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POV BEATRIZ

                Eu realmente não estava acreditando que ele estava ali, naquele momento. Eu sentia uma vontade enorme de poder explicar que eu e o Johnny... Na verdade não havia como explicar, eu e o Johnny namorávamos.

     — Obrigada. — peguei a bolsa e olhei para o chão.

     — Nathan! — Johnny saiu de trás de mim e o abraçou.

                Eu não fazia a mínima idéia de que eles se conheciam. Sabia que eles faziam shows juntos as vezes, porém, nunca fui em nenhum show do grupo do Johnny e também no de Nathan. Eu não tinha tempo, e nem mesmo vontade. Queria ir no show de alguém que eu fosse fã de verdade, como a One Direction, talvez.

     — Vocês se conhecem? — Johnny perguntou com um meio sorriso no rosto.

                Eu queria dizer que não, queria apertar o botão do elevador e subir correndo. Deixa-los ali e fingir que nada aconteceu. Tomar um banho quente e esquecer de tudo. Eu e Nathan mal nos tocamos, e eu já estava me sentindo suja. Como se eu tivesse traído Johnny ou algo assim. Era estranho para mim, nunca precisei me importar com isso. Nunca estive em uma situação dessas. Nathan me olhava de forma como quem quisesse dizer: o que você disser, eu concordo. Seja mentira ou não.

                Eu não queria mentir, até porque não havia motivos. Eu não fiz nada demais. Além de aceitar carona de um desconhecido lindo e gostoso duas vezes, deixar ele entrar no apartamento da minha patroa, deixar ele me levar para o hospital e elogiar ele, deixar ele me trazer e trata-lo mal.

     — É. Quer dizer, não. A gente só... — Johnny estreitou ainda mais aqueles olhinhos puxados, tentando entender o que eu queria dizer e sentindo que eu mentiria.

     — Dei uma carona para ela do hospital até aqui. Não nos conhecemos muito bem. — Nathan explicou e sorriu de lado.

                Johnny o olhou sério e depois fez o mesmo para mim. Por algum motivo, nós dois estávamos nervosos e percebi que isso causou um certo desconforto em Johnny. Ele achava que era mentira, apesar de não ser. Eu ainda queria achar aquilo normal, mas não era normal. Era estranho.

     — E-eu vou subir. E vocês? — Nathan questionou olhando para Johnny e tentando disfarçar.

     — Não. Vamos fazer alguma coisa. — Johnny sorriu e segurou minha mão.

                Juro que senti minhas pernas bambearem, soltei um suspiro e meu corpo relaxou quando vi eles se despedirem com um aperto de mão e Nathan acenar para mim. Eu não fazia a mínima idéia de que Johnny queria fazer, mas sabia que era apenas para me afastar de Nathan. Eu gostava de saber que ele ficou nervoso quando me viu com Johnny, mas ainda tinha medo de que as coisas piorassem.

POV NATHAN

                Assim que entrei no elevador, dei um soco na parede. Eu queria descontar minha raiva em alguém ou alguma coisa. E não adiantou de nada, apenas fiquei com a mão vermelha, inchada e dolorida. E a parede? Intacta. Não que eu estivesse com raiva de Bea ou Johnny, apenas senti meu sangue ferver quando percebi que ele estava fazendo de tudo para marcar território. Ela... Eu juro que minha vontade era pega-lá no colo e tirar aquele olhar nervoso de seus olhos. Eu queria cuidar dela, dar meu jeito e fazer ela sorrir. E aquilo se tornava um sonho cada vez mais distante.

                Mas que diabos eu estava pensando? Eu não posso estar apaixonado por alguém que acabei de conhecer. Isso é loucura, não sou insano. Sou maior de idade, sei o que faço, cuido de mim mesmo. E tudo isso é errado.

                A porta do elevador se abriu, caminhei direto até o apartamento. Abri a porta e fechei a mesma atrás de mim, me joguei no sofá e comecei a tirar meus tênis enquanto os meninos me fitavam. Caíque comendo alguma porcaria e Paulo sentado no sofá me encarando como se eu fosse um extra-terrestre. Eu não queria conversar, só queria, sei lá o que eu queria.

     — Que que foi? — perguntei nervoso dirigindo meu olhar para Caíque.

     — Eu sei lá, estressadinho. — ele respondeu com a boca cheia — Hm, você tá todo estranho aí.

     — Ah, e sou eu quem tô com os olhos enfiados na tua cara?

     — Deixa de fazer ceninha só porque sua namoradinha se machucou. A culpa não foi minha, se ela não se importou, porque você tá desse jeito? — ele revirou os olhos.

                Juro, eu queria socar a cara dele. A forma como ele pronunciou "namoradinha" me deixou suficientemente irritado para atirar uma almofada em uma tacada perfeita contra seu rosto. Ele fez com que ela parecesse uma qualquer e ela poderia ser tudo, menos uma qualquer.

     — Primeiro, ela não é minha namoradinha. — peguei o tênis e me levantei — Segundo, cala a sua boca.

     — Oh, já chega. — Paulo falou autoritário e eu segui em direção à meu quarto.

     — Ah o babaca. — Caíque disse alto o suficente para que eu ouvisse.

                Ignorei. Já estava estressado demais para brigar com ele. Ainda mais com quem; Caíque Patti Da Gama, o Barraqueiro do Muquifo, Pesadão das Quebradas Loucas, Patati e Patatá das Manjações Brigueiras. Não valia a pena.

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