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POV BEATRIZ

              Eu terminava de ler mais um a vez o meu livro favorito: Cidades De Papel. Eu não sei o porque, mas parece que John Green atinge os pontos mais fracos de minha mente fazendo-me refletir sobre coisas que eu não costumo refletir. Como o quanto eu sinto saudade de quando amava Johnny.

              Ele sempre foi bom comigo, mas, parece que agora ele não importava mais.

              As crianças brincavam no playground, corriam e riam como se fosse a primeira vez em que elas se divertiam. Eu amava ver aquele sorriso enorme no rosto do meu menino. Mesmo que ele não fosse meu filho, eu o tinha como meu. Estava completamente apegada à aquele garotinho.

              Ouvi o toque de meu celular me distrair de meus pensamentos. Ao som de Patricinha, eu já sabia quem me ligava.

     — Oi amor. — suspirei ao ouvir a voz de Johnny no outro lado da linha.

     — Oi, Johnny.

     — Só liguei para avisar que eu já cheguei aqui em Vila Velha. Está tudo bem.

     — Ok. Olha, eu estou cuidando do John agora. Pode ligar depois? — ou não.

     — Claro. Quando o show terminar eu te ligo. Beijos, te amo minha princesa. — sua voz soava tão fofa que eu me senti até mal por não corresponder mais esse sentimento.

     — Ok, também amo você. — menti — Tchau.

              Desliguei sem nem mesmo esperar uma resposta, coloquei o celular ao meu lado no banco e abaixei a cabeça a colocando entre as pernas.

     — Preciso te tirar da cabeça, Nathan... — pensei alto.

     — Não precisa não. — ouvi a voz de Nathan logo atrás de mim.

              Ao me virar e dar de cada com aquele moreno, sorrindo abertamente e com os olhos brilhando, um arrepio me percorreu. Sentia borboletas em minha barriga. E eu estava parecendo uma adolescente inconsequente, novamente.

POV NATHAN

              Ficamos esperando Caíque voltar por quase uma hora, até que eu não aguentei mais ficar preso naquele apartamento. Resolvi descer e dar um passeio pela área de lazer do condomínio.

              De longe eu já podia ver aquela garota, a minha garota, falando no celular. Resolvi não me aproximar muito e atrapalhar sua conversa. Mas assim que ela terminou, caminhei em passos largos até ela.

              Ainda haviam muitas coisas que eu precisava dizer para ela. Não havia dito tudo para ela ontem a noite, e sentia que faltava algo.

              Vi que John brincava animadamente com uma menininha ruiva no playground, presumi que ela estava cuidando dele.

              Mas ela não me parecia nada bem. Abaixou a cabeça as colocando entre as pernas. Quando percebi que ela poderia estar chorando, caminhei ainda mais rápido.

   — Preciso te tirar da cabeça, Nathan... — a ouvi dizer.

     — Não precisa não. — pensei alto logo atrás dela.

              Fiquei tão feliz em ouvir ela dizer aquilo... Me dava arrepios só de imaginar ela pensando em mim, assim como eu penso nela.

              Olhando pelo lado positivo, era bom ela pensar em mim. Mas olhando pelo lado negativo, ela queria me tirar da cabeça. E se ela resolvesse me esquecer, mesmo depois de ter dito que acha que me ama, seria o fim.

     — E-eu... — ela corou instantaneamente, envergonhada.

     — Fica tranquila, finge que eu não ouvi nada. — dei um beijo em sua bochecha e me sentei ao seu lado.

     — Tá. — sorriu de lado e colocou uma mexa de cabelo para trás — Achei que tinha show hoje.

     — Por acaso olhou minha agenda?

     — A Johanna deixou o notebook aberto em cima do balcão.

     — Aham... — rimos — E eu tenho, só que é mais tarde. Você quer ir?

              Ela me olhou com a sobrancelha arqueada e sorriu de lado, eu já sabia o que aquele sorriso significava.

Seus Detalhes (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora