Cap 22 Reencontro

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- Olá Fred. - Igor estava em pé em sua frente. Fred atônito piscava os olhos sem parar. - Eu não queria te assustar. Mas preciso de ajuda
- Isso é um sonho ne? Fala sério. Eu te vi morto cara!
- Eu sei... É... complicado. - Com uma feição de dor Igor caminha pelo quarto. - Olha. Eu estou vivo. Isso é óbvio. Mas também sei que estou morto. Não é extremamente confuso?
- Eu não consigo crer em meus olhos. - Fred atônito não conseguia nem piscar, por medo que seu amigo desaparecesse outra vez. - Como sei que é você?
Igor rolou os olhos por toda sua órbita, como quem não tinha tempo para aquilo tudo. Se aproximou com calma sentando na cama. Nesse mesmo momento Fred estava em choque, ele sentia a presença, a cama afundou e seu corpo era atraído para o peso que Igor colocou na cama. Sua mão foi estranhamente aterrorizante, vindo com calma, lenta e fria. Tocando o rosto quente de Fred.
- Você está muito quente. Será febre?
- Não. - Respondeu rindo. - Você que esta muito frio. Eu nem acredito. Você... VIVO!
- Estou. E por isso você tem que me ouvir bem e com calma...
Fred sempre foi bom ouvinte, sereno e dando muita atenção, ouviu toda a história de Igor, voltando desde a mordida no acampamento, que agora Fred estava dando total seriedade. Fazia perguntas curtas e simples. Ele estava achando a nova vida do amigo uma coisa espantosa e comentou ter visto algumas notícias das mortes na Barra Funda. Mas quando Igor lhe contou do enterro, aí ele desabou. Chorou e quis até defender, achar uma desculpa para aquele comportamento, mas não tinha. Não tinha cura para o esquecimento. Então um silêncio se fez, Igor deu espaço para o amigo digerir tudo aquilo.
- E como eu posso te ajudar? Não sei se soube as novidades, mas minha vida não foi um mar de rosas também Igor, aliás, estou paralisado da cintura para baixo.
Uma nova rodada de conversa iniciou, e dessa vez Igor estava atônito. Como duas pessoas que estavam em um mesmo lugar, comendo as mesmas coisas, vivenciando os mesmo momentos, tinham tudo futuros tão distintos?
- Você acha que tem chance de não voltar a andar? Você? Para! Amanhã já estara correndo o mundo de novo.
- Eu duvido muito... - Um novo silêncio dominou a sala e este foi mais longo. Mas por fim Fred retomou. - Ei, você não me disse como eu posso te ajudar ainda.
- Claro, claro. Me ajudar. Eu preciso que você tome conta do Lucio.
- Teu irmão? - A interrogação em seu rosto era gritante. - Como vou fazer isso? Você disse que ele te acompanha, que até foi dado como morto junto de você.
- Não importa, você precisa cuidar dele. Eu tenho que ir atrás desse Bruno, não vai ser bonito, mas é necessário é eu não posso levar alguém como ele... - Quis dizer humano, mas não tinha tempo restante para explicar tudo. - Tão frágil. Pode fazer isso por mim?
- Claro irmão. Tudo que eu puder.
- Sabia que podia contar com você. Ele está nesse endereço - Entregou um papel. - Manda alguém da sua ou da minha família, sei da sua condição... Mas avise, ele pode ser hostil. E Fred. Eu estou morto, essa é a história que precisam e vão contar.
- Por que? Não podem nem saber que você está bem?
- Eu... Não sou mais normal... Eu não posso por ninguém em risco, primeiro eu tenho que resolver isso... - Ele sabia que Fred entenderia. Então lentamente deixou suas presas aparecerem, grandes, adiadas e mortais, prontas para devorar qualquer um. E Fred nem ao menos se deixou ficar desconfortável.
- Pode confiar em mim.
Se despediram e conversaram uma última vez, Fred não sabia se voltaria a ver o amigo de novo, para falar a verdade ele nem tinha certeza de que não estava dormindo. Mas ele viu seu irmão de vida pular a janela e se jogar na noite densa.
No outro dia ele acordou com Caroline alisando sua mão.
- Bom dia amor.
- Bom dia.. Amor? Eu preciso que faça algo por mim.

Uma, Duas, Três, Chama A Próxima Onde histórias criam vida. Descubra agora