Sou uma idiota! Que imbecil filho da puta. Doeu muito ouvir dele que não mereço o trabalho. Que não mereço o tempo dele ou qualquer esforço. Isso mexeu com minha auto estima. Daniel me tratou do mesmo jeito. Me fez sentir sem valor. Estúpido! Não deveria me importar com o Jamie. Sou campeã em levar tocos e não foi o primeiro e não será o último a me dá um pé na bunda. Meu celular tocou e fui retirada do meu momento auto depressivo. Meu coração bateu estranho de novo quando vi o nome do Daniel. Era só o que me faltava.
— Vi o Jamie saindo com o cabelo molhado e uma cara de quem comeu e não gostou — Vicente entrou em casa afoito — Você também está com uma cara péssima para quem acaba de foder. — bebi um pouco de café e respirei fundo.
— Não rolou nada e não vai rolar. Ele me dispensou. — O celular tocou de novo. — Daniel me ligando, acredita? Time da porra.
— Deve ter visto a foto que postou no Instagram ontem com o Jamie. E como assim dispensou? Achei que estavam indo bem.
— Estávamos sem camisinha ontem e não rolou nada. Quando foi hoje ele deixou claro que está cansado desse fode, não fode. — Dei de ombros.
— Que merda! — Vicente colocou um pouco de café e bebericou. Aproveitei para abrir o aplicativo e tinha mesmo postado uma foto beijando o Jamie. Lógico que Daniel tinha visto e até curtiu. — Precisa bloquear esse idiota. Sério amiga, deixa esse cara no passado, pelo amor de Deus.
— Ele está no passado. Mas temos um laço forte e não é facil esquecer. — tantas vezes tentei afastar o Daniel da minha vida mas ele sempre encontra um jeito de se aproximar. Sempre falando o que desejo ouvir e prometendo o mundo e o fundo. Eu sei que sou a mulher mais burra desse planeta e preciso tomar vergonha na cara mas estive com ele minha vida inteira. Não é tão simples apagar tudo. O celular voltou a tocar.
— Não atenda! — Vicente tentou pegar o celular mas afastei das mãos dele.
— É a mãe do Daniel. Tenho que atender. — aceitei a ligação. Vicente revirou os olhos.
— Minha filha, como vai? — ela perguntou antes que falasse alguma coisa.
— Estou bem e você? Aconteceu alguma coisa? É que nunca liga tão cedo. — fingi não saber o motivo da ligação mas estava claro que o Daniel tinha apelado para a tia Vera. É sempre assim quando o ignoro. Ele liga pra mãe que liga pra mim.
—Não foi nada, é que Daniel está preocupado. Ele me disse que você não atende suas ligações de novo.
— Tia Vera, não...
— Ele te ama! — ela interrompeu. Isso não era justo comigo. Sempre que tentei seguir em frente minha família ou a família dele interferiam. Todos parecem não ver que não temos futuro. Ele não quer um futuro comigo. — meu filho é um cabeça de vento mas é louco por você. Fale com ele minha querida. Vocês precisam acertar as coisas de vez. — Não poderia negar nada a tia Vera. Ela ajudou a minha mãe quando estava grávida e foi morar vizinha a ela. Tia Vera era mãe solteira de um garoto de quatro anos e logo nossas famílias se tornaram amigas. Estávamos sempre juntos e não foi surpresa quando começamos a namorar. Eu tinha treze e ele dezessete. No início meu pai não gostava da nossa diferença de idade mas logo entendeu que não tinha jeito. Todas as minhas primeiras vezes foi com ele. Nunca namorei sério outra pessoa. Nunca teve espaço para outra pessoa. Já fiquei com alguns caras depois que terminamos, claro. Mas nunca dei um passo adiante nas relações. O mais perto que cheguei foi com o Jamie mas acabei afastando-o.
— Vou atender. Não quero que fique preocupada tá bem? — desliguei o celular e logo em seguida Daniel ligou. Vicente olhou-me com pena enquanto o celular tocava.
— Tita porra! Você tem algum problema? — Daniel gritou ofegante. Vicente me abraçou pelos ombros e beijou o topo da minha cabeça antes de sair. Nenhum dos meus amigos vai com a cara do Daniel. Todos acham que sou uma idiota por ainda falar com ele e não posso questionar sobre isso. Felipe chegou a ficar um mês sem falar comigo depois que transei com o Daniel uma vez.
— Não use sua mãe de ponte. Não quero me afastar dela por sua causa. — sentei em meu sofá velho e tentei ficar confortável.
— Acha que gosto de ligar pra minha mãe e implorar para que verifique se está bem? — não respondi. Não estava no meu melhor estado e não aguentava mais essas merdas. — Quem é aquele homem na foto? Quando vai parar de fazer merda? — Claro que o problema sou eu saindo com outro homem.
— Não comece com cobranças estúpidas porque também posso querer saber quem é Micaela.
— Ela é uma colega de trabalho. Apenas isso. — ele estava mentindo. Daniel postou fotos com ela em uma viagem para Lisboa. E quando fui stalkear a tão Micaela encontrei fotos dos dois agarrados em um jantar romântico. Não era amizade. Não sou imbecil para fechar meus olhos para isso.
