Capítulo 13

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Jamie

Tita ficou quieta enquanto tirávamos a roupa. Seus olhos pareciam maiores e repleto de expectativa e medo. Quando nos beijamos foi diferente. Doce e apaixonado. Cheio de entregas e promessas, pelo menos da minha parte. O toque ficou mais desesperado e o olhar de pura contemplação. Tita estava feliz por saber do meu amor e por entender o quanto tem poder sobre nossa relação. Era perturbador deixar tanto poder nas mãos de uma garota inconsequente mas não estou arrependido por abrir o que sinto. Estou frustrado por ela não ter feito o mesmo. O sexo também foi diferente. Calmo e devagar. Queria aproveitar cada segundo e sentia que ela também. E depois que acabou Tita virou para o lado e dormiu como se nada tivesse acontecido.
Aproveitei esse momento de descanso e fui falar com a Lúcia em sua casa. Ficar naquele quarto com ela tão tranquila enquanto estou desesperado, não seria bom.
— Pela demora imaginei que tinha conseguido convence-la a ficar. — Lúcia falou assim que entrei na sala. Sentei em seu sofá feio e ela bebeu um pouco de chá.
— Falei que a amava. — Sua reação surpreendeu-me. Ela parecia triste. Achei que estaria dando pulos de alegria com minha confissão e planejamento um futuro fantasioso. Nem mesmo eu acredito que as palavras saíram da minha boca. Abrir meus sentimentos para Tita foi estupido e vergonhoso e deixou-me vulnerável. Ela agora sabe o poder que tem sobre mim, enquanto não sei nada sobre seus sentimentos, se é que tem.
— Como ela reagiu? — Sentou na espreguiçadeira e bebeu mais um pouco do chá.
— Ficou feliz mas não disse que sentia o mesmo ou qualquer coisa parecida. — Recostei no sofá cansado. — Nunca pensei que equilibrar meus sentimentos por uma mulher fosse dar tanto trabalho.
— Falaram sobre como vai ficar o contrato? E se ela não quiser desfazer o contrato e ir embora, como vai ser pra você, meu filho? — Tinha as mesmas dúvidas. — Tenho medo da sua reação, do que pode fazer quando ela quiser ir embora. — Lúcia estava mais que triste, estava apavorada. No fundo ela ver o monstro que está em mim.
— Não falamos sobre nada. Mas se a Tita quiser ir embora, não vou impedir. Não tenho como força-la a ficar novamente e não vou conseguir usar de qualquer chantagem contra ela de novo. — Lúcia não estava feliz com isso. Sei que deseja que a Tita fique a qualquer custo.
— Não quero que vá embora. É muito bom ter companhia em casa e ela é tão boa comigo. Gentil e compreensiva. E ela parece realmente gostar de conversar comigo, sabe?! Ela me chama de "minha Lúcia", como se já fizesse parte da sua família. E eu quero ter uma família, meu filho. Quero netos e bagunça, mesmo que diga que não quer ter filhos, mas imagine como a Tita ficaria linda grávida. — Lúcia sorriu deslumbrada por minha mulher. Não ousei pensar nela carregando um filho. Eu nunca quis filhos ou gostei de ter crianças por perto.
— Sabe muito bem que não quero filhos.
—  E se aceitar ficar casada com você e quiser ser mãe. Você não vai perde-la, por isso não é? Pode abrir uma concessão. — Esperava que a Tita tivesse o mesmo pensamento que o meu. Vi como ficou assustada no cartório, quando Felipe falou sobre a possibilidade da gravidez.
—  Caso aceite permanecer comigo e quiser muito, direi que sou estéril e faço vasectomia.
—  Se mentir, vou dizer a verdade a Tita. —  Segurou a xicara com mais força e seus olhos encheram de lágrimas. — Eu não quero uma vida solitária para você. Nunca quis. Do que adianta ter tanto dinheiro e nunca usufruir de verdade. E pra quem vai deixar todo esse império? sabe que os abutres acabaram com tudo quando não estiver mais aqui. Um filho também é um legado, Jamie. É uma continuidade.
— Sabe que é minha herdeira. — Ela sorriu sem muito gosto.
— Tenho sessenta e sete anos e morrerei primeiro, meu filho.
—  Meu testamento tem você, minha irmã e vou acrescentar a Tita como beneficiaria. — Ela concordou com a cabeça. Precisava fazer de tudo para manter meu casamento com a Tita ou não serei o único na merda aqui. E, tenho medo que a Lúcia fique pior. Amim estava certo com relação aos sentimentos da Lúcia. Ela viveu muito tempo sozinha, e dedicou-se completamente a mim. Agora parece transferir todas as expectativas para Tita.
— Precisa ser um marido melhor. Mais atencioso e carinhoso.
— Estou tentando.
— Não é verdade. E prova disso é noite passada. Que tipo de marido some um dia inteiro e a noite sem dar nenhum explicação a sua esposa? Ninguém faz isso de propósito, meu filho. A sua sorte é que a Tita é boa e tem um coração genuíno.
— Do mesmo jeito que preciso entender caso a Tita não queira ficar, você também precisa aceitar. É provável que sejamos apenas eu e você.
— Eu não aceito isso. — Levantou e foi deixar a xícara sobre a mesa. — Você tem que se esforçar mais. Ficar mais tempo com ela e mostrar o quanto pode ser bom continuar casada. — Voltou a sentar em sua cadeira. — Porque não vai viajar essa semana? Faz uma surpresa e saiam de lua de mel.
— Tenho trabalho.
—  Desculpas idiotas. A empresa não vai falir porque você ficou uma semana de folga.
—  Vou pensar no assunto.
—  Então vocês estão escondidos aqui. —  Tita falou e pensei por um segundo que tivesse escutado mas ela estava alheia a tudo. Veio até onde estava e sentou em meu colo. Puxou minhas mãos para que rodeassem sua cintura. —  Você brigou com ele por deixar a gente preocupada?
— Claro que sim. Muita falta de respeito. —  Lucia falou e Tita bateu em meu braço.
—  Diga a ele que quase fiquei maluca preocupada e que pensei em chamar a policia.
—  Isso é verdade. — As duas pareciam mais cumplices do que imaginavam. Cada dia que passava Tita quebrava as nossas defesas e levava qualquer reserva que tínhamos criado.
—  Vamos embora porque vocês duas resolveram unir forças contra mim. — Tita levantou e a acompanhei. Ela segurou minha mão enquanto voltávamos para casa.  

Louca ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora