Cap 17 Sangue

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Um beco em algum lugar de São Paulo. Pablo caminhava indo para casa. Ele odiava aquele caminho, aconteciam diversos assaltos e brigas naquele lugar. Mas ele resolveu encarar e poupar um quinto do caminho para casa.
Apenas uma luz no meio do caminho. Um brilho solitário em uma escuridão nada acolhedora. Mas lá foi Pablo. E parecia estar preocupado a toa, caminhou com calma e segurança. Até que...
O golpe foi muito forte. Ele apenas se lembra de olhar alguém em seu pescoço se alimentando como um animal.

~x~

Em um apartamento qualquer na Lapa, Lucio estava amarrado a uma cama. Toda vez que seu irmão, ou aquela coisa que ele tinha como irmão, ia caçar, tentava se soltar. Mas novamente, inútil. Igor tinha sempre o cuidado de deixar as amarras bem presas, afinal, com sua força aumentada, não era difícil.
Desistindo de tentar ele simplesmente aceitou estar preso. A vida dele tinha mudado da noite para o dia. Em um único dia seu irmão morreu e voltou a vida como uma criatura faminta de sangue. Ele resolveu prestar atenção no noticiário para não voltar a chorar. Aquela coisa ia voltar, e ele não queria parecer fraco.
"Mais um ataque confirmado. A polícia já declara que essa é a quinta vítima do assassino que vem aterrorizando a Lapa..."
A porta se abriu. Igor entrou rapidamente limpando o canto do lábio. Mas sem resultados o sangue seco deixava uma marca escura na pele.
- Pelo visto você se alimentou hoje novamente. Eu sou a sobremesa?
"Ao perguntar para o comandante da investigação se esse seria o nosso 'Jack the Ripper' ele simplesmente nega dizendo que já estão evoluindo na busca mas..."
- Não seja um idiota Lucio, por favor. Eu não consigo controlar. Não queria isso tanto quanto você. - Igor estava farto de ser um monstro.
"Hoje cedo o delegado deu a seguinte afirmação. 'O nosso assasino não é qualquer um, isso nota nos detalhes do crime, em como ele cobre qualquer evidência e prova..."
- É, pelo menos você esta conseguindo se safar disso antes que uma bala acabe nas nossas testas. - Lucio sabia que o irmão não iria feri-lo. Por isso abusava da paciência dele.
- Eu tenho sorte. Mas eles torcem para que ela acabe. - "Eu também" Pensou Lucio.
"Só um momento. Acaba de ser confirmado mais uma morte hoje, a polícia encontrou Pab..."
- Não aguento mais isso. - Desligou Igor.- Precisamos ir embora. A pista do Bruno esfriou, não tem mais motivos ficarmos aqui. Vou arrumar nossas coisas.
- Posso ir no passageiro dessa vez? Ou vai me levar na mala de novo?. - Lucio ainda tinha ematomas da última viagem deles. Mas ele não podia reclamar. Afinal começou a gritar perto da viatura.
- Depende. Vai dar outro show? - Disse por trás dos ombros. Igor tinha a velocidade aumentada. Mas perto do irmão tentava ser o mais normal possível.
- Se você não fizer nenhum lanchinho no meio do caminho.
Igor perdeu a cabeça. Avançou sobre o irmão. Com os olhos a milímetros de distância e os dentes todos expostos ele olhava o irmão furioso. Mas logo notou o que estava fazendo ao ver o terror nos olhos do irmão.
- Me desculpe... - Os dentes voltaram. - Eu não quis... Não vai mais acontecer. - Lucio estava sem fala. E descobriu que naquele momento, era a melhor coisa a se fazer.
Horas mais tarde eles estavam na rua novamente. Igor tinha roubado um carro no Brás, e em todo lugar que ele passou ele roubou um carro. Era importante não manter um hábito.
Enquanto ele estava parado no trânsito, lembrou de tudo que passou desde que deixou a trilha. Lucio tentou fugir diversas vezes. E ele não teve escolhas. Não podia deixar ele livre. Ele sabia a verdade. Ele viu Pedro ser assassinado a sangue frio. As pessoas não podiam vir atrás dele. Não ainda, ele precisava achar Bruno.
No começo foi muito difícil ter uma pista dele. Igor não fazia ideia de como achar uma pessoa que tivesse os mesmos meios extraordinários que ele tinha para fugir e se camuflar. Até que um dia enquanto ele se alimentava de um drogado sentiu seu odor. Com o tempo ele descobriu que todos nós temos um cheiro e ele era um ótimo farejador.
Então ele percorreu todo o perímetro que o cheiro cercava. Aparentemente o cheiro dele não tinha uma direção certa, cobria toda uma extensão de pelo menos duas quadras, o que fazia ele ser irresistível. Até que Igor achou um quarto com uma vítima de Bruno. Desde então ele segue seu cheiro. Mas São Paulo, a terra da garoa, não ajuda em nada.
- Para onde estamos indo? - Lucio não tinha dito nada desde o susto que levou.
- Para casa irmão. - Igor o olhou sério. Eles não tinham voltado para casa desde o acampamento, e já fazia uma semana. - Estamos indo para casa.

Uma, Duas, Três, Chama A Próxima Onde histórias criam vida. Descubra agora