BODAS

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"Pai, mãe, eu não vou poder estar por aí para desejar um feliz aniversário de casamento para vocês, mas saibam que eu amo vocês muito muito e volto assim que puder. Ben também está mandando um beijo e desejando feliz bodas de sabe-se lá o que ele disse aqui, droga, nosso sinal está uma porcaria, nos falamos depois. E respondam os recados dessa porcaria de secretária eletrônica. Amo vocês. E feliz aniversário, de novo"



Contando as notas saídas da máquina registradora, Theodore Newman dava um suspiro cansado, enquanto obrigava a sua mente a trabalhar em dobro, tanto contando as notas em suas mãos quanto pensando no que ele poderia fazer para se desculpar com Jessica, sua esposa, por estragar a comemoração do aniversário de casamento deles.

Apesar de já estarem juntos há tantos anos, Jessica ainda não havia perdido os seus modos de heroína de clássicos históricos e continuava agindo como uma dama da alta sociedade, mesmo que seu marido fosse o contrário mais absoluto disso. Theo tentava abrir uma exceção nos aniversários de casamento, se permitindo ir a restaurantes cinco estrelas, cheio de pessoas esnobes e com pratos que custavam todo o lucro do bar em uma semana, e que nem vinham com tanta comida assim. Permitia-se ir a ópera, a fazer todas as coisas que ela achava que eram especiais.

E o fazia por ela.

Porque não existia nada mais especial em sua vida do que Jessica. Porque sabia que não havia felicidade maior do que ver os olhos dela brilhando com o contentamento. Fazia o que ela queria, contanto que pudesse vê-la sorrir daquela maneira.

No entanto, lá estava ele, de madrugada, sozinho no seu bar, tentando fechar tudo o mais rápido possível para que pudesse voltar para casa e dizer a ela o quanto sentia por ter sido obrigado a modificar os planos daquela noite.

Não era culpa dele. Aquela gripe maldita que estava atacando todo o bairro pegara dois de seus melhores funcionários e ele não tivera outra opção a não ser ficar no balcão aquela noite. Justamente naquela noite.

Com o dinheiro contado duas vezes, para ter certeza da soma, colocou-o num envelope e entrou no escritório para anotar o valor em seu livro-caixa e finalmente dar por encerrada aquela noite. Esperava, sinceramente, que Jessica entendesse o seu problema e não ficasse muito chateada.

Odiava quando ela ficava chateada. Dormir no sofá não era a coisa mais confortável do mundo e receber o tratamento de silêncio dela não era nem um pouco prazeroso. Amava a voz suave e que se pronunciava com um vocabulário digno da rainha, ficar sem ouvi-la era um tormento para Theo.

Porém, ao entrar em seu escritório, resmungando o valor do envelope para si mesmo para que não o esquecesse, encontrou uma mulher sentada em sua mesa, como se ela tivesse todo o direito de estar sentada ali, mesmo depois do bar já estar fechado.

- O bar já fechou, dona, vou ter que pedir que se retire. Esse local é restrito, mesmo quando o estabelecimento está aberto. - tentou ser cordial, mas não estava com muita paciência para lidar com mais problemas naquela noite.

Não seria a primeira vez que teria que deixar bem claro a uma garota que não estava interessado. Mesmo com uma aliança de um tamanho bem razoável em seu anelar, parecia que as frequentadoras do bar não teriam nenhum problema em ir para a cama com ele, mesmo com o seu estado civil. O que ele nunca faria.

Traição não era uma possibilidade. Não quando ele amava Jessica tão desesperadamente quanto amava. Ela merecia tudo o que ele tinha a oferecer, todo o seu amor, seu respeito e especialmente a sua fidelidade.

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