0.30 (ESPECIAL, parte 4)

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POV LARISSA

Eu estava me sentindo um bichinho do mato. Não sabia o que estava acontecendo e muito menos o porque. Caique me beijou no meio do meet e eu fiquei sem reação. Os beijos dele ficavam cada vez mais gostosos e mais puros. Eu não sabia o que ele sentia quando me beijava, mas sabia que era algo bom.

Quando os meninos do Trio Yeah subiram ao palco, eu instantaneamente senti vontade de ir embora. Eu não suportava nem olhar para o Felipe depois de tudo o que aconteceu, muito menos ouvi-lo cantar. Ainda mais aquelas músicas safadas... Ele não tirava os olhos de mim.

E aquela surpresa... Eu não podia fazê-lo passar vergonha. E quando Caique me olhou daquela forma assim que Felipe me colocou no chão, foi como se algo em mim houvesse se quebrado dentro de mim.

Felipe me arrastou para o camarim, no meio do caminho começou a me beijar descontroladamente e assim que chegamos, me empurrou contra a porta.

- Felipe... Me... Me solta! - empurrei ele que me olhava confuso.

- O que foi meu amor? - disse tirando meu batom que estava espalhado por seu rosto.

- Não me chama de amor! - limpei a boca.

- O que? Mas como assim? - ele deu um passo em minha direção.

- Dá mais um passo e eu vou embora sem nem explicar. - segurei a maçaneta.

Felipe suspirou e passou a mão pelo cabelo, virou-se de costas para mim e caminhou até uma penteadeira com lâmpadas em volta do espelho e apoiou seus braços na mesma.

- Então explica. - disse baixo.

- Você não deveria ter feito isso. Eu só disse que sim para não te constranger. O que você estava pensando? Ficou doido?! - cruzei os braços.

- Eu estava pensando em você. - ele se virou para mim e me olhou firme. - Eu sei que pisei na bola mas eu...

- Não. - interrompi. - Você não só pisou na bola como me traiu. Eu jamais voltaria para você, Felipe. Toma vergonha nessa cara.

- Você ta com outro? - cruzou os braços.

- E se eu estiver?

- Não acredito... Aposto que é aquele babaca do Matheus! - chutou o pequeno sofá de couro.

- Só vou te dar um aviso, fica longe de mim. - disse tirando o anel- E liga para aquela sua loirinha. Como ela disse, você merece mais do que uma magrela. - joguei o anel no chão.

Abri aquela porta e sai daquela sala, batendo a porta atrás de mim. Na verdade, eu descontei toda a minha raiva naquela porta. A minha vontade era de descontar na cara dele. Saí com toda a minha raiva daquela casa de shows e entrei no primeiro táxi que vi. E então, comecei a chorar. Mas não se tristeza, e sim de ódio.

POV CAIQUE

Eu não suportei. Quando eles desceram do palco, juntos, eu deixei tudo para lá e fui direto para o camarim. Quando estava no corredor, vi eles dois entrarem aos beijos naquela sala.

Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas sabia que nunca havia sentido igual.

Coloquei todas as minhas coisas que estavam espalhadas dentro da minha mochila e quando estava prestes a sair, Paulo e Nathan entraram me olhando confusos.

- O que deu em você? - Paulo perguntou incrédulo.

- Ciúmes! - Nathan riu.

- Fica na sua, Nathan. Vai falar que não ficou irritado quando o Johnny ficou agarradinho com a Bea perto do palco? - revirei os olhos.

- O assunto aqui é você. - Nathan empurrou minha cabeça de leve.

- Você tem noção da merda que isso vai dar? Ainda faltavam duas músicas. Nós podemos ser multados. Fora que todos vão estar falando sobre isso. - Paulo se sentou no sofá.

- Olha, eu estou me fudendo para o que vão falar. Eu só quero ir embora.

Ajeitei a alça da mochila e sai dali sem me importar com mais nada. Porra, como você se sentiria se a mina com quem você havia acabado de ter uma noite incrível aceitasse voltar com o ex na sua frente?

Eu não estava conseguindo acreditar.

Larissa passou por mim feito um furacão e não demorou muito para que Felipe saísse da sala a chamando. Mas ela parecia não se importar. O que me irritou ainda mais.

- O que você fez com ela? - perguntei a Felipe.

- Nada! Ela surtou, essa menina é doida! - ele suspirou.

- Ela não é doida. Não fala assim dela.

- Ah... Então é você! Entendi porque ficou olhando ela daquele jeito. - ele deu passos em minha direção.

- Eu? - arqueei as sobrancelhas.

- É, o namoradinho dela. Olha, ela é minha garota. Melhor ficar longe dela ou vai se arrepender. - me olhou firme.

Nossa. Que medo. To tremendo. Segura.

- E se eu te disser, que eu peguei a "sua garota"  ontem a noite? Vai fazer o que? - joguei a mochila no chão e cruzei os braços.

- Ela não gosta de você, um beijinho não muda nada.

- E quem disse que foi só um beijinho? Garanto que foi mais do que isso. Bem mais...- sorri sarcástico.

E quando eu menos percebi, ele me deu um soco no meio da boca. Coloquei a mão no local e vi que saía sangue. E antes mesmo que eu pudesse pensar, fiz o mesmo. Se ele achou que ia ficar por isso mesmo, estava muito enganado.

De repente, Paulo e Nathan apareceram e nos separaram. Depois de um breve sermão de Paulo, peguei minha mochila e voltei para o apartamento.

Mas o que me incomodava, não era a pequena ardência que aquele soco de mulherzinha dele causou na minha boca. E sim não saber como ou onde ela estava. Acho que eu não sentia ódio, e sim tristeza.

Seus Detalhes (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora