Capítulo 4

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Estou a jantar com o Renaldo naquela enorme mesa de vidro. É melhor não falar nada sobre aquela história de recruta e matar muitos. Não me parece boa ideia perguntar. Ainda que esteja muito curiosa.

-Como é que correu a tua primeira aula? - pergunta ele tirando-me dos meus pensamentos.

-Muito bem. Obrigada outra vez. - acabo de comer e ele também.

-De nada. Não te esqueças amanhã à mesma hora.

-Ok.

-Vou subir. Boa noite.

-Boa noite. - ele levanta-se e vai em direção às escadas. A Jorgina aparece para retirar os pratos e eu ajudo-a.

Depois lavamos a louça sempre sem dizer nada.

-O que é que se passa? - a Jorgina quebra o silêncio - Estás assim desde que o Sr. Fernando esteve aqui.

-O quê? Não. Não se passa nada. - ela para o que está a fazer e olha para mim.

-Estiveste a ouvir atrás da porta? - o meu coração para. Ela viu?

-Achas? - digo numa tentativa de que ela se cale.

-Juliana... - olho para ela e ela olha para mim como quem diz : "Achas que vou acreditar?"

-Ok, ouvi uma coisa. - o seu olhar muda para : "Não devias ter feito isso."

-O que é que ouviste?

-Ouvi a palavra recruta. - ela arregala os olhos, mas não parece surpreendida.

-É melhor ires para a cama.

-Ok. Boa noite.

-Boa noite. - seco as mãos e vou para o quarto. Visto o pijama e deito-me na cama. Não demoro muito a adormecer.

Acordo com o despertador a tocar. Saio da cama, visto o fato de treino, calço os ténis, apanho o cabelo num rabo de cavalo e vou até à casa de banho.

Desço as escadas e vejo a Jorgina a falar com o Renaldo que está sentado à mesa a tomar o seu pequeno almoço. Os dois calam-se quando me vêem. Será que... Não ela não faria isso? Faria?
Será que ela lhe contou a cerca de eu ter ouvido a conversa?

-Bom dia. - diz o Renaldo e a Jorgina permanece séria.

-Bom dia. - sento-me à mesa com ele. Ok parece que está tudo normal.


Estou a correr naquele enorme pavilhão, mas desta vez não são 6 min. São 8 min. Sinto-me realmente cansada e tenho vontade de parar.

-Podes parar! - o Lourenço grita.

Paro de correr e vou em direção a ele. Estou aliviada. Parece que ele me leu os pensamentos.

-Agora alongamentos. - reviro os olhos e faço o que ele manda.

Enquanto alongo, ele enrola uma espécie de cinta acolchoada na cintura. Acabo os alongamentos e olho para ele com o sobrolho franzido. Ele abre as pernas e agacha-se ligeiramente cruzando os braços.

-Chuta! - ele manda.

-O quê? - fico pasmada. Ele quer que eu o chute?

-Para treinar os teus pontapés. Chuta! - desloco-me para o seu lado para lhe dar um pontapé, mas ele impede-me. - O que é que estás a fazer?

-Não disseste para chutar? - estou confusa.

-Sim, mas de frente. Murro, pontapé na lateral, perna atrás.

Amor E PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora