Capítulo 3

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Acordo com o som do despertador. Desligo-o e saio da cama animada. São 8h30. Visto o fato de treino cinzento e calço os ténis pretos. Apanho o cabelo num rabo de cavalo e desço para tomar o pequeno almoço.

-Bom dia Juliana. - cumprimenta o Renaldo depois de beber o seu café.

-Bom dia. Ahm... Podes chamar-me Ju a partir de agora.

-Claro. - ele sorri.

No final do pequeno almoço fomos até ao carro e ele leva-me para um lugar mais afastado. Não é suposto ser uma espécie de academia?

É desta que sou violada.

Começamos a aproximar-nos de um pavilhão. Mas porque é que é tão afastado? Saímos do carro e vamos em direção á porta.

-Lourenço! - o Renaldo chama enquanto abre a porta.

-Olá. - um rapaz alto e moreno aparece vestido com calças de fato de treino e uma t-shirt preta.
Consigo conter o sorriso que se estava a formar. Porque ele é giro e ao se aproximar percebo que tem olhos azuis. Dou-lhe uns 20 anos.

-Eu tenho de ir trabalhar. O Lourenço leva-te a casa depois. Ok?

-Ok. - respondo baixinho. Ele despede-se com um beijo no topo da cabeça.

O tal Lourenço aproxima-se mais de mim e apesar de ele ser mais velho, a diferença das nossas alturas não é assim tão grande.
A minha boca dá-lhe no queixo.

-Como é que te chamas? - ele pergunta.

-Juliana.

-Tens quantos anos?

-16

-Fizeste este ano ou ainda vais fazer 17?

-Ainda vou fazer 17.

-Ok, vamos começar. Quero que corras à volta do pavilhão durante 6 min sem parar. Começa. - wow a sua primeira ordem.

Algo me diz que vão ser muitas. Começo a correr pela imensidão do pavilhão com o olhar do Lourenço sobre mim.

Acabo os 6 min e estou muito cansada. Parece pouco, mas o pavilhão é enorme e pareceu uma eternidade. Também não estou acostumada a correr.

-Alongamentos. - outra ordem. Faço o que ele pediu. Pediu não, mandou.

Começo a alongar as pernas, depois os braços e no fim de alongar o pescoço o Lourenço manda-me repetir os golpes que ele ia fazendo.


Já são 13h e uma fome está a crescer dentro de mim. O Lourenço está a ensinar-me como dar um murro perfeito. Ele ainda não se deu conta de que está na hora de almoço.

-Agora repete. - ele manda.

-Ok espera. Quando é que tencionas ir almoçar.

-Que horas são? - ele olha para o relógio que está no seu pulso - Muito bem, repete o murro e depois vamos embora.

Faço o que ele manda e depois pego no meu casaco. O Lourenço tranca o porta depois de sairmos e leva-me até o seu carro.
O carro começa a andar pela estrada deserta e o silêncio torna-se constrangedor.

-Como é que me saí? - quebro o silêncio.

-Hãn? - ele parece perdido, mas rapidamente se lembra - Áh sim. Muito bem para o primeiro treino.

Treino? Ele quis dizer aula? Certo?

Chegamos à casa do Renaldo e eu saio do carro depois de me despedir do Lourenço. Toco à campainha e a Jorgina abre a porta com um sorriso.

-Então como é que correu a aula? - ela dá-me passagem.

-Muito bem, para a primeira aula. Vou tomar um banho e já desço.

Estou a almoçar com a Jorgina e a falar sobre a minha primeira aula de luta. Desde que chegei aqui, ela tem sido muito simpática. Uma verdadeira amiga.

Ela é tão sorridente e tão querida comigo. Às vezes penso que ela tem uma irmã gémea guardada. Porque como é que é possível mudar de sorridente para séria tão rapidamente quando está na presença do Renaldo?

Pergunto-me se ele terá feito algo, ou se é ele que exige essa postura do empregados. De repente lembro-me de uma coisa.
-Posso fazer uma pergunta? - digo.

-Essa conta? - ela brinca e eu rio.

-Não.

-Então podes.

-Quem é que te deu o teu nome? - ela gargalha

-Foram os meus pais. É a junção de Jorge e Regina.

-A sério? - ela continua a gargalhar. Uma gargalhada tão contagiante que começo a rir também.

Depois de comermos, ajudo-a Jorgina a lavar a louça. Alguém toca à campainha.

-Eu vou lá. - digo.

-Não. - ela parece alarmada e eu estranho - Eu vou lá. - ela força um sorriso e saí.

O que é que se passa? É só uma porta. Porque é que ela não me deixou abrir?

Curiosa, espreito pela porta da cozinha pra ver quem é e encontro a Jorgina a falar com um homem desconhecido por mim. Ele para quando me vê.

-Olá.- cumprimenta-me

-Olá. - falo tão séria quanto a Jorgina.

-Jorgina! Podes dar-me um copo de água? Por favor. - ele pede e a ela vem até à cozinha. - Tu deves ser a Juliana. Eu sou o Fernando. Um colega de trabalho do Renaldo.

A porta abre-se e o Renaldo entra. Ele olha surpreendido para o Fernando.

-O que fazes aqui? - ele pergunta. A Jorgina chega com o copo de água numa bandeja e leva até o Fernando que devolve o copo ao fim de beber.

-Podemos conversar? - pergunta o Fernando. O Renaldo assente e os dois vão em direção ao escritório que é de baixo das escadas.

Eu volto para a cozinha com a Jorgina.

-Vou deitar o lixo fora. Já volto. - diz ela enquanto sai pela porta traseira da cozinha com um saco preto na mão.

Aproveito o facto de estar sozinha e esquivo-me para perto da porta do escritório.

-Já te disse para não me procurares em minha casa. - o Renaldo parece zangado.

-Vim conhecer a tua recruta. - recruta? O Fernando disse recruta? - Já lhe contaste? Pela cara perece uma fera. Vai matar muitos.

Ele está a falar de mim? Eu vou matar muitos?

-Fala baixo. Não, não contei. Agora vai-te embora e não questiones.

Apresso-me a sair dali e a ir para a cozinha. A Jorgina já tinha voltado e estava à minha espera.

-Onde estavas? - ela pergunta séria.

-Fui à casa de banho. - ela olha-me desconfiada mas aceita a minha desculpa.

Recruta?

Matar muitos?

O que será que ela tem para me dizer?

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Olá pessoas...

Espero que tenham gostado do capítulo.

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Beijo!!

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