Beatrice
-Toma, bebe. Vai fazer-te bem. – Celina, a mulher de cabelos claros, entrega a chávena branca e decorada a azul-escuro com um estilo antigo e esbelto, a Edwin.
Ele corresponde ao que lhe pedem e não me parece que seja algo muito agradável porque torce o nariz e franze as sobrancelhas, com um ar um tanto horrorizando mas curioso, inspeccionando o líquido que acabara de ingerir.
-O que é isto?
-Uma receita secreta. Bebe, acredita em mim. Vais ficar bem com isso.
-Mas eu estou bem. – Insiste.
-Edwin, é melhor ficares na cama por hoje. – Tiro a minha mão que se mantinha moldada ao seu joelho, sendo o contacto separado pelos cobertores, e dou a volta à cama, deixando-me na esquina desta, pronta para sair em breve.
-Acreditem, eu sinto-me normal. Estou bem.
Tanto eu como Celina não dizemos nada em contrapartida, o nosso olhar basta para ele aceitar a nossa teimosia.
-Só hoje. – Aponta o dedo, ao que sorrio e dou-lhe consentimento para tal com um abanar de cabeça.
Sinto Celina afastar-se, ao que fico apenas mais um segundo íntimo na presença de Edwin.
-Descansa, está bem? – O seu olhar é doce em mim.
-Está bem. – Responde e correspondo ao seu sorriso. Deixo-o então, apagando a luz que iluminava todo o quarto, ficando apenas a do candeeiro acesa, e fechando a porta.
Por muito que, inconscientemente, force o meu corpo a chegar ao fim do curto corredor e me mentalize para resistir, tomo então noção dos meus movimentos quando – também sem me dar conta – travo-me depois de apenas dois passos dados e dou de caras com a porta da divisão contrária à que Edwin está.
Memórias da madrugada, gelada e dura, são relembradas. Quando fiz a cama com Kira para, em seguida, ver o corpo imóvel ser deitado na mesma. O corpo que não aguento não espreitar.
Desencosto a porta e encontro Kira sentada num banco a lado do colchão, apoiada com os dois cotovelos no mesmo, séria e pensativa, talvez até esperançosa, observando Clayton.
-Trice. – Dá pela minha presença.
-Devias ir descansar. – Os sacos cheios debaixo dos seus olhos são observáveis a milhas.
-Não me peças para ir dormir quando há tanta coisa a acontecer... – Endireita-se, fechando os olhos e respirando fundo, deixando as mãos arrastarem-se desde os joelhos.
-Acho que não te posso censurar. - E atrevo-me a, pela primeira vez desde que aqui entrei, ver Clayton. O meu coração para por longos segundos, fazendo-me arrepender por não me ter conseguido conter-me e não ter descido as escadas pela alfombra até ao piso inferior.
-Ele é bonito. – Não tenho reação possível perante tal observação. - Como é que tu estás com tudo isto? – A sua mão agarra a minha, trazendo-me de volta à realidade. A realidade que eu queria que deixasse de ser a minha.
Encolho os ombros. – A tentar lidar um bocadinho melhor a cada dia que passa. – Tento esquivar-me ao assunto da melhor forma.
-Refiro-me a ele. – Ligo então o meu olhar ao da mulata, não sabendo o que é suposto responder à pergunta inesperada.
-Tal com tu. – Tento parecer menos aterrorizada do que estou com a falta do rapaz deitado a meu lado. – Acho que é difícil para todos...
-Beatrice, não me tentes enganar. – Aí, é-me difícil engolir ou proferir qualquer coisa. Não sei exatamente onde é que ela quer chegar, ao que me deixo silenciosa na defensiva. – Eu vi os vossos olhares de ontem. E de outras vezes... o que se passa entre vocês?
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the Contact
FantasyBeatrice Walker, uma estudante bem-sucedida e popular no seu grupo de amigos, prepara-se para o seu último ano na secundária de Misteroud Fells. Mas dentro da facilidade do dia-a-dia, ela tem de controlar o dom que nasceu no fruto da sua adolescênci...