— Você está trepando com esse imbecil enquanto estou longe, porra!
— Eu e você não estamos juntos! — fechei meus olhos e lutei para não perder a cabeça.
— Nada mudou pra mim. — suavizou o tom. — Estou sentindo a sua falta. Essa semana foi terrível sem você ao meu lado. Quase não consegui trabalhar, amor. Meu amor... — Uma lágrima desceu em meu rosto e fiz de tudo para não fungar. — Vem me ver ou vou largar tudo e voltar pra você. Não quero passar mais nenhum dia longe. Eu te amo tanto, minha pimentinha sapeca. Você sabe, não é? — fechei meus olhos com força e não aguentei segurar mais. Chorei como uma criança estúpida. — Terminei o projeto da nossa casa e estou louco para mostrar. — não fui capaz de formular qualquer frase. É muito difícil admitir minha fraqueza. E o Daniel é meu ponto vulnerável. Engoli o choro e a vontade de gritar.
— Estou saindo com o cara da foto e estamos nos dando bem. — Consegui falar sem vacilar.
— Tita... Quem é ele? — Sua voz era de deboche como se soubesse que eu jamais me fixarei em outro homem.
— Você não conhece. — Limpei meu nariz e fechei meus olhos para a explosão de dor nas têmporas. Sempre que chorava minha cabeça latejava.
— Deve ser um dos vagabundos que a Leandra empurra pra você, não é? — Detestei o jeito que falou. Foi como se tentasse me diminuir. Como se eu fosse incapaz de encontrar alguém melhor que ele.
— Não tem porque ficar preocupado. Não estou saindo com nenhum sem teto. Pelo contrário, o Jamie tem uma situação bastante confortável.
— Ah, é? E o que ele faz? — debochou de novo. Filho da puta!
— Ele é CEO da Carter Corporation, conhece? Olha no google imbecil.
— Quando vai crescer? Sabe que detesto esses joguinhos estúpidos. Estou aqui falando que te amo, convidando você para viajar comigo e planejamento nossa casa, enquanto abre as pernas para qualquer um. — comecei a sentir culpa e achar que sou realmente estúpida.
— Daniel... pare com isso agora.
— Foi por atitudes assim que precisei me afastar e cancelei o casamento. Você não estava pronta para o próximo passo. — ele estava me manipulando. Tentando me deixar mal por uma coisa que não tive culpa. Quando me pediu em casamento tinha dezessete anos e ainda estava de luto pelo meu pai. Minha mãe era um poço de tristeza e quase nunca levantava da cama. Eu estava sozinha, tendo que lidar com muitos problemas. É claro que quando ele quis casar fiquei aliviada. Daniel cuidaria de mim. Infelizmente não foi assim e ele foi embora faltando um mês para cerimônia. Fiquei sozinha com um vestido perfeito pendurado no cabide, a conta no banco zerada e uma lista de convidados enormes para ligar e devolver os presentes.
— Pare de encher meu saco. — Encerrei a ligação e com muita dificuldade bloqueei seu número. Precisava ficar sozinha e colocar toda essa dor para fora. Abracei minhas pernas e fiquei em posição fetal chorando tudo dentro de mim. O que mais doeu nessa conversa foi ter ouvido as promessas de sempre. Todas as vezes diz que me ama e que vai voltar mas não é verdade. É apenas uma maneira de manipular e manter-me ligada a ele. Depois de alguns minutos lavando a alma, senti raiva. Bom sinal! Detesto me colocar como uma coitadinha largada. Lavei meu rosto e passei meu batom vermelho foda-se o mundo. Arrumei meus peitos no sutiã e baixei um pouco o decote do vestido. Desci pronta para arrasar no trabalho e não deixar ninguém me derrubar. Não quero saber do Jamie ou do Daniel. Fodam-se eles. Não preciso de homem nenhum em minha vida. Tenho um vibrador e ele é perfeito. Nunca reclama e sempre me dá prazer.
— Tem alguma coisa pra mim? — perguntei a Vicente. Ele não questionou sobre a ligação mas deve ter percebido pelos meus olhos vermelhos que a coisa não saiu muito bem.
— Manutenção no sistema de vigilância da academia do Marcio. Posso ir lá, sem problema.
— Não! Eu vou e como é perto daqui, aproveito para andar um pouco. — peguei minha mochila com tudo que precisava e coloquei meus fones de ouvido. Música no último volume é minha terapia. Sempre tenho uma canção para cada momento da minha vida e hoje preciso de algo forte.
Vasculhei minha playlist e encontrei a música perfeita. The ghost i usted to be, Vinnie Paz.
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Louca Obsessão
Chick-LitAté onde um homem pode chegar para ter aquilo que deseja? - Os outros não sei. Mas eu, estou disposto a tudo para tê-la em minha cama. Quanto uma mulher consegue resistir aquilo deseja? - Pode me comprar, humilhar, usar meu corpo mas meu coração...