Capítulo 13 - Um belo pôr-do-sol

378 24 0
                                    

Estavámos todas reunidas no Salão das Mulheres, revivendo os velhos tempos. Eu achei que elas iriam me encher de perguntas, mas depois de terem visto o que Maxon declarou para mim... Bem, acho que as perguntas foram automaticamente respondidas.

- Um dia quero que alguém me ame como o rei Maxon ama você, América - comentou Camille, uma das selecionadas.

Nos espalhamos pelo tapete de veludo no chão mesmo. Anna, a garota que foi dispensada por bater em Celeste... Afastei meus pensamentos tristes sobre ela num passe de mágica. Bem, Anna até conseguiu tirar um cochilo deitada desajeitadamente em cima do tapete. Eu também fiz questão de me juntar a elas, e praticamente supliquei para que me chamassem por meu nome de batismo. Nada de cerimônias.

- Me digam, meninas. Já encontraram o par perfeito? - perguntei.

Algumas murmuraram frustradamente um "não" enquanto Elise, Samantha, Emmica, Clarissa e Mia sorriram satisfeitas.

- Finalmente encontrei - desabafou Elise perdida em seus pensamentos.

Fico feliz em saber que Elise encontrou o amor. Ela era tão... Fechada, e seu casamento, se não me engano, iria ser arranjado.

- É uma pena que por todos esses acontecimentos tiveram que vir para cá e se afastaram de seus familiares, das suas pessoas amadas...

- Nós entendemos, América - interveio Olivia, que falou pela primeira vez. Ela estava muito afastada, talvez envergonhada, mas logo se juntou conosco. As outras concordavam positivamente - Isso é simplesmente uma grande bondade, e devíamos agradecer tamanha generosidade de vocês por trazer-nos para cá.

Repuxei os lábios num sorriso triste, pegando a mão de Olivia de um lado e a mão de Elise, que estava sentada ao meu lado.

Notei Kriss um pouco afastada, ela parecia chateada. Mas eu não quis perguntar, acho que o melhor é deixá-la sozinha com seus pensamentos.

Alguns minutos depois, duas criadas entraram no Salão das Mulheres trazendo o lanche da tarde. Elas colocaram as bandejas sobre uma mesa ali perto, para em seguida voltarem a cozinha e fazerem o mesmo percurso umas duas vezes. As garotas se levantaram para comerem, e eu fiquei apenas observando-as. É tão estranho ter todas elas por perto. Mas ao mesmo tempo é tão nostálgico e... Bom.

Só que as vezes fico me perguntando sobre as outras que não estão aqui. Se... De fato conseguirmos achá-las... Suas vidas serão as mesmas? Elas voltariam a ser si mesmas? E se falharmos na busca dessas garotas... A população nos culparia? Se revoltaria?

Eu sei que não é o tipo de pergunta que se deva fazer, mas não é a primeira vez que eu penso sobre isso. Mas acho que devemos pensar, sim; tudo é um risco. Não sabemos absolutamente nada do que poderá haver amanhã. Não tínhamos como prever esses acontecimentos... Não tínhamos ideia de que em tão pouco tempo se recuperando dos rebeldes impiedosos, coisas ruins e confusas voltariam a acontecer. Mas... Mas por que essas garotas? Elas não têm culpa em nada. Nem mesmo as que estão aqui para serem protegidas. Às vezes a vida é muito injusta com algumas coisas!

- América? Venha! - chamou Ashley me tirando dos meus devaneios.

- Já estou indo - respondi, colocando-me de pé.

Fui até a mesa e peguei um pedaço pequeno de sanduíche. A fome não estava me consumindo, para uma pessoa que não come à horas.  Eu estava enjoada só de olhar para aquela bandeja repleta de sanduíches e suco de laranja.

Comi, meio que forçadamente, aquele pequeno pedaço de sanduíche. Olhei ao redor, vendo todas satisfeitas. Elise fez um gesto com a mão, chamando-nos para ir até a janela. Naquele momento, me lembrei do dia em que vários guardas estavam sem camisa do lado de fora, enquanto eu, Elise, Celeste e Kriss, olhavamos-os. E, que, acabamos descobrindo sobre momentos íntimos de cada uma, com Maxon.

O RefúgioOnde histórias criam vida. Descubra agora