Capítulo 24

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Jamie afrouxou o aperto em meu pescoço mesmo não me deixando livre. Seus olhos estavam escuros e o verde iluminado quase se tornou um castanho escuro. Levantei minha mão trêmula e toquei seus lábios carnudos e vermelhos, querendo sentir o seu gosto em minha língua. Um dia e me sinto em uma agonia horrível. Passei anos com o Daniel e mesmo quando me deixou não fiquei como estou por um homem que entrou em minha vida a pouco mais de dois meses. 
– Não me toque – Falou entre os dentes. Ele também sofria. Estávamos partilhando da mesma dor e desespero. Jamie poderia fingir muito bem camuflando a sua tristeza em ódio mas eu conhecia aqueles olhos.
– Senti sua falta... – Não me importei com o que aconteceria depois e fiz o que meu coração exigiu. Agarrei sua nuca colando minha boca na dele. Gostoso.  Tínhamos essa ligação elétrica e quando nossos corpos se encontravam saia faísca. Parecia um deja vu e a lembrança do nosso primeiro beijo veio a minha mente. Suas mãos agarraram meus seios e me esfreguei em sua ereção ouvindo seus gemidos sobre minha boca. Usei seus ombros para me impulsionar e pulei em seu colo cruzando minhas pernas em sua cintura.
– PORRA! – Gritou quando passou a mão em minha bunda e descobriu que não usava nada por baixo. Desferiu tapas em cada lado do meu traseiro e quase chorei com a dor. – Desce da porra do meu colo.
– Não! Quero que me escute olhando nos meus olhos. Ok? – Dei um selinho rápido e percebi que se ele quisesse me afastar não teria problema em fazer. Ele era forte, bem cuidado e definido em músculos  – Sei que a merda toda aponta em minha direção mas acredite quando digo que não fiz nada contra você ou sua empresa. Sei que ama tudo que construiu e respeito isso. Tenho milhões de defeitos e você conhece um bocado deles. Sou impulsiva, desordenada, atrapalhada, instável, irresponsável e por aí vai. – Ele continuou me olhando nos olhos sem falar nada – Mas tem uma coisa que não sou. Não sou desleal ou desonesta. Foi você quem me procurou e mesmo com todas as suas ameaças, me apaixonei perdidamente e agora não vou aceitar que me afaste. Você me ama também. Talvez me amasse antes que conseguisse perceber e por isso está tão chateado. Vou conseguir provar que sou inocente e vamos ficar de novo bem. Juro! – Ele voltou a sorrir de um jeito cínico e perverso.
– Acha realmente que o mesmo truque barato terá o mesmo resultado? Quem te mandou para me seduzir? Poderia ter feito algo mais original do que aparecer me oferecendo essa boceta ordinária. Quem mandou você aqui? – Perguntou novamente e a maneira em que apertou a minha cintura me fez estremecer. Violência! Esse foi o olhar do Jamie para mim. Eu achei que tinha visto sua raiva antes mas agora era a explosão do ódio. 
– Ninguém me enviou. Na verdade soube que o Felipe foi demitido e... – Tentei explicar porque estava aqui e vestida desse modo mas não deixou.
– Achou que esse showzinho de puta apaixonada funcionaria comigo? – Fiz menção em tocar novamente seu rosto mas desta vez fui impedida por sua mão. Jamie segurou meus pulsos cruzando meus braços em minhas costas. – Pensou que usando uma maldita camisola e esfregando essa boceta suja em meu pau seria capaz de me manipular novamente? Você realmente não me conhece – Sorriu de um jeito assustador – Mas vai saber do que sou capaz mais rápido que imagina. – Desci do seu colo e ele continuou a me segurar com os braços cruzados nas costas e os peitos empinados em sua direção. – É mesmo uma prostituta ordinária e fodida. – Suas palavras me feriam como espinhos.
– Não me chame assim – Comecei a chorar como uma estupida e tentei me afastar, sem muito resultado.
– Quero me corrigir. Você foi à puta mais cara que tive o desprazer de levar para cama. Uma vadia sem classe, uma bêbada idiota que a única coisa que fez foi me dar trabalho. Sua sorte é que meu pau não é muito seletivo e levanta pra qualquer buraco, desde que seja mulher.
– Não é verdade. Você me disse que eu era especial – Ele me virou, fazendo minhas costas bater em seu peito. Caminhou comigo até perto de uma janela enorme que ficava atrás de sua mesa. Colou meu rosto contra o vidro e novamente tentei sair do seu aperto.
