Capítulo 26

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Depois de muitos pedidos e choradeiras por parte das minhas lindas Fodonas do grupo no Facebook,  resolvi acatar suas ordens. Então antecipei o capítulo de segunda-feira para hoje. Sou mesmo uma boa menina.

Jamie


Corri desesperado com Tati em meus braços a vendo gritar de dor e curvando-se sem aguentar. Meu Deus o que fiz com ela. Gritei com os seguranças para que fossem mais rápido. 

— Vai ficar tudo bem. Já estamos chegando no hospital. — Tirei uma mexa do seu cabelo que grudou em sua testa suada. Tita não abria os olhos mas eu sabia que ela estava consciente. 

—  Está doente demais. —  murmurou quando a segurei com mais força. 

— Eu vou dar um jeito querida e vai ficar tudo bem. O médico vai consertar o que eu quebrei e depois vamos voltar pra casa. Para a nossa casa. Nossa casa. — O carro mal estacionou na frente do hospital e corri com ela até colocarem em uma maca. Tita segurou minha mão e mesmo quando tentaram me impedir de acompanha-la não permitir. Estaria ao seu lado custe o que custar. 

— Você é o marido? Pode nos dizer o que aconteceu? —  O médico começou a colocar as luvas e olhei para a Tita que mantinha os seus olhos vidrados no teto. — Quando começou o sangramento? 

— É minha culpa. Fizemos sexo... ela sangrou... mas ela não está falando. Amor diz alguma coisa. Diz alguma coisa por favor. 

—  A paciente está em estado de choque e sofrendo um aborto. Tragam o aparelho de ultrassonografia. Mas antes vamos fazer um exame físico. 

— Ela não está grávida. — Minha voz saiu desesperado — Ela tomou uma injeção e não tem como estar grávida. — A enfermeira posicionou as pernas da Tita na mesa ginecológica e ela piscou olhando pra mim. Logo eles fizeram uma ultrassonografia  e tudo estava fora de controle em minha cabeça. 

—  Sua esposa teve um aborto espontâneo. Sinto muito. Vamos aguardar por mais algumas horar para confirmar se houve a expulsão dos restos placentários. Caso isso não ocorra vamos leva-la para uma curetagem, que é quando fazemos a retirada dos restos placentários. Por agora é aguardar. Vou falar com a psiquiatra para fazer uma verificação. — Eu apenas concordei. Deram algum remédio que a fez dormir. Segurei sua mão e lembrei da sua vontade em ter um filho. Filho... Eu matei o nosso filho. Eu a levei ao limite e provoquei o aborto do meu filho. 

Andei pelo quarto quanto a certeza do que fiz cobrou seu preço em minha consciência. Olhei a camisa com sangue dela e do meu filho. Ele sentiu? Quanto tempo ele tinha? Tinha dedos, pernas e coração? Comecei a sentir falta de ar e precisava saber. Por que não parei? Porque me deixei levar pelo ciúme? Não era a minha intenção machuca–la, não fiz racionalmente. Deveria ter ido embora quando a vi no bar. Deveria ter avisado aos seus amigos onde estava e ter ido embora. Encostei minhas costas na parede fria e terrivelmente branca e deslizei até sentir o chão. Enterrei minha cabeça entre os joelhos e tentei manter um pouco de controle. Tita vai precisar de mim. Tita acordou aos gritos e tentando arrancar o soro do braço. 

— AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHH —  Ela gritou quando a puxei para mim e segurei seu braço. 

—  Eu estou aqui. Estou aqui com você. 

—  O meu bebê. Eu perdi o meu bebê.

—  Eu sei. Eu sei. Eu sei. —  Segurei o meu próprio choro. Precisava ser forte. —  Vamos ter outro filho. Vamos ter outros.

—  Eu não quero outro. Eu quero esse. Eu quero o que estava na minha barriga. Por favor Jamie... Por favor... —  As enfermeiras injetaram mais algum remédio e ela apagou em meus braços. Chorando e pedindo que eu devolvesse o filho que tirei dela. Durante a madrugada voltava a acordar por alguns segundos e parecia chorar no sono. A ultima vez parecia mais calma quando abriu os olhos e olhou pra mim ao seu lado. Segurou minha mão e beijei seus dedos. 

– Não quero ficar maluca – Deitei com ela na cama e a puxei para o meu peito. Tita chorou enquanto a segurei mais forte. Dava para ouvir seu coração batendo pesado enquanto acariciava seus cabelos.

– Não vai ficar maluca porque não vou deixar.
– Não quero ficar sozinha. Todos vão embora... – Fechou os olhos e seu corpo amoleceu em meus braços. – Quando acordar estarei aqui – Ela dormiu profundamente. 
– Senhor Carter. — Uma enfermeira me acordou. — O médico logo estará aqui para a avaliação e não pode permanecer na cama com a paciente. — Tentei me afastar devagar para não incomodar a Tita. — Talvez fosse bom pedir que trouxessem um roupa limpa. Não vai ser bom para ela ver sua roupa manchada com sangue. Ou como está acabado. 

— Não posso deixa-la sozinha. 

—  Pode usar o banheiro do quarto. —  Concordei e liguei para o Silveira. Ele estava de folga ontem e não estava comigo. Pedi o que precisava mas deixei claro que não falasse nada a Lúcia. E quando sair para pegar a mala fui avisado que Tita tinha acordado e o médico estaria falando com ela. 

Tita

Quando o médico terminou de explicar o que aconteceu tentei chorar. Tentei sentir mas  nenhuma lágrima surgiu. E apenas observei o Jamie amedrontado. 

— Como expliquei a seu marido vamos precisar fazer a curetagem. Não teve a expulsão... —  Eu não queria mais ouvir nada. 

— Tudo bem doutor. Vamos fazer o que tiver que fazer. —  O medico saiu e Jamie continuou afastado. —  Sabe o que é mais me conforta? É que não vou sujeitar uma criança a você. Que não tenho nenhum vinculo que me deixe presa a você. 

— Eu daria a minha vida para que não precisasse...

— Eu não precisava da sua vida. O que eu te pedia era tão pouco. Eu só queria o seu amor e a sua confiança. —  ele caminhou até a minha cama —  Ele nunca teria chance de ser normal, não é?   Mas eu o queria mesmo depois de saber que não o tinha. Queria ter a sensação de um bebê crescendo dentro de mim — Toquei minha barriga. — Nos o matamos. Eu o matei. Eu deveria ter sentido que tinha um bebê crescendo mas estava tão focada em você e nos seus problemas de confiança, seu egoísmo e dramas que esqueci do meu corpo. Dos sinais que ele me dava. Eu deixei que me arrastasse para a merda da sua vida e teve a bebida, a angustia e toda a tristeza que me causou.  

— Me perdoa. Tita eu vou dar um jeito de compensar...  

– Não quero você aqui. Quero que vá embora e nunca mais me procure. Hoje você morreu pra mim. 

Louca ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora