Cap 06 O prelúdio

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Muito tempo depois, a barraca estava levantada, o colchão de ar estava cheio. Fred estava trocando sua roupa. Enquanto se dispia no meio das árvores curtas, fechada com muitos cipos finos e frágeis. Ali ninguém tinha medo de estar nu, de estar como se é. Na selva não existe padrões de beleza.
Sem camisa, com seu típico short curto de quem pratica esporte. Passando entre o acampamento que ja estava uma bagunça, por única culpa dele, os mantimentos jogados ao chão, seu livro solto sobre uma toalha, e o resto das coisas de sua mochila pelo chão.
Desceu para acompanhar seus amigos. Jorge estava na água, percorrendo contra a correnteza lenta. No fundo do rio tinha uma pequena queda, era mais um buraco que ajudava com o fluxo da água, ela caía com leveza e calma, era uma obra prima de tão delicada.
Após chegar nas pedras que tinham perto da queda, Jorge se equilibrava entre elas com os braços rijos para não escorregar no limo. Se esgueirando como uma aranha, coloca as costas na ruptura. Aquela sensação fria e massageadora era impressionante. Nada se equiparava aquilo.
- Mano! Corre! Que água gostosa.
- Sei não, parece frio demais para mim. - Igor estava em pé dentro da água com ela batendo não mais que na cintura. Ele sempre demorava a entrar na água. Nesse mesmo momento, Fred se jogava de peito aberto. - Cara, você é louco, admiro sua coragem.
- Que nada, o truque é bem esse mano, depois a água faz o resto do trabalho. Pula de uma vez Ig!
Igor parecia tenso e calmo ao mesmo tempo, mas sem temer, ou com todo medo que sentia dentro de si. Ele fechou os olhos e forçou os lábios. Então pulou. Ele não teve o menor receio. Quando submergiu da água clara, seus cabelos molhados pingavam em seu peito nu.
- Caaaaara que frio. - Trincou os dentes. - Mas valeu totalmente a pena!
Após se acostumar com a água, todos os três estavam nadando no raso. Foi quando...
- Bora fazer uma corrida até as pedras? - Surgiriu Jorge. O problema era as folhas que tinham no fundo do rio. Galhos, troncos, restos pesados que afundavam no fundo do rio, escurecendo toda aquela área.
- Cara. Não é uma boa ideia, temos medo de pisar nessas folhas. E se tiver cobras? - Fred sempre foi o mais medroso sobre as folhas. Nesse momento Jorge cruzava o rio nadando de volta.
- Ai cara. Eu nem encostei nas folhas. É tranquilo, é só nadar com os braços esticados para não bater nas pedras. - Jorge desenhava com os braços os movimentos. Mas a verdade é que Fred não era bom nadador, e não queria arriscar. Igor por outro lado estava se animando.
- Bora. Vai valer a pena!. - após Igor dizer isso. Ele e Jorge sepreparavam para o mergulho. Fred sentava na água. Não tinha coragem. E la foram eles.
- Cara é uma sensação muito boa! E eu nem encostei nas folhas. Mano! Vem!. - Apesar da emoção de Igor e Jorge, Fred não se moveu e ficou observando os amigos nadarem, de frente, de costas, borboleta, para ele, eles eram maratonistas.
Sempre estava passando pessoas por aquele local. Era feriado, todos queriam se encontrar espiritualmente, muitos não entraram na água. A verdade é que a menoria parava no rio. Mesmo esses iam nadando até lá. E todos pareciam felizes e adorar.
Aquele sentimento estava crescendo dentro dele, a vontade, a frustração, se mesclando com uma coragem falsa. Foi quando ele decidiu que podia fazer. Respirou fundo. Fechou os olhos e foi. Ele deu braçadas fortes desajeitadas e desesperadas, ele não enxergava nada e quando abriu os olhos as pedras pareciam longe. Igor e Jorge não estavam mais na água, estavam no acampamento, distante. O desespero dele abalou quando ele sentiu não conseguir mais nadar, seu corpo deslizava para baixo, as pernas iam afundando até que as plantas tocaram suas pernas, como animais vivos elas grudaram em sua panturrilha, ja tinha se juntado em todo o seu pé quando ele sentiu uma tora de madeira úmida que mais parecia outro animal frio e húmido. Desesperado ele estava se afogando, voltou a dar braçadas fortes e bruscas, afundou todo o corpo e tentou nadando chegar as pedras, sem sucesso, ele sentia a água entrando em sua boca, seu nariz, todo seu interior. De repente suas unhas rasparam uma pedra lisa com força seu corpo voltou a subir. Mas ele bateu com a cabeça na pedra
Desmaiado, sangrando e sozinho. Ninguém para ouvir. Ninguém para lhe salvar. Um corpo simplesmente boiava. Sem consciência. Quando algo puxou pelas pernas

Uma, Duas, Três, Chama A Próxima Onde histórias criam vida. Descubra agora