Era tarde da noite, na mata fechada um animal que não deveria estar sozinho, perambula por entre os canteiros atrás de comida. Ao achar uma maça bicada, ele começa a devora-la com seus dentes afiados e hábeis. Uma das suas orelhas levanta. Ele escuta um barulho estranho. Paralisado ele foca o nada. Seu nariz rapidamente analisa toda a extensão do lugar ao seu redor. Bruscamente ele movimenta o rosto para uma lateral, sem achar o que buscava, sua atenção volta para a fruta suculenta a sua frente.
Inocente o pequeno coelho pensa não ter com o que se preocupar. Mas por trás dos arbustos uma besta observa sua presa. Maior e mais veloz, ela corta o silêncio da mata. E o som da morte ecoa por todoo lugar.~x~
Mais tarde naquele mesmo dia. A grande criatura trazia um coelho entre os dentes. O largou do lado de uma fogueira, caminhando foi até o corpo de quem ele tem cuidado. É Jorge. Com sua língua grande, quente e espessa lambe o rosto de Jorge, segundos depois se lança na mata. Um homem moreno surge em seu lugar. Cabelos curtos e espetados, seu peito definido e nu traz uma tatuagem de teia, onde o seu mamilo centralizava toda a teia.
Vestindo apenas um short rasgado caminha até a fogueira, começa a preparar o coelho enquanto trocava o curativo da perna de Jorge, ele não queria isso, não queria ter ferido aquele garoto, mas foi necessário.
Naquela fatídica noite quando os polícias socorreram o outro garoto que foi atropelado, ele ouviu ele dizer o nome do Jorge, sabia que os policiais iriam entrar na mata a procura do tal "Jorge"
Foi quando delicadamente a criatura que estava perseguindo eles na mata mordeu as roupas de Jorge e o arrastou pela mata, isso não ajudou nada, no percurso ele apenas machucou mais o garoto, suas roupas cada vez mais se rasgavam e ele não podia morder outra parte dele, já tinha arrancado um quarto da panturrilha de Jorge.
Quando ele estava longe e seguro. Se transformou em humano, e carregou o garoto para seu acampamento, limpou suas feridas, fez curativos naturais e roubou algumas roupas para ele. Mas não adiantava. O garoto ia morrer. Sozinho ele não tinha a menor chance.
Foi quando ele escolheu fazer tudo para salvar o garoto, mesmo que fosse quebrar as regras. Ele pegou uma faca e cortou seu peito. Deixou seu sangue pingar na ferida do garoto e tampou com folhas secas. Deixou seu veneno penetrar no corpo do garoto enquanto ele automaticamente começou a gemer de dor. Era a hora. O homem estranho começou o ritual, ele iria amaldiçoar Jorge.
Para dar certo ele teria que sobreviver a primeira transformação, e a noite seguinte era Lua cheia. Jorge estava com febre e nada que o homem fizesse poderia ajudar, até que veio os calafrios e as dores, os ossos de Jorge quebraram um a um e a besta tentava ganhar vida. Sua pele ia alargando e sua boca já não tinha ligamento algum, seu maxilar quebrado permitiu que sua boca abrisse três vezes mais.
A besta não estava mais adormecida. A mata não era mais tranquila. Gritos pavorosos quebravam o silêncio e arrebatavam qualquer alma medrosa. Mais e mais gritos. Sua pele rasgava e patas saiam de suas mãos. A besta queria sair. E depois de gastar toda a força de Jorge, a besta finalmente estava liberta. Alva como a neve, olhos azuis escuros como o mais salgado oceano, seu pelo macio fazia o seu raptor sentir inveja. Ele estava ferido e cansado, por pouco ele não se rendeu, mas se manteve em pé, até não aguentar mais, voltando a sua forma humana.
- On...Onde...Eu estou?
O estranho acordou de seu transe assustado, pela primeira vez o garoto acordou.
- Não se esforce, tente não falar
- Quem é você? - Foi inútil o conselho do estranho.
- Me chamam de Kevin. Mas não é hora para isso. Tente descansar
- Água - Foi tudo que conseguiu falar, ele se sentia arrasado, com muita dor e cansado, suas últimas memorias viam aos poucos o assustando. - Quanto tempo?
- Já faz um mês garoto. Mas não se preocupe. Eu cuido de você.
Jorge começou a chorar. O que tinha acontecido com ele? Então voltou a apagar.
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Uma, Duas, Três, Chama A Próxima
FantasyTrês amigos, Três laços, Três motivos para viver, apenas um para matar e morrer