Capítulo II - As três virgens

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          Beatrice

 Quando reparámos que John Cooper, o novo aluno da aula de história – um dos dois -, estava sozinho na fila para o almoço, Cath não hesitou em chamá-lo para junto de nós. Steve não estava connosco, e isso talvez tenha sido um motivo para suspirar de alívio.

-Vai haver uma festa para celebrar o começo deste último ano. – Catherine informa John.

-Uhm, não me parece que vá aparecer.

-É claro que vais! É o teu passe verde para conheceres pessoas. Desde que não te aproximes dos Gabarolas do Canto, está tudo a teu favor.

-Gabarolas do Canto? – Eu e Kira tentamos não rir.

-Aquele grupo no canto do refeitório, atrás de mim. – Fala com desdém, nem chega a olhar discretamente, apenas espera que John veja para lá do ombro dela. Eles riem-se e cochicham como de habitual. – A minha teoria: eles são um clã de vampiros que não se aproximam das pessoas ou comerão os nossos pescoços e andam sempre a cochichar para que ninguém descubra o seu segredo e planos para o jantar. – Aí, John ri.

-Vampiros?

-Para além dos Gabarolas do Canto, esta rapariga é alguém de quem também não te deves aproximar, e estará tudo a teu favor. – Kira finge sussurrar, Cath lança-lhe um olhar repreendedor e todos rimos, exceto ela.

-O Thomas? – Tenta mudar de assunto, mas não replicamos.

-Ele aproveitou a folga da mãe para almoçar com ela. – Respondo.

-Oh. – Dá um aceno de cabeça e continua a sua sopa.

-Então John, o que te fez mudar de Nevada para aqui? – Tento meter conversa, inclui-lo um pouco. Parece ser um rapaz simpático.

-A minha mãe ficou desempregada do cargo de polícia no município onde estávamos. Quando um amigo de longa data a aconselhou para ajudar no homicídio da semana passada aqui em Misteroud Fells, o xerife contactou-a e ela não pôde recusar. Conseguiu que me aceitassem na escola e bom, aqui estou eu.

-Homicídio? – Questiono. Estive toda a semana fora, isso talvez não tenha ajudado.

-Ahm, sim. – Está meio confuso, ou por parecer que só ouvi "homicídio" na sua resposta, ou provavelmente porque pareço ser a única a não ter conhecimento do que aconteceu. - Três jovens foram mortas algures na floresta.

-Há quem diga que foi o lenhador que as encontrou, que as matou. – Cahterine diz.

-Bom... - Parece ponderar se deve contar. E prossegue - a verdade é que quando a polícia chegou, duas horas depois, quando esse tal lenhador as encontrou, não haviam vestígios de sangue, armas, qualquer coisa. Os corpos não tinham qualquer marca que indicasse homicídio, mas resolveram dar essa resposta à população para não criar grande alvoroço pela cidade. – Segreda.

-Podem ter sido drogadas. – Especulo.

-As autópsias deram negativo. Elas estavam completamente limpas.

-Okay, isso é estranho. – Kira intervém.

É completamente estranho. A minha cabeça tenta de imediato ligar o crime com o que me aconteceu esta manhã.

-Que idade tinham?

Não parece entender o porquê da minha pergunta, mas ainda assim responde:

-Acho que duas delas tinham quinze, a outra catorze.

Fico em choque.

-A sério?! - Exclamo. Ele acena um sim. -O que é que o xerife acha?

-Acho que a tua pergunta é o que é que a minha mãe acha, caso contrário terás um nada como resposta. – Espero então pela teoria da sua mãe. Ele fecha um pouco o nosso círculo, chega mais o peito à mesa. – Eu espero que o meu instinto de que posso confiar em vocês não me falhe. – Catherine sorri, dando-lhe a confirmação para continuar. – Ela defende a sua louca teoria das três virgens.

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