- Oi mamãe - eu entrei no quarto à sua procura. Mais uma noite tendo pesadelos, quando isso acontecia eu sempre corria para a cama de minha mãe. Dormir nos braços dela fazia com que eu me sentisse segura.
- Mamãe? - chamei por ela pela segunda vez e nada, era para ela estar alí. Onde mais ela estaria?
Caminhei pelo quarto enquanto segurava o braço de Tommy, meu ursinho de pelúcia. - Mamãe, vamos brincar de esconder de novo? - perguntei sorrindo.
Procurei por todo quarto e nada dela, mamãe era boa nessa brincadeira, admito. Saí do quarto e andei até o banheiro, senti um arrepio sobre todo meu corpo e abri a porta devagar. Tinha um cheiro estranho pairando sobre aquele ambiente, liguei a luz e tudo parecia normal, parecia. Percebi que por trás do box havia alguém dentro da banheira.
- Mamãe? Já pode sair, eu encontrei você. - naquele momento senti medo, pela primeira vez eu senti medo. Nunca tinha me dado a oportunidade de sentir isso, mamãe sempre estava lá para me ajudar e afastar meus medos.
Abri o box e vi mamãe deitada na banheira, com toda a inocência de uma criança de 10 anos achei que ela tivesse dormido na banheira de cansaço, ultimamente ela andava muito cansada.
- Mamãe? - toquei seu rosto e senti sua pele seca e gelada sobre meus dedos. - Você está congelando mamãe. - Disse e corri para o quarto, peguei uma coberta e voltei para o banheiro.
Entrei na banheira devagar para não acordar mamãe, de qualquer forma ela não acordaria, nunca mais. Deitei ao seu lado e sobre seu peito como de costume, joguei a coberta em cima de nós e fiquei alí. Logo senti meus olhos pesarem e dormi.
Quando acordei no outro dia mamãe estava intacta lá sem mexer um músculo, senti uma lágrima escorrer por minha bochecha direita. Naquele momento todos os medos que eu não sentia caíram sobre mim, senti uma dor forte no peito e comecei a soluçar desesperadamente. Comecei a procurar sinais de vida em minha mãe mas só consegui encontrar um pequeno envelope em sua mão esquerda. Apanhei o envelope e abri rápido demais, nisso um pequeno colar com pingente de coração caiu na banheira. Abri o coração e nele se encontrava uma pequena foto minha e de mamãe juntas, abraçadas e fazendo algo que senti que nunca mais faria, sorrindo.
Havia algo escrito dentro do envelope...Para meu docinho.
Por favor, encontre seu milagre...
Com amor, mamãe.Como eu poderia encontrar algo que fora tirado de mim?
Desci até a sala e apanhei o telefone, lembrei do numero que mamãe havia me ensinado caso algum dia eu precisasse de ajuda, digitei três números e esperei. Depois de quatro toques uma voz masculina atendeu.
- Emergência, no que posso ajudar?
- Eu preciso de uma mamãe nova.
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Miracle
FanfictionIr morar do outro lado do mundo aos seus 10 anos de idade não fazia muita diferença. Não tinha nada a perder e nem nada a ganhar, nunca tive amigos no Brasil e ter que recomeçar não era lá essas coisas. Minha mãe sempre me dizia que chega uma hora n...