Capítulo 14 - Interrupção no café

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O quarto estava numa temperatura muito baixa, porém não era um grande problema quando se tinha um par de braços musculosos ao seu redor. Os cobertores estavam espalhados por cima de nossos corpos de qualquer jeito, e nossas pernas se enroscavam umas nas outras. Minha cabeça se encontrava perto do pescoço e do peitoral definido de Maxon, o que me deixou feliz já que o cheiro que emanava dele era algo mais qjue maravilhoso.

O som abafado dos seus lábios tocando minha cabeça me tiraram rapidamente dos meus devaneios, fazendo-me levantar um pouco a cabeça e encontrar seus olhos. Seu cabelo era sempre maravilhosamente belo mesmo ao acordar, e seus olhos de sono faziam sua face parecer a de uma criança de sete anos.

- Bom dia - falei enquanto me espreguiçava.

- Bom dia - eu não estava olhando para Maxon, mas sabia que seu sorriso encantador estava presente em seus lábios.

E são nesses pequenos momentos, como acordar ao lado de Maxon, que fazem meus pensamentos se afastarem de todas as coisas ruins, que me fazem esquecer todos os problemas que precisamos resolver, absolutamente tudo.

É quando estou com Maxon que parece que o mundo inteiro gira somente ao redor de si. Porém é uma pena que não posso deixar de pensar nas coisas ruins, porque muitos pensam que só porque somos reis, só porque vivemos num palácio, não sofremos com as coisas ruins. Essas coisas ruins estão por toda parte, até mesmo dentro de um palácio como o nosso. Eu sou rainha, Maxon é rei, mas isso não torna necessariamente nosso dia-a-dia um paraíso. Esses últimos acontecimentos tem sido provas suficientes, Maxon perdera seus pais em dias terríveis e isso fora mais uma prova, e quanto aos muitos habitantes de Illéa? Há sempre algo ruim rondando a vida das pessoas, independentemente de quem seja.

- Tudo bem? - Maxon perguntou, e seu sorriso desapareceu.

Virei-me para ele, para encará-lo.

- Só estava pensando em algumas coisas. É melhor deixar para lá.

- Claro... Mas se desejar desabafar algo, você sabe que estarei sempre aqui para ouvi-la - mais uma vez seus lábios repousaram na minha cabeça por longos segundos.

- Eu sei - sussurrei - Oh, como sei.

**

O segundo dia não estava diferente do primeiro. As criadas andavam de um lado para o outro procurando ajudar cada garota para o café, na cozinha os chefes estavam colocando a "mão na massa" apressadamente mas ainda assim com aquele toque de aperfeiçoamento, as garotas gritando de um lado para o outro quando estavam precisando de alguma coisa emprestada, o som dos saltos altos batendo no piso do corredor... É, era mesmo uma correria danada!

Até eu entrei na onda de ajudá-las. Vendo aquelas garotas correndo desse jeito, parecia que estávamos de volta a Seleção. Mas, felizmente, isso só era damas histéricas querendo se arrumar para o café. Pelo menos era o que eu deduzi.

Depois de todas estarem prontas, acompanhei-as até a sala de jantar.

Elas fizeram uma reverência ao chegar na sala de jantar e se sentaram à mesa. Como de costume, a mesa estava farta de comida, e ainda assim eu achava que sobraria mesmo que o número de pessoas tenha triplicado cinco vezes mais.

Comemos em silêncio, exceto pelo som dos talheres e das xícaras sendo pousados sob a mesa. Algumas garotas às vezes conversavam baixinho e soltavam risadinhas estridentes.
Percebi que Maxon desviava várias vezes seu olhar para mim e abria aquele sorriso encantador.

Retribui da mesma forma, deixando que Maxon se tornasse o centro daquela manhã. Por alguns minutos ficamos olhando um para o outro e sorrindo discretamente.
Mas meu sorriso murchou quando olhei até o fim da mesa e meu olhar parou em uma pessoa que já me olhava antes. Quer dizer, que nos olhava.

Quase que como num passe de mágica, Kriss abaixou o olhar para sua comida. Por que ela estava tão estranha? Desde que chegou no palácio ela não veio falar comigo, e eu também não fiz a mínima questão de conversar com ela.

Ela estava distante, estava mostrando suas habilidades furtivas e sorrateiras quando olhava de canto de olho, quando olhava demoradamente e logo desviava o olhar se alguém percebesse...

Mas para quê? Por que?

- O que você acha disso, América? - Emily, uma das Selecionadas que estava sentada ao meu lado oposto, perguntou.

Voltei-me para ela, desfazendo dos meus pensamentos.

- Hã... Pode repetir, por favor? - pedi, tentando entender o assunto.

- Ela está perguntando o que você... - começou Elise, mas não consegui ouvir o restante da frase.

Naquele mesmo instante, senti uma forte dor de cabeça e meu estômago queria que toda a comida do café da manhã voltasse para fora. Minha visão estava meio embaçada, e o enjôo aumentou.
Sem pensar, levantei do meu assento e comecei literalmente a correr para longe da sala de jantar. Passei por alguns guardas e eles me olharam assustados, mas fiz um gesto com a mão dando a entender para ficarem onde estavam, enquanto eu continuava correndo com a mão na barriga, no intuito de que aquela dor parasse.

Nos corredores quase tropecei no meu vestido, mas foi por pouco. Achei um quarto vazio e tratei de entrar rapidamente para dentro e correr direto para o banheiro.
Eu já estava com tampa da privada levantada, o rosto acima da mesma, agachada no chão. Logo aquele conteúdo nojento se despejou para dentro daquele vaso sanitário.

Quando a minha ânsia de vômito passou, percebi que minha respiração estava entrecortada, que meu estômagoainda doía e vários passos rápidos se aproximavam.

- América! - ouvi a voz de Maxon invadindo o quarto.

Num instante ele estava ao meu lado me segurando pelos braços e seu olhar estava extremamente preocupado.
Em seguida, todas as pessoas do café da manhã estavam agora inundando o quarto e me olhando. Olhei para eles, ignorando as pontadas de dor - que já não vinham tão fortemente quanto antes - e tentei abrir um sorriso. Falhei miseravelmente.

- D-desculpem-me por atrapalhar o café da manhã - consegui dizer

Alguns soltaram as respirações aliviadas por me ouvir falar algo e outros até sorriram pela frase dita. Menos Maxon. Ele ainda me segurava e me encarava preocupado.

- Venha. Vamos até a ala hospitalar - ele disse me ajudando a levantar.










**






Nota: Olá queridos. Aqui está esse capitulizinho para vocês. Não foi essas coisas, mas o que será que a Meri tem? Uhm? Algum palpite?
Peço mil desculpas pelo atraso para postar, mas não vou demorar com o próximo, o comecei.
Bem, então é isso . Deixem seus votos e seus comentários, por favor.
Beijos, beijos e beijos.

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