Capítulo 11 - As Refugiadas

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Uma mistura de ansiedade e nervosismo percorria meu corpo. O som de todas aquelas câmeras se movendo de um lado para o outro nunca me assustaram dessa forma. E a voz de Gavril... Nunca fora tão irritante.

Meu coração estava descompassado dentro do peito, e eu já estava ficando sufocada dentro daquele vestido apertado. Por que? Eu realmente não sei qual era o problema comigo.

Era como se eu vislumbrasse perfeitamente o dia em que todas nós fomos Selecionadas. O rei Clarkson sentado ao lado da esposa e do filho com um sorriso convencido no rosto, Maxon avaliando cada foto das Selecionadas - inclusive a minha - , e o meu desespero do outro lado da tela.

Num instante depois, Maxon colocou sua mão sobre a minha e a apertou levemente, tirando-me dos meus desvaneios. A quantidade de suor em minha pele era evidente para saber que eu não estava bem. Quando olhei em sua direção, ele estava com seu olhar preocupado. Tentei sorrir, com o intuito de que estava tudo certo, mas falhei miseravelmente.

Respire e inspire, América.
Fiz esse mesmo processo diversas vezes, até que em algum momento eu fiquei mais controlada. Maxon olhava de Gavril para mim. Apesar da aparência calma, eu sabia que dentro dele estava um turbilhão. Ele estava esperando a hora do seu pronunciamento. E seria a qualquer momento.

Enquanto Gavril terminava de falar, Maxon apertou mais uma vez a minha mão. E aquele aperto só queria dizer uma coisa "vai dar tudo certo". Em retribuição, balancei a cabeça positivamente. Irá dar tudo certo.

Poucos minutos depois, Gavril anunciou que o rei iria assumir o comando. As câmeras focaram nossos rostos. Maxon abriu um sorriso estonteante enquanto levantava. E eu, bem, eu me obriguei a sorrir alegremente.

- Boa noite Illéa! Hoje trago-lhes um anunciado muito importante.
Ele começou, e o seu sorriso deixou seu rosto para que pudesse continuar.

- Todos estamos cientes dos últimos acontecimentos, e devemos ficar atentos. Infelizmente, nenhuma Selecionada foi encontrada. Estamos fazendo tudo que está em nosso alcance para que encontremos-as. Elas podem estar em qualquer lugar, então as buscas estão sendo intensificadas a cada dia. Devido a esses desaparecimentos, que pelo que vimos, não irão parar, chegamos a uma conclusão. E é daqui que anuncio. Para todas as Selecionadas que estiverem agora vendo o Jornal Oficial, devem saber que deverão vir para o palácio amanhã. Para ficarem - ele deu uma pausa e continuou - Mas, quero lembrar que não será como a Seleção. Vocês virão para o palácio para ficarem protegidas, para que mais nenhum sequestro aconteça.
Como sabem, o último ataque rebelde ainda é considerado recente. Sabem também das muitas perdas que tivemos por aqui, e toda ajuda será bem-vinda. Principalmente da parte das Selecionadas, por exemplo, trazendo consigo seus pertences. Pois isso não foi preparado, e não podemos perder tempo com isso enquanto várias de vocês podem estar correndo perigo.

Para minha supresa, Maxon repetiu a mesma frase na qual eu havia pensado algumas horas atrás.

- O palácio será o refúgio de vocês. Estamos de braços abertos para recebê-las. Obrigado.

**

Maxon se sentou na cama e suspirou enquanto tirava a gravata. Ele estava exausto, e já passara da meia-noite.

Agradeci por ter tirado aquele vestido. Não estava aguentando mais. Fui até Maxon por trás e o ajudei. Ouvi os botões de sua camisa sendo desabotoados, e em seguida ele a puxou. No fundo eu sentia que Maxon não se sentia bem ao deixar suas costas expostas para mim. Ainda doía na alma.

Passei delicadamente as mãos pelas costas que eu admirava tanto. Ele pareceu relaxar ao contato da minha pele com a sua.

- Eu te amo tanto, minha querida - ele declarou, de repente.

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