Capítulo XXVII - Ainda há muito por descobrir

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Beatrice

-Pai! – Acho que esta chamada é a melhor coisa que me aconteceu e que me poderá acontecer hoje.

-Trice, minha querida. Como estás?

-Bem! Bem... - As lágrimas ameaçam os meus olhos, trinco o lábio inferior na tentativa de que elas não caiam pela minha face. – E tu? A Mary? Como estão?

-A Mary saiu hoje de manhã. Ela foi passar estes dias com a irmã.

-Sim foi uma boa decisão. Acho que vai ser bom para ela. – A linha fica silenciosa para me deixar ouvir claramente a sua respiração e descansar porque sei que está seguro.

-Na verdade fui eu que tomei a decisão. – Não entendo. – Eu pedi-lhe que fosse porque estou a voltar para trás. – O meu coração para e o meu descanso pela sua segurança é então uma farsa.

-O quê? Não, pai, tu não podes! Por favor, volta para trás!

O carro para junto à linha da cidade. O homem sai do carro, observando a estrada diante de si e preparando-se para a atravessar.

-Tarde demais Trice. – Tarde demais? Oh não...

-Não! Não pai, por favor, não venhas!

-Está tudo bem. Vai ficar tudo bem. – Desliga. Fico estática a olhar para o telemóvel e as lágrimas que tanto aguentei escorrem então pelas minhas bochechas.

-O que se passa?! – Edwin questiona, mas nem consigo responder. Estou em completo choque.

Apresso-me até à entrada de casa, apanho o casaco comprido do bengaleiro ao mesmo tempo que saio de rompante pela porta de madeira. Ainda ouço Edwin atrás de mim, mas corro o melhor que posso para fora da zona florestal.

-Olá Trice. – Felizmente atende.

-Kira! Kira, onde estás?

-No bar com a Anna... Porquê? O que se passa?

-Venham as duas. Acho que o meu pai vai tentar entrar na cidade.

-O quê?! Calma, ele não vai conseguir. – Mas consiga ou não (o que neste momento nem eu sei prever, perante tudo o que Alina me disse há uma hora atrás e como certamente me foi escondido algo importante em criança), a verdade é que todo o meu corpo está a tremer e há uma revolta no meu interior, uma sensação desconfortável.

-Eu não estou com um bom pressentimento... Venham rápido, por favor!

Enche o peito de ar. Estica o pé e não há nada a travá-lo. Consegue de facto entrar em Misteroud Fells. E está pronto para entender o que se passa e para proteger Beatrice tal como prometera à sua mulher dezoito anos antes.

Avista alguém. Um corpo desconhecido está na praça da cidade. E atendendo a que toda a cidade foi evacuada e algo perigoso se aproximava dela, Peter encaminha-se na direção oposta. A mulher tinha um ar estranho, de vestes antigas e macabras.

-Olá. – Aparece subitamente mesmo à sua frente, deixando-o estupefacto. – Quem és tu? – A mulher pergunta. Mas não há resposta, apenas gaguejos. – Talvez devêssemos castigá-lo por ter entrado aqui, o que achas Clayton? – Fala para um suposto nada a seu lado, ele fica confuso.

-Não. – Clayton diz de imediato, fazendo Alina olhá-lo confusa. – É o pai da Beatrice. – Engole em seco, esperando que a bruxa possa poupar o pobre homem. Mas como raios é que ele está ali?

-O pai da Visionária?! Oh mas isso é fantástico! Podia ter-me dito antes. Venha, temos muito que falar.

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