Uma, Duas, Três, Chama A Próxima

Cap 03 Fred

Desde muito cedo eu sempre fui muito fechado para o mundo, introvertido, totalmente calado e na minha. Mesmo que eu não passe essas coisas todo o momento, isso sempre acaba por acontecer, como agora. Estávamos todos juntos no ônibus, em pé, nos segurando nas grandes molas. Tanto meus amigos quanto as pessoas que estavam aos montes ao nosso redor, brincavam, comentavam e curtiam, mas eu? Estava tentando ler com meus fones de ouvido
- Você acha mesmo que vai ler? - Igor fechou meu livro tão rápido que o marcador ficou para fora.
- Aff. Perdi a página
- Você deveria ter pensado nisso antes, sabia que eu não te deixaria ler. - Jorge ficou rindo no canto
Desde sempre comigo e Igor foi assim. Nos conhecemos na escola, logo ficamos amigos, desenvolvemos confiança um no outroe quando notei, éramos como irmãos. Não me entenda mal, é claro que eu, Jorge e Igor possuímos diferenças e pareça que ora gosto mais de um, ora de outro. Mas isso não é verdade
Eu nem lembro como Jorge entrou na minha vida, um dia eu olhei para o lado e descobri que ele sempre esteve ali, desde a sexta série. Igor veio no mesmo ano, e é engraçado como um único ano na minha vida foi sempre tão cheio. Opa, lá vem uma curva forte.
- Então, vamos chegar e dormir né? Eu to ligado que vocês querem caçar tartarugas e tudo mais, mas eu não vou não okay? - Jorge nem sempre é assim tão preguiçoso, mas se você não o deixa dormir, descobre que ele é muito impaciente.
- Não vamos "caçar" - Sim, eu fiz aspas no ar. Com o tempo da para notar que eu sou uma criatura particularmente estranha. - Só queremos ver as tartarugas
- Eu não sei porque. Eu vejo todo dia, não tem nada de tão legal nelas, só sabem mijar no meu quarto, e ao contrário do que dizem, elas são bem das rapidas
Todos nós rimos. Uma coisa bem comum era Jorge nos fazer rir, ele estava sempre muito alegre, espontâneo e falando os maiores absurdos. Não me entenda mal, ele não é burro nem nada, eu sempre acreditei que a motivação dele era simplesmente nos fazer rir mesmo
Teve um dia no metro, estávamos indo ver uma peça de teatro, nós três e a Bruna. Estávamos jogando um joguinho bem do besta de clicar no celular, quando de repente, ele soltou
"Cara. Não. Aff.. Você é muito burro, usa todos seus dedos. Quantos dedos você tem? Oito? Pera. São oito dedos mesmo? Um.. dois.. três"
Eu juro, ele contou todos os dez dedos, eu nunca ri tanto na minha vida dentro de um metrô.
- A questão é. Fred viu uma tartaruga, e vamos acha-la. - Igor não ficava empolgado assim a dias
- Ai. Voces vão acampar?
- É... vamos sim... por que?- Eu nem tinha notado ela do meu lado, uma garota loira pequena e magra
-UAU... Vocês sabiam que hoje vai ter Lua cheia e chuva de meteoros? Que inveja. -Ela estava com aquele grupo que pediu informação mais cedo, o engraçado é, o que a fez pensar que eramos amigos? É sempre muito difícil manter uma conversa da qual eu não queria estar participando
- Sabíamos, eu tirei print do mapa das constelações, posição e tudo, quero muito ver os meteoros. Eu nunca vi na vida. - Igor é muito fácil de se comunicar, eu achava aquilo impressionante, quando o assunto era estranhos, ele era o cara. Mas nem sempre foi assim
- CACHOEIRA CRISTAL!
- Nossa é aqui que descemos, boa sorte meninos
- Valeu!- Gritamos em uníssono
- Bom, o próximo é o nosso, vamos para a porta.- O legal de cidades pequenas assim sempre são as pessoas, em qualquer outro lugar de São Paulo os cobradores estão pouco se importando para onde vão descer, mas aqui? Sempre eles te informam e gritam bem alto
- Vamos sim. -Disse ambos meus companheiros
-Ahh... esse vento, este cheiro. É só eu que sinto um frio na barriga só de estar aqui ja?
- Não. - Riu igor.- também estou muito ansioso
-Bom, então vamos, vamos a mais uma aventura, que muitas coisas há de vir!
- CACHOEIRA DA FUMAÇA!
Era hora de escrever mais um capítulo único em nossas vidas. Era hora de viver! Então a porta abriu a minha frente, eu saltei do ônibus, senti o asfalto quente mesmo sobre a sola dos meus tenis, vi toda a imensidão verde daquela pequena estrada, olhei para frente e esperei meus irmãos de alma