Eles estavam a muito tempo procurando por Igor e seu irmão, mas nada ainda. Nem mesmo um sinal. Eles poderiam realmente ter sumido assim? Sem mais nem menos?
O corpo de Pedro seco sem sangue algum era um mistério indecifrável, pelo menos para eles. A noite passada foi um pesadelo, ninguém dormiu, ninguém conseguia fechar os olhos, quando o sono foi tão pesado que não aguentaram, dormiram pelo chão, nenhum deles conseguiu entrar na barraca.
Logo pela manha eles levantaram, deixaram Pedro escondido e fizeram as trilhas. Mas foi inútil, eles não viram nenhum indício de seus amigos. Nada. Nem mesmo pelo caminho contrário. Quando foi difícil demais ficar sem comer eles fizeram a fogueira longe do corpo de Pedro. Eles não se falavam o silêncio era mordaz. Mas alguém precisava falar, e foi lá para as quatro horas da tarde quando Fred estava na água tentando se manter acordado.
- Precisamos ir embora cara.- Disse Jorge sentando na margem.
- Precisamos. Mas o que vamos fazer? Você não quer largar ele ai né?
- Claro que não. Vamos leva-lo, e só. Não precisamos dessas coisas mais, barraca, colchão. Eu não quero nunca mais voltar aqui. - Os olhos de Jorge se encheram de lágrimas.
- Certo. Eu também não. - Disse Fred se levantando da água. Mas parou perto de Jorge. - Você acha que o que aconteceu com nossos amigos pode vir atrás de nós?
- Espero que não. Espero que não
Para ir embora foi fácil. Deixaram tudo para trás. Juntaram as roupas em uma única mochila. Comidas, panelas, temperos, cobertor. Nada. Nada foi mantido. Eles viraram a página. levaram Pedro sobre os ombros, cada um, um pouco, e sempre que a trilha era mais complicada ou que tinham de pular, eles se matavam, mas no fim, davam um jeito
Foi a trilha mais demorada da vida deles, cansados, sem energia e com o peso que levavam, o tempo correu muito rápido e estava caindo a noite. Mas eles seguiram. Para sorte deles ou azar, ninguém estava na trilha, era apenas eles e aquele corpo, tentando achar uma explicação para tudo aquilo.
Mas Jorge viu algo... Olhos, olhos vermelhos brilhantes. Tão brilhantes que parecia uma brasa crepitante
- Ei Fred. Você pode ir indo? Preciso usar o planeta.
- Não sei... Parece arriscado. Porque não posso te esperar? Não é como se eu quisesse te ver urinar né.
- Eu só preciso de um pouco de privacidade. Pode ser?
- Você que sabe. Mas grite. Eu virei correndo.
- Você é um bom amigo. - Mas eu não. Pensou Jorge. Suspirou esperando que Fred estivesse longe. - Se mostre! Eu sei que esta ai, quem é você? - Disse ele tentando não levantar muito a voz. Mas sem respostas. - Acha que sou cego? Que não te vejo? Onde estão meus amigos cretino? O que fez com Pedro?
Ele girava esbravejando procurando os olhos. Mas só ouvia um rosnido, que ia aumentando, e ia aumentando, aumentando. Então os olhos vermelhos tinha uma cabeça... Um corpo. E dentes enormes e quando Jorge viu aquela criatura, caiu no chão.
- porra! Da onde você saiu? - Ele fitava aquela criatura cinza, enorme, era gigante, cabeça gigante, olhos gigantes, dentes gigantes. Seu pelo grosso como espinho, deixava ele com a aparência de um cão vira lata. Mas Jorge sabia que não era. Não com aquele tamanho, não com aquelas patas enormes.
A besta rosnava e dos dentes caiam uma baba gosmenta, o seu fucinho cheirava bem o ambiente e ele se aproximava lentamente, Jorge estava travado no chão "estávamos tão perto de ir embora" ele chorava. A criatura então estava a centímetros de seu rosto. Até que Fred apareceu gritando tentando afastar a besta. Quando Jorge o viu criou coragem e ambos tentatam correr, a besta não se mexeu, mas enfim tomou corrida, rosnando e pisando forte na terra eles ouviam o grande baque das patas, sabiam que ela os pegaria.
A grande besta estava muito perto, muito perto, até que foi perto demais. Ela mordeu jorge na batata. Sangue quente escorria e ele rolou, caiu e Fred segurou sua mão arrastando ele para a estrada, chegaram ao fim da trilha e Fred tropeçou no corpo de Pedro na beira da estrada, caindo ele rolou no chão. Tudo que ouviu depois foi as buzinas.
Quando ele abriu os olhos e olhou para o lado. A viatura já estava em cima dele. Seu corpo virou sobre o capô do carro e voltou para o chão, seus olhos se fecharam. E ele não sabia se voltariam à abrir.
Tudo que ele conseguiu dizer foi "J..or..ge a...j..uda"
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Uma, Duas, Três, Chama A Próxima
FantasiaTrês amigos, Três laços, Três motivos para viver, apenas um para matar e morrer