Jamie entrou cego pela raiva. O primeiro soco atingiu o nariz do Daniel e o fez cair sobre uma mesinha de centro, espatifando vidros pela sala. Afastei o suficiente para ver o Jamie acertar socos mais vezes do que fui capaz de contar. Gritei assustada com a violência em minha frente. Eu não tinha como afastar. Jamie estava como um animal defendendo o seu território. Os sons do seu punho contra os ossos da face do Daniel fizeram com que me encolhesse abraçando meu peito. Eu tentei tirar o Jamie de cima do Daniel mas foi impossível.
— Chega Jamie! — Gritei com medo de acontecesse uma tragédia. Eu não entendia o motivo do Daniel não se mover. Ele nem tentava se esquivar. Novamente tentei tirar o Jamie de cima do Daniel. Não poderia deixar o Daniel morrer e muito menos deixar o Jamie ser preso. — Você vai mata-lo. Pare por favor. — Ele me ouviu e parou olhando sua mão suja de sangue. A respiração estava acelerada. Limpou a mão na camisa e depois arou os dedos pelos cabelos. Estendi meu braço para toca-lo e seu olhar foi do Daniel direto para mim. Tremi reconhecendo o brilho de seu ódio em minha direção. Os olhos verdes faiscavam como nunca tinha visto. — Jamie... Ele me beijou a força. Eu não queria — comecei a explicar — Estava tentando me afastar quando você chegou — Sua mão fechou em meu queixo e gemi com a dor em minha mandíbula. Seu olhar mostrava o quanto lutava para manter o controle e não me machucar. O seu desprezo me acertou pior que um soco. Acho que preferia que ele me batesse até sua raiva passar do ver a decepção em seu olhar. — Acredite em mim. Você sabe que nunca o trairia. Sou louca por você. Eu te amo! — Toquei seu rosto sentindo a respiração ofegante, as narinas dilatadas, o cenho franzido e o olhar duro. Ele fechou os olhos apreciando meu toque. Cheguei mais perto ficando nas pontas dos pés. Toquei seus lábios com os meus e controlei as lágrimas. — Eu te amo. Você sabe que eu te amo — Ele abriu os olhos e tinha apenas dor. Sua testa tocou na minha e dava pra ouvir a raiva em cada respiração.
— Maldita vagabunda — falou entre os dentes — Achou que iria me enganar? QUAL ERA O SEU PLANO? VINGANÇA? ACHOU QUE FARIA DE OTARIO? — Gritou contra meu rosto. — COMO FUI IDIOTA, PORRA! — Deu dois murros na parede ao lado do meu rosto. Segurou meus cabelos puxando para colar as nossas testas de novo. — Você teve tudo de mim. Tudo! — Gemi com a picada em meu couro cabeludo e mesmo assim deixei que descarregasse sua raiva. — Como deixei você invadir minha vida? — segurei sua camisa e enterrei meu rosto em seu peito.
— Precisa me escutar. Sei que fui errada em não falar que ele entrou em contato comigo. Mas queria apenas colocar um ponto final em tudo. Queria voltar para nossa casa e viver a vida que escolhi pra mim. Você é minha escolha sempre Jamie. Eu te amo tanto. — A essa altura comecei a chorar apavorada com a possibilidade de perde-lo. Seu aperto aumentou e quase não conseguia falar. — Não sou assim. Você me conhece. Sabe que jamais trairia você. — Seus olhos suavizaram um pouco. — O Daniel me ligou e disse que precisava conversar comigo. Usou o meu pai para que eu viesse. Eu fiquei com medo que fizesse uma besteira — Jamie me soltou — Quando cheguei percebi que ele estava descontrolado e tentei ir embora mas fui pega de surpresa. Por favor confia em mim? — Soltou meu cabelo e suspirei aliviada quando afundou o rosto em meu pescoço. — Eu te amo. Por favor acredite.
— Ama ele? — Daniel falou antes de cuspir sangue. Agarrei o Jamie para que não fosse terminar o serviço. — Tita quantas vezes você fez nós dois de otarios? — Daniel ficou de pé e limpou o rosto sujo de sangue. — Trepou comigo enquanto esperava por ele para um jantar romântico. — Apontou para o Jamie. — Depois trepou com ele no banheiro sujo de um bar, comigo a poucos metros e para fechar com chave de ouro deixou ele te foder na mesma noite em que fiz o pedido de casamento. — Baixei minha cabeça envergonhado. Jamie não disse nada. Segurei sua mão para tentar ser forte. — Ela contou que na noite que transou com você também fodeu comigo.
— Para com isso Daniel. Não torne esse história um palco de vulgaridade. — Gritei. Jamie soltou a minha mão e se afastou um pouco. — Jamie... Jamie... nunca conversamos sobre isso e...
— Você veio pimentinha. Eu te chamei e você veio do mesmo jeito em que foi pra ele. — Daniel insistia em falar. Deveria ter deixado o Jamie quebrar sua boca maldita. — Você sempre vem pra mim.
— Você é um filho da puta! — Gritei.
— Amim estava certo. — Jamie falou e tentei tocar seu braço novamente mas se afastou bruscamente.
— Não! Não! Você prometeu... não me deixe. Vamos conversar em casa. Amor eu... por favor... — Eu sabia que estava perdendo o Jamie. Sabia que me deixaria sozinha e isso me fez entrar em desespero.
— Chega Tita! — Jamie foi frio. Ele parecia não sentir nada. Isso foi desesperador. — Suas mentiras e fingimentos não funcionam mais.
— Eu não estou mentindo! — tentei novamente abraçar o Jamie mas ele deu um passo para trás.
— Esse filho da puta tem razão. — Jamie falou olhando para o Daniel. — Você sempre esteve nos traindo. Se divertindo as minhas custas. Deve ter sido divertido me ver correndo atrás de você. Deixando que entrasse em minha casa. Fazendo parte da minha família.
— Não precisa se humilhar por esse corno de merda, pimentinha. — A postura do Jamie mudou e ele foi para cima do Daniel. Mas dessa vez Daniel também foi para cima e acertou um soco no rosto do Jamie. Os dois trocaram socos pela sala, quebrando tudo. A única coisa que queria era terminar com aquela briga. Então entrei na frente do Jamie e ele parou um soco próximo ao meu rosto.
— Porque não fala a verdade Tita. — Daniel ainda conseguia falar.
— Que mentira vai falar agora? — Empurrei ele para longe de mim.
— Não seja dissimulada. — Daniel gritou — Acha que é uma coincidência você encontrar com esse otario? Não pense que sou idiota, porra! — Daniel segurou na lateral do corpo e foi se recostar na parede próxima.
— Do você está falando? — Jamie perguntou.
— Para alguém que se diz tão inteligente você é fácil de enganar Jamie. Até eu saquei o que estava acontecendo. — Daniel pegou um cigarro quebrado do bolso da calça e um isqueiro. — De repente o seu computador tem problemas e milagrosamente uma jovem e bonita mulher aparece para resolver tudo. Tenho certeza de que estava com aquelas roupas provocantes. — acendeu o cigarro e deu um trago. Eu nunca pensei que fosse odiar tanto o Daniel. — Quando contou como se conheceram eu soube na hora que você, meu camarada era a solução dos problemas da Tita. O velho rico que precisava para salvá-la da merda.
—MENTIRA — Gritei partindo para cima dele.
— Você estava falida. E por Deus que você faria tudo para ter uma chance de cuidar da sua mãe. Então não me diga que não seria capaz de invadir um computador e articular com o Felipe, que é outro capacho seu, para seduzir um imbecil rico.
— Eu nunca faria isso! — Olhei para o Jamie. — Não foi nada premeditado, você sabe disso.
— Você fez! Você casou com ele por dinheiro. — Daniel jogou em minha cara.
— Jamie diz que não está acreditando nessa loucura. Por favor.
— Cale a boca porra! — Jamie gritou agarrando meu braço — Vamos escutar o que seu amante tem a dizer.
— Contou ao seu marido que tínhamos um jogo quando tinha que visitar meu avô no hotel.
— Que jogo é esse? — Jamie perguntou.
— Eu era uma adolescente que tentava te agradar a todo custo. Inclusive participando das suas merdas.
— Que jogo é esse? — Jamie perguntou de novo.
— Eu escolhia o velho rico no restaurante do hotel e Tita o seduzia. Ela ficou boa em saber instigar homens como você. — Meus olhos encheram de lágrimas — Aposto que com você ela usou a técnica da inalcançável. Que demonstra desinteresse ao mesmo tempo que jogo iscas de sedução. Sempre deixando um gostinho de quero mais.
— Eu tinha dezesseis anos e eu fazia tudo que você queria. Eu era burra. Só queria agradar você. Essa não sou eu Jamie. Eu não reckeei seu computador ou fiz joguinhos para te conquistar. — Limpei as lágrimas do meu rosto. — Se fosse verdade porque teria ficado com você Daniel? Porque teria deixado o Jamie?
— Porque você sempre vai escolher a mim.
— CHEGA! Porra! Porra! — Jamie gritou. — Como conseguiu me enganar, sua desgraçada? Eu te dei tudo, porra! Deixei que entrasse em minha casa. Caralho de merda! Uma ordinária, vadia e mentirosa.Vocês se merecem, bando de filhos da puta. — Meu coração quebrou e chorei soluçando alto. Minha vida estava desmoronando bem à minha frente. — Sempre atrás de dinheiro com essa carinha de inocente.
— Não pode estar acreditando nele.Eu te amo! Te amo! — Jamie saiu batendo a porta. Corri atrás dele implorando para que me escutasse. O carro dele estava parado próximo a calçada e quando entrou travou as portas e não consegui entrar. Quando ligou o carro eu fui para frente.
— Precisa me escutar! — Bati com as mãos no capô do carro. — Me deixe ir com você.
— Se não sair da frente vou passar por cima. — Deu ré e depois acelerou em minha direção. Não me movi fechando os olhos. O barulho dos freios me alertaram e minhas pernas tremeram. Abri meus olhos novamente e vi Jamie batendo as mãos contra o volante. As pessoas saiam de suas casas para assistir ao barraco que proporcionávamos. — Vai ser o último aviso PORRA! — não me afastei e quando ele saiu do carro corri para a porta do passageiro e conseguir entrar. Jamie chutou os pneus mas entrou novamente no carro.
— Nunca faria nada por suas costas. Tenho muitos defeitos mas sou honesta e leal. Estamos juntos... Oh meu Deus! — Gritei quando ele acelerou o carro. Os dedos apertavam o volante como se fosse quebrar ao meio. — Devagar... Jamie devagar — freou bruscamente e bati a cabeça no painel. Fiquei atordoada e não percebi quando o Jamie desceu e abriu a porta do meu lado me puxando para fora do carro. Era humilhante e acabei caindo de joelhos no asfalto.
— Nunca mais volte a me procurar sua vagabunda maldita — fui deixada na rua. Entrou em seu carro dando e foi embora. Chorei ajoelhada agarrada a minha bolsa.Meu peito doía e minhas mãos tremiam. Nunca me senti tão pequena e insignificante. O sol queimava minha pele e os carros buzinavam sem parar.
— Ô maluca, aqui não é lugar para curar sua cachaça.
— Porra! Sai da frente. — Levantei atordoada e andei pela calçada sem conseguir encontrar um rumo. Sabia que o meu choro chamava a atenção das pessoas. Algumas me olhavam com pena, outras perguntaram se precisava de ajuda mas não conseguia parar e apenas segui para lugar algum. Meus pés doeram e não me importei. Jamie tinha sido tudo que sempre sonhei de um homem. E os dias em que passei ao seu lado foram perfeitos. Eu estraguei com tudo. Eu ferrei a nossa história de amor. E pelo que? Por quem? Por um homem que só destruiu a minha vida. Eu nem sei como consegui chegar na rua da casa dos meus pais. Eu acho que andei em círculos. Precisava voltar pra casa. Ver o Jamie e fazer com que me escutasse sem a interferência do Daniel. Eu tinha deixado a minha bolsa com celular e dinheiro na casa do Daniel e precisava disso pra voltar pra casa. Entrei na casa e Daniel me viu. Não nos falamos, só peguei a minha bolsa e sai. Alguns vizinhos vieram perguntar como eu estava mas não tinha condições de falar nada com ninguém. Chamei um carro e graças a Deus não demorou muito pra chegar. Eu fui rezando todo o caminho e implorando para que Deus me ajudasse a manter meu casamento. Eu nunca fui religiosa mas precisava de um milagre. A Lúcia me ajudaria. Ela acalmaria o Jamie e com o tempo ele me perdoaria. Eu só preciso deixar que descarregue a raiva mesmo que seja em mim. Não me importo. Só não posso ficar sozinha de novo.
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Louca Obsessão
ChickLitAté onde um homem pode chegar para ter aquilo que deseja? - Os outros não sei. Mas eu, estou disposto a tudo para tê-la em minha cama. Quanto uma mulher consegue resistir aquilo deseja? - Pode me comprar, humilhar, usar meu corpo mas meu coração...