the Contact

Prólogo

 O mundo é um plural, existem dois lados paralelos que sempre foram mais unidos que alguma vez alguém pôde pensar. Há o nosso mundo, o nosso pequeno mundo limitado ao que a nossa cabeça consegue alcançar, e o outro mundo, onde o corpo apodreceu e a alma é a única coisa que permanece jovem, criando o denominado Céu. Ou pelo menos era assim que eu pensava.

Este plural nasceu de uma história para muitos mítica, mas que continua a passar de gerações para gerações. Mas apenas alguns a sabem: No mais antepassado dos antepassados, o mundo plural era afinal um mundo singular, onde a eternidade era prometida, sem mistérios do que viria a seguir. Essa eternidade intensificou-se com a promessa de amor imortal entre um homem de uma aldeia e uma singela donzela. Quando a promessa foi atraiçoada e o coração da jovem destroçado, a morte atingiu-a com uma poção cruel e no lado de imortalidade prometida, esta vivia encurralada com o maior desgosto que alguma vez fora possível existir em todo o Mundo, ao imaginar o dia em que o seu perdido amor a enfrentaria na eternidade. Aí, nasceu o plural com que convivemos hoje em dia, quando a mulher conseguiu castigar todos os Homens e formar uma barreira entre os dois lados do Mundo, onde apenas os bons de coração e não traiçoeiros poderiam entrar no seu paraíso e os outros, sinónimos ao seu amor falso nunca esquecido, eram atirados miseravelmente para um lado mais obscuro que alguma vez se poderá pensar, onde não há chamas e fogo como pensam, mas solidão, uma tremenda solidão que faria qualquer um matar-se no primeiro segundo, se não estivesse já morto. Há um nada, nem uma única chama de luz. A única coisa é o poder de uma mente solitária e a agonia de saber que será assim para todo o sempre. E aqueles que alguma vez tentaram destruir esta barreira, enfeitiçados pela fantasia do Homem, foram castigados. E assim, nunca mais se ouviu falar num contacto entre o Outro Lado e o mundo traiçoeiro.