Ele não podia acreditar no que estava acontecendo, novamente ele estava acordando em um leito hospitalar, novamente ele foi aberto e explorado. Mas de uma coisa ele tinha certeza, nada. Nada podia piorar
- Amor?
Cedo demais
- Caroline? É você? - ele tinha acordado, mas apesar de tudo, tinha medo de abrir os olhos, afinal. O que esperava por ele dessa vez? Um avião aterrissando bem no meio da sua cara?
- Finalmente amor. - sem notar ela socou seu peito. - Já é a segunda vez que você me faz passar por isso. - Pela reação de dor nos olhos dele ela notou o soco - Me desculpe... Foi automático
- Tudo bem. Eu entendo amor. - Os olhos dela voltaram a marejar, e ele secou as gotas que rolaram por seu rosto. - Eu não planejei nada disso okay? Eu só queria... Não sei bem nem onde eu estava com a cabeça. Eu só não aguento mais ser impotente, e sentir essa dor.
- Mas amor, você vai se recuperar. Eu sei. Eu sinto! - Ela o abraçou mas se afastou rapidamente ao ouvir o gemido baixo vindo de seu amor. - Ai... Desculpa.
- Não. - Ele sorriu. - Eu quem devo me desculpar. Onde estava com a cabeça? Pedir para ficar longe de mim? Que loucura. Mesmo que doa, mesmo que eu morra. Me abraça novamente.
Naquele momento tudo parecia certo, nada podia acabar com o único sentimento bom que ele sentiu em dias.
- Err. - Coçou a garganta a enfermeira. - Com licença. Aqui é o quarto do senhor... Fred Rodrigues?
- Sim! É sim, pode entrar. - Caroline estava sem graça, talvez não estivesse certo abraçar alguém que praticamente acabou de sair da operação. Mas de verdade? Não importava.
- É hora do seu remédio Fred. - Em sua mão ela trazia um potinho com dois comprimidos. - Um é para sua medula, ela ainda esta muito ferida, e para o senhor recuperar completamente, é importante que ela se cure. E o outro é para dores posteriores. É esperado que na suas condições, o quadro apresente dores fortes e nocivas. - Enquanto ela dissimulava sobre as pílulas, já estava colocando água em um copo plástico e uma a uma, cada pílula era jogada para dentro de sua boca.
- Obrigado! - Mas a enfermeira já tinha o deixado. - Onde esta minha mãe? - Na poltrona ao lado apenas Caroline descansava a cabeça, sua outra companheira não tinha dado as caras, então ele assumiu que ela não estava no hospital.
- Eu a mandei embora. Ela não estava dormindo ou comendo, era um tormento para ela. Mas posso ligar..
- Não! - Interrompeu a mulher que já estava discando os números. - A deixe descansar. Hoje tenho você.
O resto do dia foi sem complicações alguma. A cirurgia tinha sido um sucesso, e graças a ela agora sua medula estava totalmente desinchada e o líquido com pus e sangue se não descoberto, poderia ter levado a falha permanente dos músculos de Fred. Por isso ninguém quis esgana-lo pelo "incidente".
A recuperação após três dias era excelente. Se não fosse recomendações médicas ele já estaria na fisioterapia novamente. Mas dada as circunstâncias e a cirurgia, era só jogar todo seu trabalho fora.
No quinto dia ele resolveu que ia dormir sozinho. Sua mãe e sua namorada estavam alternando os dias, e ele não via sentido em deixar elas dormirem em um sofá duro por sua causa.
Estava confiante de que podia dormir sozinho, de que estava bem, calmo e tranquilo. Deitado pensando em todas as coisas boas que vieram com as ruins, ele simplesmente se sentia feliz. Comentou com Caroline sobre as mensagens que leu por cima antes do acidente. Tudo que ela disse era que não precisava mais se preocupar com aquilo. Seu relacionamento de alguma forma estava mais forte.
No quarto dia toda sua família p visitou. Como em hospitais não tem bagunça, e sua família pirada não queria ser expulsa. Entrou de dois em dois, desde irmãos, tios e sobrinhos. Parecia que todos sentiam sua falta para variar.
Ele estava adormecido quando o relógio bateu as três da manhã. Foi quando despertou. Enquanto seus olhos iam se acostumando com a escuridão ele apenas se focava na parede.
- Fred?
Que voz era essa? O que estava acontecendo. Mesmo se lembrando vagamente daquele tom. Não. Não podia ser. Ele não estava... Não ali. Olhou em direção a janela, mas ainda de olhos fechados. "Dormir sozinho" zombou. Era um grande medroso! De vagar suas olhos iam abrindo... Bem de vagar. Até estarem completamente abertos! E não podia ser, não podia. Mas era verdade.
- Igor? É você?
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Uma, Duas, Três, Chama A Próxima
FantasyTrês amigos, Três laços, Três motivos para viver, apenas um para matar e morrer