– Acha mesmo que é especial? Porque se fosse especial às pessoas não tentariam ficar o mais longe de você. Ninguém a quer por perto. Você é suja como uma cadela. Bêbada puta ordinária e inútil – Desabei sendo mantida em pé apenas porque ele me segurou. Toda a minha insegurança voltou a tona e comecei a aceitar suas palavras como verdade. Ninguém nunca ficava comigo. Lembrei-me dos surtos em que minha mãe gritava que não me suportava. Que deixei meu pai morrer e que nem mesmo o Daniel conseguia ficar ao meu lado. Ninguém é capaz de me amar... – A única coisa que todos querem é usar esse corpo. Seu noivinho vagabundo e imbecil fez isso por muito tempo depois que a deixou nas vésperas do casamento. O filho da puta foi mais esperto que eu. Mesmo depois de ser abandonada e humilhada você continuou abrindo as pernas pra ele. Eu também fiz a mesma coisa, comprei você para me servir como uma prostituta em tempo integral e devo dizer que foi até divertido por um tempo.
– Você me quis. Casou comigo. — sussurrei. 
– Lembra do que falei quando propus o casamento? Responde.
– Que... – Não conseguia falar – Era apenas sexo mas que também precisava de companhia... Jamie pare com isso, por favor – Supliquei. 
– Agora você está se achando especial? Responde. Você é alguém especial?
– Não sou. – Murmurei entre soluços – Não sou nada.
– E sabe por que não é especial?
– Porque não tenho valor.
– Porque você não vale nada. – Ele repetiu. Baixei minha cabeça contra o vidro e chorei em agonia – Sua mãe fez a mesma coisa quando não se importou em cuidar de você. Ela deveria saber a vagabunda que era. Você não tem ninguém a quem voltar, a quem pedir por ajuda. É melhor tirar sua presença imunda do meu escritório e voltar para sarjeta que é o lugar de uma cadela como você. – Ele me soltou e enrolei meus braços em volta do meu corpo buscando forças para fazer meus pés andarem. Passei por ele sem olha–lo e agarrei minha bolsa que estava no chão. Fechei a porta e ouvi seus gritos e o barulho de coisas sendo lançadas no ar. Jamie tocou a ferida que carregava faz muito tempo e tentava camuflar através de sorrisos, brincadeiras e uma falsa felicidade. Sempre fui deixada para trás. Cuidei sozinha do funeral do meu pai enquanto minha mãe estava jogada na cama dopada por remédios. Com dezessete anos precisei correr atrás de uma funerária que não fosse muito cara, já que não tínhamos mais dinheiro depois que pagamos o hospital e o custo de manter ele em casa. Precisei limpar o seu corpo magro e vestir o seu terno preferido. Depois me mantive forte para segurar minha mãe quando chegamos em casa depois do enterro. Ela tentou morrer e nem por um segundo pensou em como ficaria se perdesse os dois no mesmo dia. Por sorte a impedir de cometer essa loucura. Estava na faculdade quase perdi o semestre porque precisava vigia–la. E mesmo com os olhos abertos sobre sua condição ela tentou novamente cometer suicídio, desta vez engoliu uma cartela inteira de antidepressivos. Já não estava conseguindo lidar com toda aquela pressão e confessei isso ao Daniel e foi então que ele me convenceu que o melhor seria se nos cassássemos. Acreditei quando me falou que cuidaria de mim e da minha mãe. Esperei fazer dezoito anos e marcamos a data de casamento. Ele me deixou a um mês de subir ao altar. Internei minha mãe e trabalhava na empresa que meu pai construiu enquanto estudava. Então o Jamie estava certo quando jogou em minha cara que nunca fui importante para ninguém. Nem pra ele. Andei enquanto pensava em como estava em caminho solitário.  Parei em frente a um bar sujo com o letreiro quase apagado. As mesas eram cobertas por uma toalha que um dia foram vermelhas mas agora pareciam um rosa sem vida. Entrei quase que em automático e me sentei em uma dessas mesas, distante de todo mundo. Olhei o relógio na parede e era quase meio dia. Não me importei em comer nada, precisava esquecer as palavras do Jamie. Precisava esquecer a minha condição de estupida apaixonada. O bar estava quase vazio se não fosse por dois homens que me encaravam.
– O que vai querer? – A voz rouca de uma mulher e o forte cheiro de cigarro me fizeram consciente de sua presença.
– Quero o que você tiver de mais forte – Ela saiu e olhei minhas pernas desnudas e puxei um pouco a camisola para cobrir minhas coxas. Por sorte Leandra é bem mais alta que eu ou teria saído com a bunda de fora. A mulher voltou e me serviu uma tosse que alguma coisa que não perguntei.
– Isso é o que temos de mais forte. – Saiu e virei à bebida que queimou meu estomago como brasa. Quase vomitei tudo e ao invés de sair correndo e ir embora pedi outar, depois mais outra...  

Louca ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora