Wings

NONO (pelos olhos de Theodore)

Nate costumava dizer que algum dia eu iria me arrepender por agir tão impulsivamente. E eu tinha de concordar com ele, afinal lá estava eu na casa da praia, com a única garota que fazia com que todos os meus pensamentos, sentimentos e vontade se misturassem como uma bagunça que eu nem sabia por onde começar a arrumar.

Por que eu tinha que ter tentado beijar ela? Certo, eu até sabia porquê. Eu sabia que nunca conseguiria evitar chegar mais perto, tocar aqueles lábios com os meus e finalmente saber que gosto a boca dela tinha. Eu tinha quase certeza de que assim que eu soubesse o gosto que ela teria, toda a confusão em minha cabeça finalmente ficaria clara. Eu teria de volta a minha capacidade de pensar sem que imagens de Jessica Sandford e suas bochechas rosadas interferissem meu caminho.

Aparentemente eu não tinha sido bem sucedido. Do contrário, eu não estaria com ela na praia, um lugar que eu jurara jamais mostrar a mulher alguma. Eu nem sequer teria ido atrás dela, cheio de culpa e vontade de mais um beijo. Caramba! A garota era compromissada, ela tinha a porcaria de um noivo e eu estava correndo atrás dela como a merda de um adolescente cheio de hormônios.

É, ela tinha um noivo, mas antes não ter nenhum do que ter um otário que jamais levara a garota para a praia. Qual é? Praias são românticas, tem algo de especial em ver as ondas quebrarem enquanto você está abraçado com alguém por quem você se importa.

Ele havia acabado de perder mais um ponto e eu estava com toda a vontade de fazer todos os pontos que eu pudesse. Depois que eu tinha provado Jessie, eu tinha a mais plena certeza de que eu jamais a deixaria ir.

Eu podia ser a porcaria de um ninguém, não ter a merda de nenhum título de nobreza, mas era eu quem estava acendendo o seu corpo naquele momento. Era as minhas mãos molhadas que estavam tocando a pele gelada de frio e ansiedade, era eu que sentia o coração dela bater com tanta força como o meu batia. O pescoço dela estava ao meu dispor, rosado pelo calor que estava dentro de Jessica, o calor que eu sentia passar para dentro de mim apenas por tocar o seu corpo. Nós dois tremíamos e eu sabia, apenas por aquele beijo, porque eu tinha trago aquela garota para a praia.

Ela era diferente.

Jessica Sandford não era como as garotas que povoavam o meu bar, atrás de sexo casual ou um relacionamento baseado no prazer que eu tinha mais do que certeza de que era capaz de proporcionar a elas. Era mais do que isso. Ela me fazia sentir não apenas no corpo, mas na cabeça, dentro da alma, algo que era mais profundo do que eu jamais pensara em sentir.

Eu estava dando primeiras vezes a ela, mas mal sabia Jess que ela também me preenchia com primeiras vezes. Era a primeira vez que o beijo de uma mulher me deixava tão insano. Era a primeira vez que eu trazia alguém para conhecer meus segredos. Era a primeira vez que eu queria alguém sob a minha pele.

Os beijos não paravam e eu percebia que o vento misturado com a chuva estava ficando cada vez mais voraz, precisávamos de um abrigo e a cabana estava logo ali. Devagar, mas não muito certo do que fazia, parei de beijá-la e segurei sua mão molhada com a minha, levando-a para a cabana que eu sabia que estaria aberta.

Não era o melhor dos lugares, eu e Nathan havíamos esquecido de dar a devida atenção ao nosso refúgio nos últimos anos, mas ele continuava sendo o lugar onde eu me sentia bem. Onde todas as minhas preocupações podiam ser deixadas de lado e minha cabeça tinha um lugar calmo para repousar.

Era isso que eu queria para Jessie. Não apenas que ela olhasse o mar e se inspirasse para o seu livro, mas que ela encontrasse um pouco de paz para a sua mente sempre preocupada, sempre pensante demais. Jessica se preocupava com coisas demais, se importava com coisas que não precisavam ser tão super analisadas e era por isso que ela estava ali. Porque eu confiava nela para conhecer uma parte tão importante de mim e porque eu gostava dela o bastante para lhe permitir que a cabana a acalmasse.