Capítulo 9 - Uma luz

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As pessoas, ainda em choque, se retiraram do Grande Salão. Alguns guardas foram retirar o morto estendido no chão.

Eu e Maxon fomos para o quarto depois que ele fez um pronunciamento para as pessoas presentes, pedindo calma, pois ele resolveria isso o mais rápido possível. E eu também estava em choque, confesso. Mas com razão. Não é todo dia que um garoto de 16 anos - Maxon confirmou a idade do menino - pronuciar palavras e ameaças horrorosas perante o rei, e logo depois se matar. É algo de se arrepiar.

Entretanto, isso me fez raciocinar uma coisa. Esse garoto dissera que trazia um recado, e além de não dizer do que se tratava, cometeu um suicídio. Mas para que tirar a própria vida? Valeria a pena tirar a própria vida em troca de nada depois? Só há uma resposta para isso. Aliás, penso que duas. Ou se suicidou porque era um rebelde fiel ao seu grupo, ou porque realmente queria morrer. Está aí uma questão que nunca saberemos qual a verdadeira resposta.

**

Um calafrio passou por minha pele, fazendo com que eu acordasse. Observando o vidro da janela, percebi que ainda era noite. Suspirei. Me virei para Maxon e assustei quando vi seus olhos brilharem no escuro. Ele ainda estava acordado.

- Maxon - sussurrei.

Ele sorriu.

- Perdeu o sono em algum lugar? - perguntou, passando o polegar na minha bochecha.

- É... - confirmei.

- Os acontecimentos de hoje estão me preocupando. Eu não sei o que fazer - ele balançou a cabeça frustrantemente.

Fiz que sim com a cabeça.
Ninguém sabe, meu amor  , pensei.

- Nós vamos dar um jeito, Maxon. Vamos dar - minha voz não saiu tão confiante quanto eu esperava.

- Tentaremos, América. Tentaremos.

Balancei a cabeça novamente. Faríamos o que fosse preciso para recuperar essas garotas. Ilesas, se Deus quiser. Mas... Para isso, temos que sofrer consequências. Sempre temos, não é mesmo? Faz parte da vida.

- Volte a dormir, minha querida. Amanhã será um longo dia - Maxon pediu.

- Tudo bem - concordei - E você também. Vá logo.

Ele confirmou, e em seguida me virei. Maxon passou seus braços pela minha cintura, de modo que eu cairia no sono rapidamente.

Porém, várias preguntas sem respostas rondavam minha cabeça. O que vamos fazer? Não temos nenhuma pista. Não temos nada.
Por isso, vou seguir um grande conselho que meu pai sempre me dizia quando eu era pequena. "Às vezes só precisamos ter fé".

E de fato, é verdade. Amanhã será um novo dia, e eu não faço a mínima ideia do que ocorrerá. No entanto, ter fé é a escolha mais sensata a se fazer.

**

- Tudo bem, senhora? - Mary perguntou preocupada.

Lea acabara de me pentear, e esperava atentamente uma resposta da minha parte. Talvez eu tenha exagerado. Não falei uma palavra desde que elas chegaram. Eu estava muito preocupada. Estava viajando nos meus pensamentos. Nem sei se realmente notei no vestido que estava usando.

- Só estou com um pouco de dor de cabeça - o que em parte, não era mentira.

Ava e as outras ficaram alarmadas.

- A senhora quer algum remédio, ou um chá, antes de descer para o café da manhã, Majestade? - ofereceu.

- Não, Ava. Obrigada - sorri.

Ainda desconfiadas, elas saíram do quarto.  Eu fiquei um pouco ali, sentada olhando meu reflexo no espelho. Calma, América.

A sala de jantar estava silenciosa quando eu cheguei. Apesar de todos estarem lá. Me sentei ao lado de Maxon, e o mesmo pegou minha mão e entrelaçou na sua por baixo da mesa. Todos estavam tensos, preocupados e... Talvez com medo. Não sei.

Marlee sorriu do outro lado da mesa, em minha direção, e eu sorri de volta. Aspen falava algo baixinho para Lucy, e Carter... Carter não estava.

- Onde Carter está? - me aproximei do ouvido de Maxon e perguntei.

- Tentando descobrir alguma coisa - ele respondeu.

Voltei meu olhar para a mesa cheia de comida. Estava intocável. Ninguém comera, só mexeram com a comida em seus pratos e deixaram lá. Quantas perguntas devem estar se passando na cabeça de cada um de nós, agora? Muitas. A minha já estava começando a latejar.

Comi um pedaço de pão, mesmo sem ter vontade. Quando Maxon disse que ía se retirar, me ofereci para ir com ele, mas ele disse que dessa vez eu precisava ficar. Se descobrisse algo, viria correndo me avisar. Como sempre, concordei.

Mais tarde naquele dia, eu fui para o Salão das Mulheres. Ele sempre me faz lembrar da época da Seleção, daquele bando de garotas gritando, rindo, discutindo. Confesso que era bom tê-las por perto. E agora... Agora muitas delas estão desaparecendo... E sabe se lá se estão... Vivas. Balancei a cabeça me desaprovando. Eu não devia pensar nisso.

Mas... Pensando nelas, uma luz surgiu. Eu só não sei se iria dar certo, se Maxon concordaria. Eu vou tentar.

Saí do Salão das Mulheres às pressas, e praticamente corri até o escritório de Maxon. Uma guarda ali perto me olhou como se eu fosse louca por estar correndo no corredor. É, não são modos de uma rainha, mas dane-se. É importante.

Bati na porta consecutivamente e um Carter com a testa franzida abriu. Entrei quase tropeçando nos próprios pés.

Maxon parou o que fazia e olhou para mim. Com as sobrancelhas arqueadas.

Passei as mãos no cabelo, com o intuito de voltar os fios - que se levantaram na corrida - para o lugar. Eu estava ofegando. Acho que tem bem um tempo que não corro assim. Perdi a prática.

Respirei fundo umas cinco vezes antes de falar.

- Eu tenho uma sugestão, Maxon.

**










Nota:  Oioi, mais um capítulo. É. Eu fiz isso. Vou deixar vocês curiosos.
Mas vocês vão conseguir esperar um pouquinho, sei que vão. O próximo capítulo vai ser postado logo logo, okay? Juro que não vou demorar. Bem, e o que estão achando? Podem me dizer nos comentários? :)
Se tiverem gostado, deixe seu voto aqui, beleza?
Ah, e olhem, se os capítulos não tiverem fanarts, é porque eu procurando alguns. Porque nem são taaaantos... Daí quando eu conseguir, vou colocar.
Então é isso. Bjs iluminados! 💫

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