele. Meus olhos estavam cheio de lágrimas. — responde, caralho! Responde! — exigiu com raiva. Não entendi o que estava acontecendo.
— Não! — o pior foi quando me virou. Mondou sobre minha bunda e empurrou meu rosto no colchão. Eu parei de lutar. Não tinha como sair daquela situação. Estava com tanto medo que não conseguia respirar.
— Ninguém nunca se contentaria com uma buceta se tem essa bunda enorme tão vulnerável. Já fez sexo anal, cadelinha? — neguei com a cabeça. Meu coração acelerou e chorei.
— Já tentou? — bateu em minha bunda tão forte que me encolhi.
— Sim! — a voz saiu abafada.
— O que sentiu? — comecei a chorar. — responde!
— Doeu. Doeu muito e pedi que parasse.
— Acha que suas suplicas fariam parar? — Porque ele estava fazendo isso comigo?
— Por favor, Jamie pare. Eu estou com medo. Por favor, pare. — se afastou e tentei levantar e correr mas ele me abraçou por trás e me segurou. Eu quis sair mas não tinha forças para afasta-lo.
— Calma, querida. — suavizou o tom de voz. — não quero machucar você. — beijou meus cabelos e alisou minhas costas. Não consegui ficar calma e parar de chorar. Queria ele longe de mim. — Nunca faria nada disso com você. Nunca a tocaria sem permissão.
— Porque me assustou assim? Me solte, por favor, não estou dando permissão agora. — Minha voz estava estatalada e meu nariz escorrendo e para piorar estavamos os dois pelados. Não tinha como me sentir mais vulnerável.
— Quero que entenda o que poderia ter acontecido ontem. De que as pessoas não são confiáveis e os homens não pensam duas vezes quando querem abusar de mulheres. — Que diabos ele está falando? — Lembra do que aconteceu ontem? — alisou meu braço e me virou para olhar pra ele. — qual a última coisa que lembra? — Ele limpou meu rosto e beijou minha testa. — Do que lembra, querida? — perguntou de novo e puxei na memória.
— Bebemos cerveja na mesa e depois uma banda começou a tocar. Eu estava com fome, não tinha jantado então... Leandra pediu uns petiscos. Depois uns caras chegaram e... — tava tudo branco. Eu tentei lembrar e não consegui. — Não tem mais nada. Está tudo branco e confuso.
— Meu segurança seguiu vocês e cuidou de longe. — fala sério! Que merda é essa? — Ele ligou avisando que as duas tinham entrado no carro desses vagabundos e pareciam embriagadas. Quando cheguei aqui percebi que não era apenas embriaguez. Eles a drogaram. Não preciso dizer as intenções, não é? — olhei para o teto surpresa e aliviada. Deus!
— Leandra está bem? — Meu Deus! Sempre tomamos muito cuidado com nossas bebidas. Jamais aceitamos nada de estranhos, nunca deixamos nossas bebidas na mesa. Como aconteceu? Em que momento...
— Ela está bem. Meu segurança a levou para casa e permaneceu lá para qualquer eventualidade. — fiquei aliviada.
— Você saiu da sua casa de madrugada para me ajudar? Porque Jamie? Você não me conhece. Eu só trouxe frustração.— Meu medo é que ele fosse um stalker assassino. Onde fui meter meu burro? Me afastei devagar imaginando uma forma de sair desse quarto.
— Eu cuido do que é meu! E você é minha! Minha mulher! — neguei com a cabeça. Meu coração voltou a acelerar. Fazia tanto tempo que estava lutando sozinha que desejei ter alguém para cuidar de mim. Só um pouquinho, sabe? Mas não quero um cara que me controle e coloque seguranças em meu encalço. Não seja estúpida, Tita. Foi graças a ele que você não foi estuprada e morta. Meu Deus!
— Não posso! Eu não posso me comprometer com ninguém. Não posso ser sua namorada. — ele me puxou novamente para perto dele.
— Não quero namorar com você. Não vai existir envolvimento afetivo. Sinto atração e quero trepar com você. — voltei a olhar pra ele.
— Na lata? — franziu o cenho como se não entendesse.
— Não sei o que uma lata tem a ver.
— Figura de linguagem, Jamie. Acorde! — voltei a me afastar um pouco mais calma — Então quer ser meu amigo de foda. — a nossa nudez parecia não incomodar naquele momento.
