Acordo com o som do despertador. Desligo-o e saio da cama animada. São 8h30. Visto o fato de treino cinzento e calço os ténis pretos. Apanho o cabelo num rabo de cavalo e desço para tomar o pequeno almoço.
-Bom dia Juliana. - cumprimenta o Renaldo depois de beber o seu café.
-Bom dia. Ahm... Podes chamar-me Ju a partir de agora.
-Claro. - ele sorri.
No final do pequeno almoço fomos até ao carro e ele leva-me para um lugar mais afastado. Não é suposto ser uma espécie de academia?
É desta que sou violada.
Começamos a aproximar-nos de um pavilhão. Mas porque é que é tão afastado? Saímos do carro e vamos em direção á porta.
-Lourenço! - o Renaldo chama enquanto abre a porta.
-Olá. - um rapaz alto e moreno aparece vestido com calças de fato de treino e uma t-shirt preta.
Consigo conter o sorriso que se estava a formar. Porque ele é giro e ao se aproximar percebo que tem olhos azuis. Dou-lhe uns 20 anos.-Eu tenho de ir trabalhar. O Lourenço leva-te a casa depois. Ok?
-Ok. - respondo baixinho. Ele despede-se com um beijo no topo da cabeça.
O tal Lourenço aproxima-se mais de mim e apesar de ele ser mais velho, a diferença das nossas alturas não é assim tão grande.
A minha boca dá-lhe no queixo.-Como é que te chamas? - ele pergunta.
-Juliana.
-Tens quantos anos?
-16
-Fizeste este ano ou ainda vais fazer 17?
-Ainda vou fazer 17.
-Ok, vamos começar. Quero que corras à volta do pavilhão durante 6 min sem parar. Começa. - wow a sua primeira ordem.
Algo me diz que vão ser muitas. Começo a correr pela imensidão do pavilhão com o olhar do Lourenço sobre mim.
Acabo os 6 min e estou muito cansada. Parece pouco, mas o pavilhão é enorme e pareceu uma eternidade. Também não estou acostumada a correr.
-Alongamentos. - outra ordem. Faço o que ele pediu. Pediu não, mandou.
Começo a alongar as pernas, depois os braços e no fim de alongar o pescoço o Lourenço manda-me repetir os golpes que ele ia fazendo.
Já são 13h e uma fome está a crescer dentro de mim. O Lourenço está a ensinar-me como dar um murro perfeito. Ele ainda não se deu conta de que está na hora de almoço.
-Agora repete. - ele manda.
-Ok espera. Quando é que tencionas ir almoçar.
-Que horas são? - ele olha para o relógio que está no seu pulso - Muito bem, repete o murro e depois vamos embora.
Faço o que ele manda e depois pego no meu casaco. O Lourenço tranca o porta depois de sairmos e leva-me até o seu carro.
O carro começa a andar pela estrada deserta e o silêncio torna-se constrangedor.-Como é que me saí? - quebro o silêncio.
-Hãn? - ele parece perdido, mas rapidamente se lembra - Áh sim. Muito bem para o primeiro treino.
Treino? Ele quis dizer aula? Certo?
Chegamos à casa do Renaldo e eu saio do carro depois de me despedir do Lourenço. Toco à campainha e a Jorgina abre a porta com um sorriso.
-Então como é que correu a aula? - ela dá-me passagem.
-Muito bem, para a primeira aula. Vou tomar um banho e já desço.
Estou a almoçar com a Jorgina e a falar sobre a minha primeira aula de luta. Desde que chegei aqui, ela tem sido muito simpática. Uma verdadeira amiga.
Ela é tão sorridente e tão querida comigo. Às vezes penso que ela tem uma irmã gémea guardada. Porque como é que é possível mudar de sorridente para séria tão rapidamente quando está na presença do Renaldo?
Pergunto-me se ele terá feito algo, ou se é ele que exige essa postura do empregados. De repente lembro-me de uma coisa.
-Posso fazer uma pergunta? - digo.-Essa conta? - ela brinca e eu rio.
-Não.
-Então podes.
-Quem é que te deu o teu nome? - ela gargalha
-Foram os meus pais. É a junção de Jorge e Regina.
-A sério? - ela continua a gargalhar. Uma gargalhada tão contagiante que começo a rir também.
Depois de comermos, ajudo-a Jorgina a lavar a louça. Alguém toca à campainha.
-Eu vou lá. - digo.
-Não. - ela parece alarmada e eu estranho - Eu vou lá. - ela força um sorriso e saí.
O que é que se passa? É só uma porta. Porque é que ela não me deixou abrir?
Curiosa, espreito pela porta da cozinha pra ver quem é e encontro a Jorgina a falar com um homem desconhecido por mim. Ele para quando me vê.
-Olá.- cumprimenta-me
-Olá. - falo tão séria quanto a Jorgina.
-Jorgina! Podes dar-me um copo de água? Por favor. - ele pede e a ela vem até à cozinha. - Tu deves ser a Juliana. Eu sou o Fernando. Um colega de trabalho do Renaldo.
A porta abre-se e o Renaldo entra. Ele olha surpreendido para o Fernando.
-O que fazes aqui? - ele pergunta. A Jorgina chega com o copo de água numa bandeja e leva até o Fernando que devolve o copo ao fim de beber.
-Podemos conversar? - pergunta o Fernando. O Renaldo assente e os dois vão em direção ao escritório que é de baixo das escadas.
Eu volto para a cozinha com a Jorgina.
-Vou deitar o lixo fora. Já volto. - diz ela enquanto sai pela porta traseira da cozinha com um saco preto na mão.
Aproveito o facto de estar sozinha e esquivo-me para perto da porta do escritório.
-Já te disse para não me procurares em minha casa. - o Renaldo parece zangado.
-Vim conhecer a tua recruta. - recruta? O Fernando disse recruta? - Já lhe contaste? Pela cara perece uma fera. Vai matar muitos.
Ele está a falar de mim? Eu vou matar muitos?
-Fala baixo. Não, não contei. Agora vai-te embora e não questiones.
Apresso-me a sair dali e a ir para a cozinha. A Jorgina já tinha voltado e estava à minha espera.
-Onde estavas? - ela pergunta séria.
-Fui à casa de banho. - ela olha-me desconfiada mas aceita a minha desculpa.
Recruta?
Matar muitos?
O que será que ela tem para me dizer?
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Olá pessoas...
Espero que tenham gostado do capítulo.
E se gostaram votem por favor...
Beijo!!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor E Pesadelo
ChickLitJuliana é uma adolescente que aos 16 anos é expulsa de casa pela própria mãe. Depois de uma noite na rua Juliana acaba por aceitar a ajuda de um desconhecido. Mais tarde ela descobre que esse homem é mafioso e que não tem outra opção a não ser torn...