Capítulo 17

3.2K 346 53
                                    


Nosso retorno ao Acampamento foi muito mais tranquilo do que imaginei. Argos nos buscou com a van e passou para fazer duas entregas de carregamentos de morangos antes de nos levar de volta à Colina Meio-Sangue. Percy olhava para mim com um misto de preocupação e curiosidade, e eu tentava tranquilizá-lo sorrindo do modo mais animado que consegui. Annabeth não fazia contato visual comigo em momento nenhum, concentrada em limpar sua adaga já imaculada e olhar pelas janelas da van. Drew sonhava acordada, alheia a qualquer coisa que nós três disséssemos ou fizéssemos e eu fiquei grata porisso. Não queria saber nada sobre o próximo relacionamento que a garota arruinaria.

– Valeu, Argos - sorriu Annabeth, abrindo a porta e pulando para fora numa velocidade quase impressionante. Percy a seguiu e Drew também.

Olhei para Argos e ele devolveu o olhar (ou os olhares), sorrindo.

– Até mais - murmurei e saltei da van.

Encontrei Percy parado ao lado do belo pinheiro que antes era uma campista filha de Zeus chamada Thalia (longa história); ele conversava com o dragão preguiçoso que protegia o Velocino de Ouro (outra longa história) e sorriu para mim quando postei-me ao seu lado.

– Poseidon... - eu comecei a dizer. - Ele em geral é um bom pai?

Percy suspirou e enfiou as mãos nos bolsos da bermuda. O cheiro de mar que ele exalava me dava a estranha sensação de estar protegida, de estar em casa.

– Ele faz o que tem que fazer, Pep. Não vou mentir para você e dizer que Poseidon é um pai presente ou que vai se esforçar para ser, mas te prometo uma coisa: ele sempre está de olho na gente. Sempre. E se você realmente precisar dele, ele vai te ajudar.

– Mas você disse que ele não...

– Estar presente é uma coisa, olhar pelos filhos é outra - Percy arqueou as sobrancelhas. - Confie em mim, eu sei.

Crispei os lábios e assenti.

– Pepper! - ouvi alguém gritar com entusiasmo.

Olhei para trás e não pude conter um sorriso verdadeiro e extasiado (o primeiro sorriso sincero do meu dia).

– Tris! - gargalhei, correndo ao encontro dele.

Tristan me abraçou e me ergueu do chão, rindo muito alto.

– Uau, parece que você não me vê há dias! - comentei.

– Realmente parece - ele assentiu.

E então me beijou nos lábios. 

– Quero saber de tudo. Como foi ver Nova York, as construções do Olimpo, o seu pai... - suspirou. - Você o viu, certo?

Assenti, entrelaçando minha mão na dele.

– Não conversamos muito. Mas foi bom vê-lo. Ele se parece muito com Percy.

Tristan riu.

– Então você deve ser parecida com Hécate.

– Ei, eu a vi também! Mas não chegamos a conversar... Meu pai não quer que os deuses cheguem perto de mim.

– Ora, por quê?

Revirei os olhos.

– Diz ele que não devem interferir nas minhas escolhas. Seja lá o que isso quer dizer.

Tristan pareceu preocupado por um segundo, mas então beijou meus cabelos e passou o braço por meus ombros. Ele era tão gentil comigo, seu toque era tão educado e suave, tão diferente de... Apolo.
Engoli em seco, lembrando-me da promessa do deus do sol. Não se preocupe, eu disse à mim mesma. Ele é um deus, vai esquecer dessa idiotice logo, logo...

Filha Das ÁguasOnde histórias criam vida. Descubra agora