Capítulo XXXIII - Celina

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  Edwin

O meu coração está numa confusão que não consigo controlar. Uma grande mistura de diferentes situações causa-me tal sentimento, que acaba por me deixar numa certa frustração comigo mesmo.

Guardo a chave do carro no bolso de trás das minhas calças e os meus pés percorrem a relva com alguma areia a surgir por baixo da mesma. O mar não está muito agitado, o barulho das ondas consegue quase ter um efeito de alívio em mim. Quase... Faço soar um bater na porta da cabana de madeira depois de atravessar um passadiço construído desde chão firme até a uma área composta apenas por areia.

-Edwin, mas que surpresa! Já com saudades?

-Eu quero ver o Clayton. – Ignoro qualquer coisa que Alina possa dizer. Perante a minha frase, perde todo o divertimento anterior.

-Ele não te quer ver.

-Perguntaste-lhe isso agora, foi? – E dito isto estou a entrar sem que ela me possa deter, porém fecha rapidamente a porta e vem logo atrás de mim.

-Edwin, vai-te embora. Eu não te quero perto dele.

Ignoro qualquer coisa que possa dizer, e numa questão de segundos todos os movimentos no espaço param, as respirações cessam, e acho que até o meu batimento cardíaco diminui consideravelmente quando, surgido da divisão a que me dirigia, vem Clayton. Vivo. Contrai os lábios e tem o corpo tenso. O contacto visual que faz comigo custa-lhe, consigo perceber isso facilmente. Ele quer desviar o olhar. Porém não o faz. E isso consegue deixar-me consideravelmente feliz, independentemente de tudo o que possa estar a separar-nos nestes momentos das nossas novas vidas.

-Olá Clayton. – Sinto algo dentro de mim, junto ao meu peito. É confortante. Mesmo que em caminhos opostos, nós conseguimos o que ambos queríamos para os dois: voltar.

Dá um leve acenar de cabeça do qual julgo nem ter noção e deixa a força que fazia entre os lábios para me falar, verdadeiramente, pela primeira vez em muitos anos.

-Olá Edwin.

Em seguida, acho que os nossos respirares profundos se juntam.

-O reencontro dos irmãos. Que coisa mais bonita... se há alguém a quem podem agradecer é a mim, e a melhor maneira de um de vocês o fazer era sair agora atendendo a que já não tem mais nada a fazer aqui.

Acho que pela primeira vez desde que apareci a olho diretamente nos olhos, com toda a ira a tomar conta de mim.

-O Clayton parece-me bastante melhor. Talvez, se essa fosse a sua vontade, o devesses deixar voltar para casa.

-O Clayton está bastante melhor porque esteve aqui e eu estive a cuidar dele.

-Bom, eu tenho um pressentimento de que se ele voltar, ele ficará bem ainda mais rápido!

-Quem diria... logo tu Edwin, que julgava que eras aquele a quem mais convinha tê-lo por longe. Afinal de contas, podias ter todo o tempo do mundo para reconquistar a Beatrice!

-Nem sequer te atrevas a nomear o nome dela.

-Chega. – Clayton interrompe-nos quando Alina já entreabria os lábios para contra argumentar. Ele ainda parece fraco e não me sinto de maneira alguma confortável em deixá-lo aqui por muito mais tempo, porque mesmo sabendo que Alina não lhe fará algum mal, sei que ele estaria mil vezes melhor ao pé de nós, mesmo que o tenha vindo a negar. – Eu estou bem aqui. A Alina tem cuidado bem de mim Edwin. – Ainda não consigo acreditar em nada do que me diz a favor de Alina, estando ele debilitado ou não. Sei que isto faz tudo parte de um plano seu para conseguir a confiança da mulher diante de mim.

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