Capítulo 25

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POV-Lourenço.

Ok. Agora que revejo o que aconteceu, percebo o quão estúpido eu fui. Mas foi a maneira que eu encontrei de acabar com aquilo. Porque se não, eu próprio não me ia controlar.
Não estava certo! E porquê que não estava certo se ambos somos livres e ambos sentimos atração um pelo outro?
É exatamente por isso. Eu gosto muito dela, mas muito mesmo. E se isto não resultar... Se eu a magoar ou algo assim, as coisas vão ficar estranhas!! Ela vai sair deste apartamento, e é capaz da nossa amizade acabar.

Não! Isso não pode acontecer!

Mas agora tenho de me concentrar em concertar esta burrada. Arhg!! Maldita a hora em que eu a beijei. Mas foi mais forte do que eu. Como quando ela me provocou com o soutien. Tive de me controlar para ela não se sentir assediada ou algo assim... Meu Deus porque é que é tão difícil?

Eu já não sei o que é que se passa. Só sei que ela está fechada no quarto por causa de uma coisa que eu disse sem pensar e sinto-me muito mas por isso.

-Ju... - bato à porta do seu quarto e espero que ela abra ou responda. Mas nada. - Ju, desculpa. Não era aquilo que eu queria dizer. É claro que ficaria contigo. Isto é... Se não fossemos melhores amigos. Mas nós somos melhores amigos. E é um pouco... - suspiro e encosto a testa na porta, porque não está a sair como eu planeei. As palavras estão a enrolar-se todas. - Abre a porta! Por favor! - digo simplesmente.

Oiço o som da fechadura, mas a porta não se abre. E por isso tenho receio em ser eu a abri-la. Mas mesmo assim, levo a mão à maçaneta e abro a porta devagar. Entro e vejo a rapariga sentada na cama com uma expressão neutra. Não sei se está zangada,...

Sento-me à sua frente, então afundo-me no seu olhar neutro e negro. E lá dentro vejo que ela está magoada pelas minhas palavras. O que faz o meu coração cair e partir-se em pedacinhos.

-Desculpa. - peço mais uma vez, mas ela permanece calada e com os olhos em mim. O que é realmente assustador. Visto que os seus olhos são pretos e ela ainda não piscou desde que eu me sentei. Como é que ela faz isso? Lourenço não te distraias. Resolve a situação!

-Juliana és a minha melhor amiga. Tens ideia do quão estranho isto se está a tornar? Eu só tentei evitar que algo mais acontecesse. E acabei por não usar as palavras certas. Perdoa-me! - ela pisca os olhos e sai da sua posição de estátua levando os joelhos ao peito e abraçando as suas pernas.

-Está tudo bem Lourenço. - ela liberta a voz finalmente. Sinto-me verdadeiramente alíviado.

-Podíamos sair daqui. Preparar o almoço...

-Fingir que nada disto aconteceu.
-Não vamos fingir.

-E fazemos o quê? Ambos sabemos que não podemos prometer que não vai voltar a acontecer. Porque vai. - eu não sei o que dizer ou o que fazer. O meu telemóvel toca no bolso das calças e o nome Sarah brilha na tela. Engulo em seco.

-Quem é? - a Juliana pegunta.

-Tenho de ir atender. - saio do quarto fechando a porta e entrando no meu logo depois. Deslizo o dedo pelo ecrã para atender a chamada.

-Já te pedi para não ligares. Manda mensagem!

-Lourenço, desculpa. - a sua voz transmite culpa. - Mas eu preciso que venhas cá outra vez.

-O quê? Porquê?

-Preciso de ti. Aqui. Agora! - a sua voz tornou-se mais autoritária e e ergui uma sobrancelha revirando os olhos a seguir - O queres correr novamente o risco da Juliana ver uma mensagem minha? A escolha é tua!

-Ok, eu vou. Espera por mim aí. - suspiro derrotado. - Até logo.

-Até logo. - desligo a chamada. Era só o que me faltava, a Juliana por um fio comigo e eu tenho de sair. Volto para o quarto da Juliana onde ele continua sentada a brincar com os dedos. Entro com cara de culpado.

-Juliana? - ela olha para mim - Eu tenho de sair.

-Ok. - hãn?

-Tudo bem?

-Sim. Tudo bem. Vai! - sem perguntas? Sem um olhar furioso? Sem nada? Estranho...

Vou para o meu quarto e troco de roupa para calças de ganga e uma camisola cinzenta. Visto o casaco e calço os sapatos. Pego no meu telemóvel e quando saio do quarto vejo a Juliana a colocar os sofás no lugar.

-Tenho de ir.

-Ok. Vais demorar?

-Não sei. Até logo. - ela está estranhamente calma com isto.

-Até logo. - ficamos a olhar um para o outro por alguns segundos. Como se faltasse alguma coisa. Mas nenhum de nós faz nada. Então eu sinto uma súbita vontade de ir até ela. Mas as coisas entre nós já estão frágeis o suficiente, por isso limito-me a sair dali.

POV-Juliana

É claro que tenho perguntas. Aquelas mesmas perguntas. Mas para quê fazê-las se ele não mas vai responder? Eu sei muito bem que ele foi ter com a Sarah. Se isso me irrita? Sim. Muito.

Mas eu também tenho de sair, por isso...

Entro no meu quarto e troco de roupa para calças de ganga e uma camisola branca com pintas pretas a formar as letras WTF. Adoro-a. Comprei-a na semana passada quando passei por uma loja com o Lourenço. Ela estava num manequim a olhar para mim e eu não resisti. Sim, já sei. Branco e preto, outra vez! Mas o que posso fazer se são as cores que chamam a atenção?

Calço os sapatos, visto o casaco pego na minha bolsa preta com a carteira lá dentro, enfio as chaves e o telemóvel lá para dentro e saio de casa. Ainda me lembro da caminhada para o shopping.

Enquanto desço pelo elevador penso no presente do Lourenço. O que é que lhe devo comprar? Não faço ideia. Que horror!! Ele é o meu melhor amigo e eu praticamente não o conheço. Não sei do que é que ele gosta. Só sei que gosta de azul escuro...

Amor E PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora