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POV BEATRIZ

              Aquilo era horrível. Nós nem se quer nos beijamos e eu estava naquele estado, me sentindo suja, impura e derrotada. Eu preferia que ele tivesse me dado um tapa no rosto — mesmo que depois eu fosse soca-lo até não ter mais forças — do que ouvir aquelas palavras.

              Doeram. Doeram muito. Mas eu já tive dezenas de desilusões amorosas, sei que uma hora vai passar. Aliás, isso nem é uma desilusão amorosa. Nós não temos nada.

              Eu não queria ir atrás dele, mas também não queria voltar para dentro daquela festa. Ok. Ficamos por ali e era só isso.

              Corri de volta para aquela casa de shows e não demorou muito para que eu visse apenas Lari e Luiza rebolando feito loucas e competindo por um showzinho particular no camarote. Nunca imaginei que veria minha melhor amiga em uma cena tão baixa. Acho que todas nós estávamos em uma cena baixa naquela noite.

              Andando em meio aquela multidão, logo senti-me ser puxada pelo braço e automaticamente virei para ver quem era.

     — Aonde você foi, sua doida?! — Nathy perguntou com os olhos arregalados.

     — O Nathan... E-ele... — não adiantava explicar, ela não sabia nada sobre o que anda acontecendo nos últimos dias — Eu estava la fora tomando um ar.

     — Ok, seja como for. Vem, a Lari colocou bebida a mais nas garrafinhas. Ela tá bêbada, temos que tirar ela daqui. — ela me puxava a caminho do palco.

     — Ela está competindo com a Luiza, nunca vai nos perdoar se ela perder porque tiramos ela a força. — olhei para o palco e vi aquela cabeleira loira sacudir de um lado para o outro.

     — Não interessa, se ela cair do palco, a culpa ainda vai ser nossa. — e então eu olhei para Lari que estava a poucos centímetros de cair daquele palco altíssimo.

              Sabe quando você sente como se houvesse feito tudo errado? Então. Eu fiz tudo errado em não ir atrás dele. Em não ir atrás de Nathan. Era difícil aceitar aquilo, mas eu estava me sentindo na obrigação de me explicar e fazer com que voltassemos a ficar bem.

     — Vai lá, Nathy. — parei de andar e ela se virou para mim assustada — Eu preciso fazer uma coisa.

     — É, Bea, a gente precisa tirar ela de lá. — ela soltou meu braço.

     — Preciso falar com o Nathan. Desculpa, eu vejo vocês depois. — e novamente eu saí daquele lugar as pressas.

. . .

              Não demorou muito para que eu já estivesse no elevador do prédio subindo até a cobertura onde Nathan mora com os meninos. O tempo parecia-se com uma tartaruga. Tão lento, tão distraído. Apenas porque eu precisava consertar aquilo o mais rápido possível.

              Assim que a porta do elevador se abriu na cobertura, fui até a única porta naquele lugar. Toquei a campainha sentindo minhas pernas tremerem e o oxigênio começar a faltar. Passou-se alguns segundos e nada. Então resolvi bater na porta após pressumir que ele havia me visto pelo olho-mágico.

     — Nathan? Abre, por favor. — falei batendo na porta mais uma vez — Eu sei que você está aí. Dá para abrir logo essa droga?

              E então eu ouvi seus passos até a porta, a maçaneta gritou mais a porta continuou intacta.

     — Abre logo, Nathan. Eu vou embora. — ameacei e nada mudou — Deixa eu falar com você, não vou demorar. Nah, abre a porta.

              E aos poucos a porta foi se abrindo revelando sua expressão nada boa e seu estado deplorável. Sua camisa estava rasgada e seu cabelo completamente bagunçado. Ele me olhava com uma cara de choro e eu engoli em seco quando ele olhou em meus olhos firme.

     — O que você quer? — ele perguntou seco e deu de ombros me fazendo sentir seu forte hálito de bebida.

              Eu paralisei. Não sabia o que dizer. Aquilo era uma tortura para mim. Vê-lo daquela forma, saber que ele estava assim por minha causa. E eu só tinha uma coisa a fazer: me desculpar.

Seus Detalhes (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora