(antes de mais nada, obrigada à todas por levarem essa humilde história de amor à 80 mil views. Isso é muito importante para mim e saber que vocês gostam, que comentam, que vibram e choram e sorriem com esses personagens é uma coisa gratificante demais. Queria fazer mais para agradecer, mas vou apenas atender a um pedido das minhas pessoas favoritas: vocês)
- Quer saber? Foda-se!
A porta foi fechada com força e logo o som do motor alto de seu carro antigo se fez ouvir mesmo do lado de dentro da casa.
Ótimo! Se Theodore queria ir, que fizesse seu caminho da maneira mais promissora possível. Eu não precisava dele, não precisava de seus discursos modernistas e cheios de uma inconsistência que eu era incapaz de compreender.
Se Theodore não podia lidar com a minha persona clássica, que fosse realmente para longe enquanto ainda não estávamos completamente unidos. Um noivado podia ser desfeito a qualquer momento, até eu, por mais arcaica que fosse, era capaz de compreender isso. Já um casamento, não.
Era um laço muito estreito, uma entrega completa demais para ser encarada de maneira leviana. Se um dos lados não estava completamente pronto para dar aquele passo decisivo em direção a algo tão profundo e vinculativo, era melhor nem sequer levar o compromisso em consideração.
Então, para mim, aquele era o verdadeiro momento em que deveríamos acertar todas as arestas de nossas personalidades e terminar com aquele envolvimento que tínhamos. Ainda restavam dez dias antes de finalmente atarmos o laço que nos tornaria marido e mulher até o fim dos dias.
Num arroubo de rebeldia, mostrei o dedo do meio para a porta que Theodore havia acabado de fechar e ainda chutei a madeira de lei, para ter certeza de que a mensagem tinha sido devidamente entregue. Ainda que fosse ao destinatário que menos tinha a ver com a nossa confusão.
Éramos completamente diferentes. Água e Óleo. Onde eu era calmaria, Theodore era a tempestade. Onde eu preferia o clássico, Theodore ousava com o moderno. Onde eu era precavida, Theodore era inconsequente.
Não me parecia desejar muito querer que fossemos mais parecidos, mais como Peter e Nathaniel que quase nunca brigavam, porque tinham tantos pontos em comum que eram capazes de conversar por horas sem que um sentisse a vontade incontrolável de estrangular o outro ou bater sua cabeça em uma superfície rija o bastante para que as ideias corretas penetrassem o crânio teimoso.
O que aparentemente acontecia comigo e meu noivo a cada momento em que decidíamos conversar sobre algo até que remotamente simples.
Chopin era motivo de guerra. Claro, porque apenas Deep Purple merecia o crédito por usar instrumentos de uma orquestra em uma música aprazível.
Um chá também nos levava a momentos de discórdia. Afinal, por que eu quereria ir a um lugar que cobrava horrores por um café horrível e padronizado, quando podia perfeitamente bem preparar uma xícara de chá com folhas devidamente armazenadas com todo cuidado por mim mesma?
Eu era diurna, o dia de Theodore começava depois do meio dia. Eu usava mesóclises, Theodore não sabia conjugar verbos de forma correta. Eu era péssima em tudo relacionado a ambientes abertos, Theodore sabia nadar, escalar, acampar e todas as outras e quaisquer atividades que permitissem que o ambiente aberto e natural fosse aproveitado de forma plena.
Como poderíamos tentar fazer aquele relacionamento funcionar se éramos tão completamente opostos? Aquilo não daria certo e era maravilhoso que houvéssemos percebido que não funcionaria enquanto ainda havia tempo hábil para desistências.
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Wings
RomanceA escritora de romances históricos Jessica Sandford recebe uma proposta irrecusável de sua editora: um livro erótico em troca de oito anos de publicação imediata. Porém, como a virgem e inocente Jessica poderia escrever um romance erótico sem nenhum...