— Não quero ser o seu amigo. Vamos ser amantes! Vou alugar um apartamento confortável — olhou com desagrado para o meu quarto e acabei fazendo o mesmo. Saco! — Basta escolher o que mais agradar. Ficarei responsável pelas despesas do imóvel e terá uma quantia considerável em conta. Assim como cartões de crédito para gastar com o que bem entender. — acho que meu queixo foi parar nos pés. Ele acabou de propor que me torne uma prostituta de luxo. Caralho!
— Você tem namorada! — o pensamento foi como um estalo em meu cérebro. — Meu Deus! Você é casado! — levantei rápido da cama e procurei uma roupa pra vestir. — Não me relaciono com pessoas comprometidas. Vaza daqui agora. Agradeço o que fez por mim mas pode ir embora.
— Não sou casado e muito menos tenho namorada. Você seria a primeira com quem desejo ficar por um tempo. — Lembrei que o Felipe comentou uma vez que o Jamie não se envolvia com ninguém. Os casos dele duravam no máximo uma noite. Terminei de vestir o short e peguei uma camiseta no chão e vesti também. A nudez precisava acabar agora.
— Então porque fez essa proposta absurda de sermos amantes e me sustentar?
— Não é assim que se faz?
— Claro que não! — arrumei o cabelo da melhor forma possível e tentei não explodir. — Olhe, vamos esquecer essa merda de amantes, apartamento e dinheiro. Você foi muito legal pra mim. Meu herói! Meu super herói. Meu super hiper mega herói. Protetor de todos os tempos e estou devendo uma gigante a você. Só não precisava me assustar assim. Sacanagem do caralho, porra! — fui até meu guarda roupa e achei minha caixinha do aperto. Tinha trinta reais bem guardados, que uso sempre que estou sem nada. No zero mesmo. Peguei imaginando no que faria para agradecer.
— Vou correndo na padaria ali da esquina e preparar o melhor café da manhã que trinta reais pode fazer. Eu sou boa cozinheira, você vai ver. Me espere! — calcei minhas havaianas e corri. Estanquei na minha cozinha e quase tive um treco. — Senhor Jesus! É o milagre fora de época. — Jamie apareceu em minhas costas e meu estômago roncou. Minha mesa velha estava bonita pela primeira vez em muito tempo.
— Pedi que trouxesse o café da manhã. Sabia que acordaria com fome. Espero que tenha tudo que goste. — ele me abraçou e beijou meu pescoço. Tinha colocado a calça pelo menos.
— Deus do céu homem! Um pão com ovo teria me feito pisar nas nuvens. — guardei meu dinheirinho no bolso. Estava com vergonha porque provavelmente ele viu que não tinha nada na geladeira. Precisei me afastar de novo. Ele está sempre me tocando e isso me irritou muito naquele momento. Voltei para o quarto que fiz de dispensa e peguei uma cadeira de escritório. As da minha cozinha com certeza não sustentavam o Jamie. Também precisava de tempo para me recompor. Calma, Tita. Não está aqui para impressionar ninguém. Ele é um homem como outro qualquer, cacete. Caga, peida e arrota, como todo ser vivo na terra. Respirei fundo e levei a cadeira pra ele sentar. — Essa é melhor! Sente aí que vou servir você. — Jamie sentou. Segurou minha mão e me fez parar.
— Olhe pra mim. Eu disse que vou cuidar de você. Não precisa ficar com vergonha. — puxei outra cadeira e sentei.
— Esse negócio de cuidar de mim, não dá certo. Você é super gente fina, cara ótimo, cuidadoso e tal mas não vou ter um relacionamento apenas com sexo. Sei que pode parecer ridículo mas não estou transando com o primeiro que me joga contra a parede. Gosto de namorar. Quero alguém sério, sabe? Apresentar aos pais e brigar com a sogra. Falar mal da cunhada e dos primos vagabundos. Intimidade de verdade. Um relacionamento com etapas. — franziu o cenho e confirmou com a cabeça.
— Come!
— Quer café? — perguntei ignorando a ordem dele. Servi o café e depois um suco pra mim. Tinha tanta coisa que não sabia por onde começar. — Puta merda! Minha mãe comprava essa geléia para o meu pai e não me deixava comer porque era muito cara. Eu sempre roubava um pouco. — ele parou de beber o café e me encarou enquanto lambuzava geléia na torrada. Comi uma depois a outra até me dá conta que o Jamie me encarava.
— Pare de gemer enquanto come.
— Porque? — Pare de provocar o homem, sua desmiolada. Ele pegou minha mão e levou para o pau duro. Puxei de volta e quis muito provoca-lo. Não entendo essa minha necessidade de tirar o Jamie do sério. — Você é pervertido! Pare de pensar em sexo e come! — não gostou que usei o mesmo tom de voz que ele para dar ordens. Levantei para pegar água na geladeira e levei outro susto. Minha geladeira estava cheia. Queijos, iogurtes, leite, suco. Por favor não! Abri os armários e também estavam lotados com comidas. Comidas de verdade.
— Jamie... isso é tão invasivo. — Senti como  uma inútil. Uma mulher que não consegue cuidar de si mesma. — O que mais você fez, homem? — o olhar dele era de satisfação e realmente me irritou.
— Jamie... — ele bebeu o café devagar. Parecia que não se preocupava com meu desconforto.
— Você tem muitas contas atrasadas. — olhou para sala e fiz o mesmo. No sofá, uma pilha de papéis chamou minha atenção. Arregalei os olhos com medo de olhar o que estava lá. Marchei até a sala e peguei as contas.
— Você pagou? — ele não respondeu. Vi meu celular jogado e fui no aplicativo do meu banco. Minha conta estava com vinte mil reais. Segurei firme o aparelho contra meu peito e me senti mais exposta do que quando estava nua com ele no quarto. Eu sei que tem dinheiro, que tudo o que fez hoje é pouco comparado a sua fortuna mas não gostei da sensação de impotência. Fui no meu aplicativo e fiz uma nova transferência pra conta que estava registrada
— Não preciso que me pague por sexo. Não vou transar com você por dinheiro. — Pronto! Decidi que vou preservar minha sanidade mental e me afastar. É o melhor a se fazer. Jamie pegou o celular e digitou alguma coisa.
— Você precisa de dinheiro. — voltou a beber o café como se nada tivesse acontecido. Olhei minha conta novamente e vinte e cinco mil apareceu lá.
— Não pode me dá dinheiro assim, que merda. — devolvi novamente e ele pegou o celular. Corri desesperada para pegar o aparelho da mão dele mas ele ficou de pé rapido e esticou os braços. O filho da puta é alto pra caralho. Pulei para pegar mas não chegava nem perto. Parecia um jogador de basquete.
— Posso fazer isso o dia inteiro, querida. — ficou de costas e voltou a digitar. — agora você tem trinta mil. E se devolver vou aumentar e vai dar merda no seu imposto de renda. Muitas movimentações suspeitas. — Puta merda! — Não posso me envolver com um homem por dinheiro. Não posso! Se eu ficar com o dinheiro dele teria que transar por obrigação. Estaria me vendendo e nunca fiz isso. Nunca! Eu gosto do Jamie, bem verdade. Ele é lindo, cheiroso e tem uma pegada, senhor! Transaria com ele sem problemas, depois que nos conhecermos melhor. Agora com o dinheiro na questão vou me sentir uma puta. E isso não é legal.
— Jamie... meu Deus, homem vamos conversar por favor — sentei e ele fez o mesmo. — obrigada pela visita ao supermercado. Foi muito gentil da sua parte. Você é meu cara preferido hoje. Mas não vou sair com você por dinheiro, caralho. — respirei fundo uma, duas, três vezes, antes de continuar. — Você recebe o seu dinheiro de volta e nós dois saímos a noite para um encontro bem legal. Eu escolho o lugar. Você vai amar, garanto. — peguei meu celular e devolvi o dinheiro. Ele pareceu concordar.
— Quando a gente trepar, vai ser porque os dois querem de verdade. Nada de dinheiro envolvido, pode ser? Ah, e sobre as contas, vou pagar entendeu? Fica como um empréstimo. Ótimo! Que bom que concordou. — falei rápido. Ele me olhava como uma maluca.
— Pego você às sete horas.
— É cedo demais. Passe aqui nove horas. — ele concordou e foi até estranho. Logo depois me beijou e foi embora. Que loucura!

Louca ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora